É o que faltava na franquia!!
A franquia Final Fantasy é uma das icônicas franquias que todo mundo já jogou, ou ouviu falar, ou já teve contato com algo da saga. A história de uma saga que começou em 1987, quando o lendário Sakaguchi criou toda uma fantasia para os jogadores, que se apaixonaram pela primeira vez por aquele universo de fantasia.
Bem, não é à toa que é uma das séries mais antigas dos games e vive até os dias de hoje, sempre inovando ou tentando. Existem acertos e erros ao longo dos mais de 35 anos da saga, e ao todo foram cerca de 19 jogos da linha principal e mais alguns outros lançados para agregar ao universo.
A série possui 35 anos de relacionamento com os jogadores, e quando se está em um relacionamento por tanto tempo, algo tem que ser mudado. Não é à toa que um RPG de turno se transformou em RPG de Ação ao longo desses anos, e agora a saga dá um salto e consegue transcender com Final Fantasy XVI.
Final Fantasy XVI consegue trazer a mudança que a série precisava, mas ainda consegue emocionar como os outros títulos icônicos da saga. O novo game consegue carregar o fardo de 35 anos e ainda inova em seu combate, trazendo agora o controle dos famosos Summons aos jogadores, que podem se deleitar nas batalhas icônicas dos gigantes.
Além disso, seu combate se remete principalmente a “Devil May Cry”, ainda mais se tratando de Ryota Suzuki, designer de combate de franquias de peso, como Devil May Cry 5, Dragon’s Dogma e Monster Hunter, que foi convocado para dirigir o embate em Final Fantasy XVI, que se tornou a sua “Obra Prima” – trataremos disso mais adiante.
Além do mais, o novo game da Square Enix como sempre consegue fazer uma crítica muito assertiva ao “governo”, que no caso seria o Império e o peso que isso tem, que ressoa até os tempos atuais e consegue trabalhar muito bem sua narrativa a lá “Game of Thrones” e “Attack on Titan” no jogo.
É uma narrativa simples, mas feita com coração!!
Em um mundo em guerra, conseguimos conhecer a história do reino de Grão-Ducado de Rosaria, que, em meio ao caos, se aprofunda na história de seus personagens, um deles sendo o nosso protagonista, Clive Rosfield.
Bem, como foi mostrado um pouco na demo, a guerra se dá em meio à falta de recursos, como os Cristais-Máter, que teriam o Éter, o qual dá vida ao mundo e que desta vez passa a ser o ponto central da narrativa. Por sua vez, encontra-se em falta, levando assim as nações de Valisthea a batalharem entre si para proteger seus escassos recursos, enquanto a praga avança.
Em meio a isso, Clive Rosfield, para se redimir de não herdar o domínio de sua casa, no caso a Fênix, passa a dominar sua lâmina para proteger seu irmão mais novo, Joshua, então herdeiro das chamas da Fênix, sendo assim o único Eikon de fogo.
Nosso protagonista então tem a motivação de proteger seu irmão, mas como foi mostrado na demo, infelizmente, os planos são frustrados com uma traição, estilo “Game of Thrones”, em que a Duquesa Anabella trai seu reino, esposo (Elwin) e filhos (Clive e Joshua) em conspiração com o Império com o objetivo de eliminar os dominantes e portadores do mundo.
Em meio a esse turbilhão, Clive Rosfield passa a ser um marcado (portador) e por anos carrega o desejo de vingança pela morte de seu irmão por um suposto segundo Eikon de fogo.
Após anos alimentando essa vingança, Clive alia-se a “rebeldes” que ajudam e protegem tanto os dominantes como os portadores, que são considerados lixos para a sociedade e são apenas usados, maltratados e explorados.
Os dominantes seriam pessoas com poderes especiais para exercer o poder de um Eikon, que seriam as invocações do mundo de Final Fantasy XVI e seriam peões na estratégia de guerra das nações. Os portadores seriam aqueles que portam a magia e conseguem manipular essa magia e ambos são temidos por algumas nações, exceto o Grão-Ducado de Rosaria, que trata seus dominantes e portadores como pessoas normais.
