A mais nova aposta da Bandai, Synduality: Echo of Ada, busca explorar um gênero de jogos que ainda não possui um título de grande impacto — um jogo de renome que seja instantaneamente associado ao gênero quando mencionado. Exemplos de títulos que se consolidaram como referências em seus respectivos nichos incluem League of Legends para o gênero MOBA, Counter-Strike para o FPS tático e, mais recentemente, Marvel Rivals para o gênero hero shooter. São jogos que conquistaram seu espaço e, atualmente, são praticamente indiscutíveis em suas categorias.
Enquanto algumas empresas tentam disputar esses mercados já dominados, outras preferem apostar em segmentos menos explorados ou com menor concorrência. É justamente essa a estratégia da Bandai. O gênero de extração — baseado em enviar jogadores para mapas repletos de recursos, mas com o risco de perderem tudo durante a jornada — ainda está em fase de consolidação. Nesse contexto, Synduality: Echo of Ada tenta se estabelecer como a grande referência do gênero.
O jogo apresenta uma premissa intrigante: em um futuro distante, a humanidade foi quase extinta por uma chuva corrosiva capaz de destruir tudo o que toca. Os poucos sobreviventes se refugiaram no subsolo e desenvolveram as Cradle Coffins, enormes máquinas resistentes à chuva, operadas por pilotos treinados para explorar a superfície em busca de recursos essenciais para a sobrevivência da humanidade.
Com essa proposta promissora, será que Synduality: Echo of Ada realmente vale a pena? Confira nossa análise completa!
Sobrevivendo ao fim do mundo
Um jogo de extração segue um loop de gameplay simples: vá até um determinado mapa, reúna o máximo de recursos possível e, acima de tudo, não morra no processo. Para que essa mecânica funcione de maneira envolvente, diversos elementos precisam estar bem integrados, garantindo que o jogador se sinta apenas mais um explorador no mundo — e não uma entidade invencível e imparável, livre de qualquer ameaça. Synduality: Echo of Ada entrega essa sensação de maneira bastante interessante.
Apesar de estar dentro de um mecha com mais de meia tonelada de aço protetor e imune à chuva letal que devasta a superfície, não espere pilotar uma máquina sobre-humana capaz de planar, destruir tudo à sua volta e sair ileso. Mesmo com essa camada de proteção, você continua sendo vulnerável, assim como qualquer ser de carne e osso.
Além de possuir uma movimentação mais limitada, seu Cradle Coffin também conta com diversas restrições para tornar a jogabilidade mais estratégica. Como o gênero sugere, você deve extrair recursos da superfície, principalmente os AO Crystals, que representam a principal moeda do jogo. No entanto, há um fator crucial: o peso do seu inventário. Quanto mais recursos coletados, mais pesado o mecha se torna, reduzindo ainda mais sua mobilidade — que, por si só, já não é das melhores. Isso faz com que cada expedição se torne cada vez mais arriscada.
E os riscos são muitos. O mundo está infestado pelos Enders, criaturas hostis que atacarão ao menor sinal de sua presença. No entanto, a maior ameaça na superfície não são os monstros, mas sim outros jogadores. Assim como você, eles também estão em busca de recursos e farão de tudo para garantir sua sobrevivência. Durante minhas partidas, encontrei alguns jogadores e, de todas as interações, apenas uma não resultou em confronto. Nós nos encaramos por alguns segundos e seguimos caminhos opostos — um raro momento de trégua em meio ao caos.
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Ao remover a sensação de invencibilidade do jogador, Synduality torna cada decisão crucial. No entanto, isso não significa que você está condenado a ser uma vítima indefesa. O jogo oferece um arsenal variado para que os jogadores possam se defender tanto dos Enders quanto de outros exploradores. Rifles de assalto, escopetas, explosivos arremessáveis e minas terrestres estão à disposição para garantir sua sobrevivência. O grande desafio, no entanto, é administrar o peso do seu Cradle Coffin, pois, no final das contas, o objetivo principal continua sendo trazer os AO Crystals de volta à base.
