A sétima temporada de Black Mirror estreou na Netflix com um episódio provocador e atual. Intitulado Pessoas Comuns, o capítulo de 57 minutos mergulha em um futuro assustadoramente próximo, no qual a tecnologia invade as esferas mais íntimas da vida sob o pretexto de oferecer soluções inovadoras.
No centro da narrativa estão Amanda (Rashida Jones), uma professora dedicada, e Mike (Chris O’Dowd), trabalhador da construção civil. O casal vive uma rotina simples, marcada por amor, dificuldades e pequenas alegrias. Essa estabilidade, no entanto, é abalada quando Amanda descobre um tumor cerebral agressivo.
Nova temporada de Black Mirror critica modelos abusivos de assinatura com publicidade invasiva
É então que surge a Riverminders, uma empresa que oferece um tratamento revolucionário: substituir parte comprometida do cérebro de Amanda por meio de uma rede de antenas conectadas globalmente. A tecnologia, contudo, está disponível apenas por assinatura.
Mike decide contratar o serviço, dando início a uma jornada que revela o verdadeiro preço da inovação. A nova “vida” de Amanda passa a ser invadida por anúncios personalizados, ativados por diálogos privados e situações íntimas. Em um momento particularmente desconfortável, após um problema de desempenho sexual, a personagem começa a promover, em tempo real, produtos voltados para disfunção erétil.
Com o avanço do tempo, as interrupções publicitárias aumentam e começam a comprometer até o ambiente de trabalho de Amanda, que leciona para crianças. Como se não bastasse, sua mobilidade também se vê restrita aos locais cobertos pelo plano básico, limitando drasticamente sua liberdade.
Desesperado para melhorar o plano e reduzir as propagandas invasivas, Mike recorre a uma plataforma chamada DumDummies, onde pessoas aceitam realizar tarefas degradantes em troca de pagamento. Mesmo assim, os planos superiores tornam-se cada vez mais inacessíveis, levando o casal a uma situação insustentável.
Pessoas Comuns oferece uma crítica contundente aos modelos atuais de negócios adotados por plataformas de streaming e empresas de tecnologia. Em tempos em que serviços como Netflix, Amazon Prime Video e Max vêm adicionando anúncios aos planos mais baratos, a produção expõe a lógica perversa de um sistema que força o consumidor a escolher entre pagar mais, aceitar interrupções ou abandonar o serviço.
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O episódio encerra com uma metáfora clara: quando o custo da privacidade e da paz mental se torna alto demais, a única saída possível é o cancelamento — uma escolha cada vez mais comum em um mercado que prioriza lucros acima da experiência do usuário.