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Análise | Ghost of Tsushima

Ghost of Tsushima é o mais novo exclusivo da PlayStation. Lançado no dia 17 de Julho, o título desenvolvido pelo estúdio Sucker Punch Productions apresenta uma visão inédita do Japão Feudal. O game retrata a invasão da ilha de Tsushima pelo Império Mongol. Protagonizado pelo inexperiente samurai Jin Sakai, seu objetivo é vingar os mortos e salvar o que resta do seu povo.

A História de Ghost of Tsushima

Como mencionei acima, a narrativa de GoT explora temas como vingança, bravura e honra. Você acompanha a evolução do personagem Jin e seus conflitos ideológicos até ele aceitar completamente sua identidade de Fantasma. A honra dos samurais é um elemento forte na história. Treinado pelo seu tio, o Lorde Shimura, Jin é orientado desde cedo a sempre batalhar com honra, respeitando seus oponentes.

Ghost of Tsushima
Jin e seu tio

No entanto, tudo muda para o “herói” quando os mongóis invadem seu lar. Sem respeito por tradições e com um apetite voraz por conquistas, os mongóis de GoT são implacáveis e honra não faz parte do vocabulário deles. Enxergando que a única maneira de obter êxito é aplicar táticas similares, nosso querido protagonista abre mão da honra no combate para salvar seu lar.

É nesse contexto que a lenda do Fantasma de Tsushima ganha tração. Um Samurai brutal que protege todos os habitantes da ilha, custe o que custar. Esse embate filosófico entre limites e a honra do Japão Feudal torna toda a trama interessantíssima e está presente em praticamente todos os momentos da obra.

Um detalhe que torna toda a aventura ainda melhor é a preocupação do estúdio em retratar bem a cultura, tradições e costumes japoneses, além de, claro, representar os mongóis com a mesma apuração histórica. O game até apresenta os colecionáveis dispostos em Artefatos Mongóis e Registros como ferramentas para educar o jogador. Você aprende, por exemplo, sobre os Bankhar, os cachorros usados pelos mongóis na exploração e combate.

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A Jogabilidade

Um dos pontos fortes de GoT é sua jogabilidade…. afiada. Contando com uma grande responsividade de comandos e ataques com peso, por muitas vezes me senti jogando Sekiro novamente. Sim, o combate está tão fluído a esse ponto. Por não ter outra opção de arma branca além da Katana, a “variedade” nas lutas acontece através do uso de múltiplas posturas, uma ideal para cada inimigo. Ao longo da jornada, Jin aprende habilidades especiais que consomes pontos de Determinação, recurso conquistado durante as lutas.

As habilidades especiais são brutais e extremamente desbalanceadas. Como você raramente fica sem determinação, em alguns momentos você vai conseguir tranquilamente spammar estes golpes, limpando acampamentos cheios de inimigos em poucos segundos. Em um determinado momento da história você aprende até uma técnica que permite atear fogo em sua espada, causando dano direto em inimigos mesmo que eles estejam usando escudos.

Por estar em grande desvantagem numérica, o game apresenta alguns trechos que te obrigam a usar mecânicas de furtividade. Apesar de estarem no jogo, fica bem claro desde o princípio que elas foram pensadas totalmente como algo secundário. Você anda com calma e assassina os inimigos pelas costas. Aquele padrãozão presente em todo game de mundo aberto!

A Progressão

A kryptonita de GoT. A progressão do jogo foi demasiadamente mal pensada. Se você fizer todos os Contos e atividades secundárias da primeira região, já irá chegar na segunda com quase tudo maximizado, te transformando em uma espécie de Deus japonês e removendo totalmente a dificuldade do jogo (mesmo jogando no Difícil). Ao concluir contos ou salvar aldeões em apuros, você aumenta seu nível de Lenda e ganha pontos de habilidade.

Estes pontos podem ser alocados nas Armas Fantasmas, que compõem o arsenal “ninja” do protagonista, nas Posturas e em habilidades especiais que permitem o Vento te levar até colecionáveis e santuários. Os equipamentos são divididos em três tipos: Suas armas (Katana e Arco Curto/Longo), Armadura e Amuletos. Os amuletos conseguem benefícios como aumentar a velocidade de puxar a corda do arco e por aí vai. Eles possibilitam um pouco de customização de builds, mas nada muito profundo ou que cause um grande impacto na jogatina.

Ghost of Tsushima

Outro defeito, apesar de ser compreensível, é a presença de uma única arma branca no jogo. Durante sua longa jornada de 40-50 horas em Tsushima, você só terá acesso a Katana do Clã Sakai. Apesar de entender que existe um motivo histórico e toda uma argumentação por trás disso, a repetição por trás deste sistema é inevitável. Após algumas horas, você vai pensar até em evitar confrontos por causa do elevado grau de repetição.

Ghost of Tsushima

Como Jin adapta seu estilo de luta e táticas de guerra aos mongóis, não seria difícil convencer o jogador que Jin usasse uma lança em alguns conflitos ou uma espada com escudo, afinal, os inimigos mongóis e até alguns aliados usam estes tipos de ferramentas. Na metade do segundo Ato do jogo, já estava com quase todas as minhas armas, habilidades de combate e armaduras maximizadas, indicando o quanto a progressão do jogo está quebrada.

Direção de Arte e Trilha Sonora

A direção de arte de Ghost of Tsushima é a melhor da geração. Com paisagens/cenários de tirar o fôlego, takes incríveis nas cutscenes e uma divisão de capítulos que impulsiona a parte artística do jogo, todos os caminhos de GoT te levam a um só lugar: o Modo Foto. Com trocentas opções disponíveis, um meme logo surgiu na internet: o jogo pode ser facilmente considerado um simulador de tirar fotografias. Até uma pessoa leiga como eu sem o mínimo de conhecimento sobre a arte de escrever com a luz conseguiu tirar boas fotos no game.

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Esse viés artístico é amplificado com a trilha sonora on point que adiciona E MUITO um tempero de imersão nesta belíssima torta recheada que é Ghost of Tsushima. Os cantos dos mongóis, tradição milenar preservada até hoje, pode ser ouvido frequentemente ao longo das invasões nos acampamentos mongóis e, claro, em momentos chaves da belíssima história do jogo. Infelizmente, algumas partes do bolo não foram recheadas como deveria.

As expressões faciais do título remetem a obras de 2015-2017, quebrando TOTALMENTE a imersão na narrativa. Aliado a isso, nós temos a completa ausência de sincronia labial na dublagem japonesa, removendo completamente o impacto de cenas que certamente chocariam qualquer pessoa se recebessem um tratamento melhor. Ao longo de minhas quase 50 horas com o jogo fiquei a todo momento pensando o quanto seria melhor se o estúdio tivesse dado um pouco mais de importância para estes elementos.

Ghost of Tsushima vale a pena?

Ghost of Tsushima é, facilmente, um dos melhores exclusivos disponíveis no PlayStation 4. Com uma duração excelente pelo valor do investimento, uma localização completa pro nosso idioma (textos + áudios) e uma representação fiel e respeitosa ao Japão Feudal, o game acaba se tornando obrigatório para todo dono do console que adora games de ação e, obviamente, para todo jogador que se diz ser fã da temática! Caso você pretenda ir atrás da platina, confira nosso guia completo!

Ghost of Tsushima

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