O episódio Bête Noire, da série Black Mirror, mergulha em uma trama psicológica envolvente, marcada por ressentimentos do passado, manipulação tecnológica e um desfecho que desafia as expectativas. Com uma história que mescla drama pessoal e ficção científica, o capítulo se destaca como uma das entradas mais ousadas da antologia, provocando reflexões sobre identidade, redenção e os perigos do revanchismo.
Uma rivalidade enraizada no passado
A protagonista, Maria, é uma jovem confeiteira talentosa, reconhecida por sua disciplina quase obsessiva. Sua estabilidade emocional e profissional começa a ruir com a chegada de Verity, uma ex-colega de escola que passa a trabalhar na mesma empresa. À medida que acontecimentos estranhos passam a interferir em sua rotina como mudanças sutis em nomes, horários e até lembranças, Maria começa a desconfiar de uma sabotagem minuciosa.
A tensão aumenta quando descobrimos que Verity, apesar de brilhante durante a adolescência, foi alvo de boatos cruéis e bullying, sendo injustamente acusada de ter se envolvido com um professor. Maria, responsável por espalhar o rumor, transformou os anos escolares da colega em um verdadeiro pesadelo.
Realidade manipulada: a tecnologia como arma emocional
O ponto de virada ocorre quando se revela que Verity desenvolveu uma tecnologia capaz de reescrever a realidade. Essa ferramenta é utilizada para desestabilizar Maria como forma de vingança por tudo que sofreu no passado. O uso dessa tecnologia, típica do universo distópico de Black Mirror, serve como metáfora para o poder que a memória e o ressentimento têm sobre nossas ações e como a tecnologia pode amplificar esses sentimentos.
O clímax do episódio traz um confronto direto entre as duas personagens, culminando com Maria assumindo o controle da tecnologia. Em vez de buscar redenção ou superação, ela altera a realidade e se projeta como uma imperatriz em um universo alternativo, optando por uma solução grandiosa e escapista, em contraste com qualquer noção de justiça ou arrependimento.
Um final que divide opiniões dos fãs de Black Mirror
O desfecho de Bête Noire rompe com a expectativa de uma resolução moral clássica. Verity, consumida pelo desejo de revanche, tem um fim trágico. Maria, por sua vez, escapa das consequências e se entrega a uma fantasia de poder absoluto, ignorando as implicações éticas de suas escolhas.
Com uma abordagem provocativa, o episódio questiona até que ponto somos definidos pelo passado e se, diante da possibilidade de moldar a realidade, escolheríamos corrigir nossos erros ou simplesmente fugir deles.
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Bête Noire é mais do que um drama psicológico é uma reflexão ácida sobre culpa, manipulação e os efeitos corrosivos de uma vingança não resolvida. Em um universo onde a realidade pode ser alterada com um toque em um controle digital, Black Mirror mostra que as maiores prisões ainda são internas e que nem toda evolução tecnológica representa, de fato, progresso moral.