Entre acertos e tropeços
Synduality: Echo of Ada acerta em muitos aspectos. Tudo o que foi mencionado até agora contribui para que ele se encaixe perfeitamente no gênero de extração. Somente por esses acertos, já seria uma recomendação imediata para qualquer jogador que aprecia uma boa experiência multiplayer PvPvE. No entanto, nem tudo são flores.
O jogo apresenta problemas gráficos notáveis. O mapa sofre com texturas quebradas e, em diversas ocasiões, meu Cradle Coffin ficou preso no “nada”, apenas para se liberar alguns segundos depois. Embora não seja um bug que torne o jogo injogável, a frequência com que isso aconteceu durante minhas partidas foi frustrante.
Atualmente, o jogo conta com dois mapas, ambos bastante vastos. Além do objetivo primário de coletar recursos, há diversas missões periódicas que oferecem novos desbloqueios, como o acesso ao menu de crafting. Algumas dessas missões também concedem recompensas em dinheiro, que podem ser gastas na loja para adquirir recursos variados, desde munição e kits de reparo até melhorias para os Cradle Coffins.
O combate, por sua vez, apresenta um conjunto misto de qualidades e problemas. Apesar de sua estrutura funcionar bem na teoria, me deparei com diversas falhas frustrantes. Em algumas situações, meus disparos não registravam em outros jogadores, mesmo quando eu tinha certeza absoluta de que deveria ter acertado. Além disso, algumas armas pareciam não ter qualquer impacto nos Enders, permitindo que os monstros avançassem implacavelmente em minha direção, mesmo sob uma enxurrada de balas.
O MAGUS, seu companheiro de IA, possui uma habilidade especial que pode ser utilizada ocasionalmente para auxiliá-lo em combate. No entanto, o tempo de recarga é tão longo que seu uso se torna quase irrelevante. Acabei recorrendo a essa habilidade apenas para cumprir missões específicas, e não como um recurso essencial durante os combates.
E ai? Synduality: Echo of Ada vale a pena?
Synduality: Echo of Ada é uma aposta ousada da Bandai Namco. Suas ideias e conceitos são sólidos e bem estruturados, com uma clara identidade sobre o que o jogo quer ser. Ele evita o erro comum de misturar elementos de diferentes gêneros que não se comunicam bem entre si. No entanto, apesar dessa base promissora, ainda há muito a ser refinado, especialmente no quesito gráfico.
Embora apresente boas ideias e algumas execuções bem-sucedidas, Synduality também tropeça em diversos aspectos, resultando em uma experiência incompleta. Talvez, com futuras atualizações e melhorias, ele possa se transformar em um título realmente memorável. No entanto, no estado atual, o jogo ainda vive no “se” e “quando”, sem alcançar o tão esperado “agora vai”.
Outro ponto que pode afastar alguns jogadores é a ausência total de localização para o português do Brasil. Sem suporte para o idioma — seja na interface ou na dublagem —, o acesso ao jogo se torna mais difícil para quem não tem familiaridade com o inglês.
Agradecemos à Bandai Namco por fornecer uma cópia para review, realizada no PlayStation 5.
O Review
SYNDUALITY: Echo of Ada (PS5)
Synduality: Echo of Ada é uma aposta ousada da Bandai Namco, trazendo boas ideias e uma base bastante promissora, mas ainda carece de refinamento. A jogabilidade e o combate PvPvE são pontos positivos, mas os diversos problemas que o jogo tem prejudicam bastante a experiência.
PRÓS
- Boa premissa
- Sistema de loot bem feito
- Visual dos mechas é ótimo
CONTRAS
- Bugs frequentes na movimentação
- Loop de gameplay pode ser repetitivo para alguns
- Existem alguns problemas de conexão frequentes no jogo