Análise | Cassette Beasts

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A nostalgia é uma ferramenta poderosa que consegue trazer à tona memórias de momentos que muitas vezes esquecemos, além de provocar uma explosão de sentimentos inexplicáveis. Cassette Beasts, o novo título da Raw Fury, sabe disso e a utiliza de maneira magistral ao remeter à icônica era do Walkman, que marcou a vida de muitos jovens ao redor do mundo.

Cassette Beasts é um jogo de RPG por turno 2.5D que tem como principal diferencial a captura e treino de criaturas chamadas “monstros”, bebendo muito da fonte de títulos como Pokémon e Digimon, mas com muitas diferenças que o tornam um game único e digno de sua atenção. Ficou curioso? Venha comigo que vou te contar um pouco mais sobre essa surpresa indie de 2023!

Uma bizarra história colorida

Cassette Beasts se passa em New Wirral, uma ilha remota habitada por criaturas estranhas saídas dos sonhos e pesadelos dos habitantes. Os habitantes dessa ilha vem de vários planetas e dimensões diferentes, não sabem como chegaram ali e muito menos como sair.

Porém com o passar do tempo, descobriram que podiam combater tais criaturas, usando de toca-fitas que os possibilitavam se tornar monstros também, lutando de igual a igual com tais criaturas. Você é mais um que chegou do planeta terra até New Wirral, e é abordado por um “arcanjo” seres considerados míticos e poderosos.

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Que lhe diz que para voltar para casa, você precisa reunir 12 fragmentos de músicas dos 12 arcanjos restantes, par assim abrir o túnel extra-dimensional e assim retornar para o seu lar. Apesar do curto resumo, não se engane, pois a história não é nada simples e eu me surpreendi em acreditar que seria infantil.

Claro que é repleta de brincadeiras e momentos extremamente engraçados, mas temas como abandono, fanatismo religioso e até mesmo depressão, são alguns dos assuntos abordados por Cassette Beasts.

Anos 80, 90 e 2000! Uma mistura divertida

O universo de Cassette Beasts é uma grande homenagem ao passado, em especial às décadas de 80, 90 e 2000. Filmes, músicas, objetos e até mesmo “memes” que marcaram essas épocas serviram de inspiração para os desenvolvedores criarem um mundo único e cheio de referências que remetem à nossa infância.

Logo no início do jogo, a palavra “Cassette” no título já chama a atenção por fazer referência ao videocassete, que foi muito popular no início da década de 80 e se tornou item obrigatório em muitas casas brasileiras, influenciando a evolução tecnológica. Mas as referências não param por aí: quando o personagem recebe o toca-fitas, a referência é clara, certo? O Walkman foi o símbolo da música na época, utilizado para reproduzir as famosas fitas que podiam ser usadas tanto para gravar músicas quanto filmes.

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A construção do mundo de Cassette Beasts é genial. As cores, roupas, personagens e até mesmo os monstros foram pensados para compor essa grande homenagem. Enquanto você explora os inúmeros segredos em diversos biomas e enfrenta uma enorme variedade de inimigos, as referências explodem na tela. O mais legal é que nós, brasileiros, fomos presenteados com uma tradução incrível que introduz memes clássicos da nossa cultura e até mesmo dialetos, como o mineiro “cê”.

Não foi uma, nem duas e muito menos três vezes que eu me peguei abismado com a dedicação dos desenvolvedores em criar referências. Durante os combates, os nomes dos ataques, as animações, os tipos dos monstros, efeitos de batalhas e itens de suporte, a todo momento me pegava pensando: “De onde eu conheço isso?”

Cassette Beasts foi construído como um quebra-cabeça, com peças de diversos outros quebra-cabeças que, no final, se encaixaram de maneira harmônica e deram base para um título inesquecível.

Pokémon em fita, quem diria?!

Muitas vezes, o gênero de captura de criaturas sofre com um problema grave: a falta de identidade. Por ser inspirado principalmente na saga Pokémon, muitos títulos desse tipo não buscam inovar em suas mecânicas e acabam sendo apenas mais um no meio de vários “clones” da saga da Nintendo.

Felizmente, Cassette Beasts está longe de ser apenas mais um. Isso começa pelo já comentado universo, que garante a ele uma identidade nunca vista no gênero. Agora, quando a jogabilidade entra em cena, é que conhecemos o motivo de querer jogar Cassette Beasts. Para começar, comparações são inevitáveis e, nesse caso, necessárias para entender um pouco mais facilmente da complexidade que é o sistema de jogabilidade de Cassette Beasts.

