Eu era um garoto de 5 anos quando ganhei um PlayStation 1 do meu pai. Assim como muitos outros, ele estava desbloqueado e tinha inúmeros jogos, mas um deles se destacava: Digimon World.
Inicialmente, não entendi nada, achei confuso e não sabia o que fazer, mas uma coisa era fato: tudo aquilo era magnífico na minha cabeça de criança. Tudo ficou ainda melhor quando comecei a ver animes na televisão, especificamente no Cartoon Network. Foi nesse período que conheci seu “rival”, Pokémon, e as duas séries tomaram meu coração.
Entre animes e jogos, essas duas sagas me acompanharam por anos, entre emuladores e consoles. No entanto, hoje meu foco é em Digimon, especificamente em Digimon World: Next Order, um remake do clássico de PlayStation 1, lançado originalmente em 2016 para PlayStation 4 e PlayStation Vita e que agora ganhou ports para o PC e Nintendo Switch.
Ficou curioso para saber como está o jogo? Fique comigo que eu conto detalhadamente sobre essa aventura digital. Vamos assistir à abertura!

Estamos no Digimundo
Digimon World: Next Order é um jogo de RPG de ação que apresenta uma história simples, porém envolvente. A trama começa com a escolha de alguns tamers para salvar o Digimundo de uma grande crise causada pelos Machinedramon, que estão espalhados por toda a região.
Sua principal missão é reunir todos os Digimon que estão espalhados pelo mundo digital e levá-los para a cidade de Floatia. Para isso, você terá que cumprir diversos pedidos que funcionam como quests secundárias para recrutá-los para sua aldeia.
A aventura começa com a escolha do seu Digimon bebê e, em seguida, você deve treiná-lo até que ele evolua para um Rookie. Depois disso, você terá a liberdade para explorar o Digimundo, repleto de inimigos e ameaças.
A premissa é extremamente simples e genérica, assim como o anime. No entanto, a execução é única e profunda.

Digimon digitais são campeões
Agora que o título fica interessante! Apesar de a história não ser das melhores, a jogabilidade é viciante. Não é a melhor do mundo e nem de longe a mais fluida, mas os sistemas e mecânicas ao estilo Animal Crossing me fizeram perder horas cuidando de Tamagotchis gigantes.
Quando você chega a Floatia, percebe que a cidade está vazia, com poucos habitantes e poucas atividades a serem feitas. Sua missão é reencontrar diferentes espécies de Digimon e convencê-los a retornarem à cidade, desbloqueando assim novas mecânicas.
A primeira comparação que fiz com os jogos anteriores foi a complexidade das mecânicas. Aqui, seus dois parceiros têm necessidades básicas como comer e ir ao banheiro, mas também podem ficar cansados, doentes, machucados e sonolentos com pirraça. Tudo deve ser observado com atenção.

Falando nisso, você precisa treinar seus Digimons para que eles possam evoluir. No entanto, se você acha que é parecido com Pokémon, com uma linha evolutiva definida, está muito enganado. Cada Digimon pode ter até seis estágios evolutivos com quatro ou cinco variações. E prepare-se, pois você irá se frustrar bastante ao não conseguir que aquele Agumon vire um Greymon.
A diversidade de espécies é enorme. São mais de 300, contando as evoluções. Diferente de Pokémon, aqui você só pode ter dois companheiros por vez. Mas é possível começar de novo por meio de uma mecânica chamada “reviver”, onde o Digimon morre e renasce com bônus de status, podendo escolher entre diversas opções de ovos, cada um levando para uma gama de oportunidades.
Digimon World: Next Order é repleto de sistemas que precisam ser aprendidos para avançar na história. A frustração irá fazer parte do processo, pois a dificuldade não é punitiva, mas sim disciplinadora para que o jogador aprenda tudo que o jogo tem a oferecer.

Nem tudo são flores em Digimon World: Next Order
Apesar da jogabilidade extremamente divertida e desafiadora, existem diversas melhorias de qualidade de vida que poderiam ser feitas a fim de otimizar a jogabilidade. Falo isso porque demorei 40 horas para zerar a campanha que poderia ter sido concluída em 20.
O primeiro grande problema que encontrei em Digimon World: Next Order foi a falta de fast travel. O mapa é gigantesco e seccionado por áreas, e você é obrigado a pagar uma quantia relativamente alta para viajar para algum lugar.
Falando em pagar, que digimons mercenários! Ninguém faz uma boa ação, e para qualquer coisa que você precise, é preciso pagar uma quantia que não é barata. Uma das coisas que mais me deixou irritado foi o médico da cidade. Seus digimons ficarem doentes ou machucados não é raro, e medicamentos e curativos são escassos de serem encontrados. O médico se torna essencial, entretanto ele cobra para curar, e após você pagar, ele não regenera sua vida. Ele simplesmente cura a doença, sem condições.
Eu poderia continuar citando aqui milhares de outros problemas que encontrei com o título, mas são coisas que me incomodaram e que podem não incomodar você. Por isso, vou deixar a seu critério.

Execução técnica duvidosa
Essa questão é complicada. Digimon World: Next Order foi lançado inicialmente em 2017. Naquela época, os gráficos estavam longe de serem considerados bons. PlayStation 2 tinha jogos com gráficos melhores. Porém, o foco desses títulos nunca foi a qualidade gráfica. Mas, em alguns momentos, dói aos olhos é inquestionável.
Com relação à dublagem, é aceitável. Alguns barulhos extremamente irritantes me lembravam dos Tamagochis. E as músicas são um show à parte. Nostálgico é a carta na manga. Quando tocaram a abertura de Digimon Fusion, cheguei a chorar lembrando da minha infância assistindo ao anime.
Surpreendentemente, não enfrentei problemas técnicos. Sem quedas de FPS ou bugs gráficos. O título é extremamente leve. Não pesa nem 6 GB e consegue rodar até no notebook da Xuxa.
Vale a pena jogar Digimon World: Next Order?
Depende muito da sua relação com a saga Digimon. Se você nunca jogou nada antes, recomendo outros títulos mais simples primeiro, pois a complexidade encontrada aqui pode assustar jogadores inexperientes. Mesmo na dificuldade mais simples, as batalhas são desafiadoras e a derrota aqui pode ser extremamente frustrante.
Porém, se você já está familiarizado com a saga e quer uma experiência única, este título é para você. Diferente das últimas empreitadas da saga, este segue um modelo clássico vindo do PlayStation 1 e pode se tornar nostálgico para muitos, assim como eu, que puderam experimentar o clássico.