Portanto, além de sua motivação de vingança, o protagonista passa a lutar por um mundo melhor, onde as pessoas possam viver do jeito que desejarem, o que leva a inúmeras reviravoltas na narrativa e momentos memoráveis para os jogadores.
Vale ressaltar que a narrativa também trata do crescimento de Clive e das pessoas ao seu redor, uma coisa que o jogo soube trabalhar bem foi cada história dos personagens, cada dominante, portador e companheiro ao longo da jornada de Clive. Ali está o coração de FFXVI.
Reinos de Valisthea
Valisthea se divide entre dois continentes: o continente de Cinza (‘Ash’), a leste, e o continente de Tormenta (‘Storm’), a oeste. Além disso, possui cerca de 6 reinos: o Grão-Ducado de Rosaria, o Sacro Império de Sanbreque, o Reino de Waloed, a República de Dhalmekia, o Reino de Ferro e o Domínio Cristalino.
Cada um dos reinos possui uma montanha de Cristais-Máter, que é a essência da vida, devido ao Éter. No entanto, os reinos brigam entre si, utilizando seus peões e estratégias para vencer essa batalha.
De tudo um pouco da Gameplay!!
Em mais de 35 anos, a franquia Final Fantasy não para de surpreender de uma maneira boa os jogadores. Após a inclusão de RPG de Ação na franquia, “o céu é o limite”, foi o que Ryota Suzuki, diretor de combate, pensou e acertou em cheio, sem sacrificar o que já é consagrado na série.
Final Fantasy XVI consegue trazer uma gameplay fluida e gráficos lindos (principalmente as cinematics), que dão vontade de jogar mais e mais, uma mistura de “Devil May Cry + Final Fantasy”. Mas, obviamente, o título tem apenas alguns elementos de Devil May Cry, mas ainda foca nos elementos de RPG de Ação, se aproximando muito pouco da gameplay de Final Fantasy VII Remake. No entanto, ainda consegue se superar e ser um pouco melhor.
Na batalha, acontece de tudo um pouco, desde inspirações de Devil May Cry com os golpes “Eikonicos”, um RPG de Ação + MMO RPG, além de batalhas entre os Eikons, que parecem ter inspirações bem claras em lutas icônicas de grandes franquias do cinema, como Círculo de Fogo e Godzilla. Além de outros elementos de grandes franquias, como God of War, entre outras, nas batalhas entre os Dominantes.
A cada novo ambiente, inimigo, a gameplay varia, principalmente nos “boss fights”, em que cada combate é diferente do outro. Bem, em relação à variação de inimigos no jogo, ela é bem variada, muda conforme a região, mas a batalha é quase sempre a mesma, dependendo do tipo de poder e companheiro que se utiliza na gameplay, especialmente o Torgal.
Tratando-se de companheiros, por mais que o título seja single-player, os companheiros do Clive Rosfield são controlados por uma IA, que ajudam nosso protagonista ao longo da jornada. Dependendo da missão, os companheiros podem variar, isso vale para a campanha.
As side quests são o elo mais “fraco” da gameplay, que muitas vezes se resumem a um favor com combate à frente. Entretanto, em alguns momentos, aparecem umas missões emocionantes. Infelizmente, o desenvolvimento dos personagens das missões secundárias não é tão explorado quanto os da trama principal e seus relacionamentos. Entendo que humanizam o máximo possível o povo de Valisthea.
Um ponto importante na jogabilidade seria o fato de o mapa-múndi do game pegar elementos de um jogo de “estratégia”. Por exemplo, caso o jogador se depare com alguma “Boss Fight” e não tenha poções de cura, poções de fortalecimento e elixires, o player pode retornar ao seu esconderijo e comprar seus suprimentos para a batalha e melhorar equipamentos. Ou caso queira se fortalecer, pode fazer outras missões no mapa e depois voltar. No entanto, vale ressaltar que isso só vale para algumas “Boss Fight”, pontos cruciais da narrativa. O mapa inteiro é “bloqueado”, mas aparece um companheiro que vende os suprimentos antes dessas batalhas.