Cassette Beasts

No início do jogo, somos apresentados aos comandos básicos: conseguimos andar, correr (por um curto período de tempo), pular, planar, mover objetos (essencial para completar os puzzles ao redor do mapa) e interagir com personagens e objetos. À medida que progredimos na campanha, descobrimos mais sobre o mapa de Cassette Beasts, que, modéstia à parte, não é muito grande, mas é repleto de cavernas, estações de trem e locais secretos. Com isso, aprendemos novas habilidades necessárias para a progressão da campanha.

Como mencionado antes, o sistema de combate é por turno, bem no estilo de Pokémon. Cada monstro tem sua tipagem, que vai desde besta a glitter. Se quiser conferir a lista completa, deixarei o link para a wiki, que servirá como um guia muito útil durante a jogatina. Durante o combate, todos os elementos conversam entre si, desde a tipagem do seu monstro até os ataques que combinados podem gerar uma gama gigantesca de efeitos, que podem ajudar ou prejudicar o jogador.

Confesso que isso me assustou. Cassette Beasts se destaca de outros títulos genéricos do gênero por ter uma dificuldade extremamente elevada. Foram incontáveis as vezes que morri por movimentos errados ou por conta de inúmeros efeitos ativos ao mesmo tempo.

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Agora, se você está achando que só terá um monstro para usar em batalha, está muito enganado, pois o maior diferencial de Cassette Beasts se chama fusão, sim, o sonho dos fãs de Pokémon.

Explorando o mapa, você encontra diversos monstros das mais diversas espécies, e você não possui Pokébolas. Aqui você usa fitas, sim, de diversas qualidades, que quanto mais raras, mais fácil fica de capturar os monstros. Durante a batalha, você sai de sua forma monstro e começa o processo de captura, que, com seu companheiro, ataca o monstro desejado, diminuindo sua vida e aumentando as chances de captura.

Durante as batalhas, você sempre irá batalhar com um companheiro que, com o passar do andamento da campanha e afinidade, será desbloqueada a fusão, onde ambos os personagens unem seus monstros e viram uma criatura única, abrindo ainda mais o leque de possibilidades na hora do combate.

Músicas e gráficos com sabor de nostalgia

Quando comecei a jogar Cassette Beasts, confesso que estranhei um pouco os gráficos. Eles eram muito diferentes do convencional, trabalhando com uma mistura de 3D com 2D que dava a sensação de profundidade. Porém, a câmera ficava fixa, movendo-se apenas quando necessário, o que me remeteu diretamente aos RPGs clássicos.

Mas depois de um tempo jogando, comecei a gostar bastante dos modelos e das cores. Percebi que minha estranheza não era com os gráficos, mas sim com a câmera, que dificultava a visão. No entanto, com o tempo, tudo se mostrou questão de costume e adaptação.

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As músicas são um charme à parte. Diferentemente de outros elementos que apelam para a nostalgia, tive a impressão de que muitas melodias são uma mistura de batidas do começo da internet com melodias conhecidas de animes e outros desenhos animados.

Mas como muitas músicas não têm letra, não consegui reconhecer se já eram músicas lançadas anteriormente ou se foram feitas exclusivamente para o título. Porém, independentemente disso, a trilha sonora é extremamente envolvente e encaixou perfeitamente.

Nem tudo é doce

Apesar de todas as qualidades apresentadas e elogios dados, existem pontos que precisam ser melhorados, principalmente na parte técnica, que infelizmente deixa bastante a desejar. Houve quedas de FPS em alguns momentos e diversas vezes o jogo simplesmente fechou.

Acredito que talvez seja alguma configuração do meu notebook que possa ter atrapalhado, mas se houver reclamação de outros jogadores, os desenvolvedores terão que fornecer um patch de correção. Confesso que às vezes foi meio frustrante no meio de uma batalha importante o jogo simplesmente fechar, e eu ter que refazer todo o processo novamente para poder continuar a história.

Apesar disso, não encontrei outros problemas técnicos em Cassette Beasts. A jogabilidade, a parte sonora e gráfica não apresentaram bugs.

Vale a pena jogar Cassette Beasts?

Claro que sim, disso eu não tenho dúvidas! Cassette Beasts é uma enorme surpresa e um presente para todo gamer que nasceu na década de 80, 90 ou 2000. Além de divertir com as inúmeras referências e segredos colocados pelos desenvolvedores, você encontrara uma experiência que ao mesmo tempo é desafiadora e recompensadora, pois cada quadrado explorado desse mundo é um sorriso no rosto.

nota final

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