Inclusive, nos esconderijos, que seriam um tanto como uma grande comunidade, em cada ponto do mapa local existem pontos de informações estratégicas, quadro de caçadas, pontos de recompensas, biblioteca para conhecer mais detalhes da história, ferreiro, comerciante, ponto de treinamento, onde há modos para refazer fases da história. Além disso, há muitas missões secundárias pelo mapa.
Final fantasy XVI ainda consegue trazer os princípios do RPG, como árvore de habilidades, sistema de nivelamento, equipamentos e estatísticas, que dão uma sensação de progresso. No entanto, nas batalhas, sua capacidade e habilidades são testadas de todas as formas com Clive e os poderes de Eikons, que podem utilizar 3 Eikons, cada um com dois poderes, e podem ser trocados durante o combate de Clive.
É essencial que o jogador evolua sua árvore de habilidades dos Eikons e mapeie cada poder. Nos combates, é interessante o mix de combos que os poderes dos dominantes podem fazer, como combos no ar, dano em área e muito mais, para criar o combo perfeito.
Combates Eikonicos!!
Além da narrativa imersiva, FFXVI consegue entregar a cereja do bolo nos combates dos Dominantes (Eikons). Em alguns momentos cruciais da batalha, o jogador pressiona os botões certos, que seriam os “Quick time events”, e entra o multiplicador de dano em escalas, algo semelhante a Final Fantasy VII Remake.
As batalhas entre os dominantes testam as habilidades de esquiva, posicionamento, leitura dos próximos ataques, precisão e rapidez nos momentos certos. Naoki Yoshida consegue trazer influências notórias de Final Fantasy XIV nas “boss fight”, o que enriquece a experiência do jogador. Posso dizer que as batalhas se tornam emocionantes.
Em alguns momentos, eu me pegava falando de uma maneira incrédula, “não acredito que fizeram isso, mano” (isso é uma boa reação, tá?!). Aqueles que amam batalhas ferrenhas entre bosses podem esperar grandes momentos, acompanhados de uma trilha sonora impecável, criada pelo lendário Masayoshi Soken.
A cada batalha, a trilha muda, a cada momento, transforma-se em algo único. São momentos em que realmente me emocionei nos combates e na narrativa.
Modo Final Fantasy (New Game+)
Aos jogadores que não se sentiram totalmente desafiados pelo jogo, ao zerá-lo, podem optar por jogar o modo Final Fantasy, que só é liberado após finalizar a campanha pela primeira vez.
A dificuldade será ainda maior, com mudança no posicionamento de alguns inimigos, especialmente nos “boss fights”. Também serão introduzidos inimigos mais poderosos logo nas fases iniciais do jogo, causando um certo desespero em alguns momentos.
No modo arcade, que é junto com a arena de treinamento, o jogador pode aumentar ainda mais os níveis, caso esteja no modo Final Fantasy e queira vencer batalhas difíceis e se gabar de sua posição na tabela, por puro prazer.
Bem, caso sinta alguma dificuldade, o jogador pode utilizar acessórios que atuam como auxiliares no jogo e ajudam aqueles que têm mais dificuldade, como combos automáticos e auxílio na esquiva automática – nem sempre funciona em todos os momentos.
Independentemente do que escolher, o jogador certamente se divertirá ao longo de Final Fantasy XVI em seus combates.
Final Fantasy XVI – Vale a Pena?!
Final Fantasy XVI consegue entregar tudo o que a franquia da Square Enix tem de melhor e ainda elevar os níveis. O fato de não ser mundo aberto passa desapercebido, já que existe uma exploração significativa no jogo e é possível passar horas explorando as regiões.
A Square Enix consegue trazer o coração de Final Fantasy e mostrar que a franquia ainda continua viva no coração de cada um e na lembrança de cada momento em que este maravilhoso título é desvendado.
O novo título da franquia consegue fazer das tripas coração e entregar uma obra digna de fazer inveja a “Game of Thrones“. Além de trabalhar bem cada personagem e suas motivações, consegue se tornar um dos melhores jogos da franquia Final Fantasy, com certeza.