Looney Tunes – O Dia que a Terra Explodiu marca um novo capítulo em uma das franquias de desenho mais antigas e amadas do mundo, lança seu primeiro filme 100% animado nos cinemas, algo inédito para a franquia, e após diversos obstáculos, o filme que conta uma aventura sci-fi onde Patolino e Gaguinho tentarão salvar o mundo de uma ameaça alienígena que se utiliza de uma fábrica de chicletes para dominar a mente dos seres humanos, se tornando assim, a última esperança da Terra. Mas será que vale a pena?
A nostalgia do caos instaurado
A narrativa estabelecida de Looney Tunes – O Dia que a Terra Explodiu faz com que se pareça um longo episódio da animação clássica, e isto está bem longe de ser uma coisa ruim.
O filme traz um respiro de criatividade e jovialidade que sabe utilizar de dois fatores importantes: a nostalgia para aqueles que cresceram os desenhos clássicos e estavam sentindo falta de algo parecido, e saber conversar com uma nova geração. O uso de piadas e ações adaptadas para as tecnologias que utilizamos hoje em dia, o modo de fala de personagens ou algo parecido faz com que pessoas que terão a experiência de conhecer os icônicos personagens pela primeira vez, irão se divertir tanto quanto o fã mais antigo.
O filme traz uma sensação de vários episódios ligados com uma história de background complementando eles, e isso foi um grande acerto do time de 11 roteiristas creditados no filme. Conseguir amarrar essa história talvez tenha sido o maior desafio dos roteiristas, que cumpriram com bastante êxito, sabendo mesclar momentos de puro caos dos personagens, conseguir ser divertido, interessante e que souberam exatamente o que precisavam para que o filme funcionasse: o desenvolvimento dos personagens.
Personagens icônicos retornam em grande estilo
A primeira vista é um pouco frustrante saber que o filme não terá toda a turma clássica dos desenhos, como Pernalonga, Papa – léguas, Coiote, Frajola, Piu – Piu e muito mais, porém, a ligação estabelecida por Patolino e Gaguinho é extremamente divertida e funcional. A história de introdução ligando os dois personagens faz com que seja criado um vínculo emocional ainda maior entre eles, além de fazerem com que o filme tenha a alma clássica de Looney Tunes.
Patolino mostra que continua sendo o rei do caos, onde tudo que encosta faz com que dê errado das formas mais engraçadas e loucas possíveis, Já o Gaguinho traz a sensatez e inteligência para que as coisas funcionem. Com isso, os dois personagens se complementam de tal forma que faz com que tenham um laço emocional e cômico possuindo assim um desenvolvimento de personagem forte entre eles. A lição dos dois é aprender a lidar um com o outro, mesmo tendo personalidades completamente opostas.
Além deles, outros personagens são introduzidos na trama, como por exemplo: Petúnia, interesse amoroso de Gaguinho, o paterno Fazendeiro Jim e O Invasor, alienígena que com certeza faria um grande sucesso nos episódios da série clássica. O roteiro faz com que cada personagem tenha seu momento de destaque, sem trazer nenhum cansaço na trama.
O filme consegue diminuir o impacto da falta dos outros personagens com a relação construída por Patolino e Gaguinho, além de trazer personagens novos que trazem um renovo para a franquia. Vale ressaltar o trabalho de dublagem que continua excepcional na franquia e dá ainda mais resistência para a qualidade do filme, trazendo um conjunto de piadas localizadas para o Brasil que funcionam tanto para o público mais velho quanto para os mais novos.
Looney Tunes feito à mão
A animação feita à mão pelo estúdio caracteriza e traz ainda mais personalidade ao desenho ao não se render aos estilo gráficos utilizados nas animações atuais, como por exemplo o próprio Space Jam lançado em 2021 com Lebron James. A fluidez que possui entre a interação dos personagens e com o próprio cenário mostra como os filmes animados atuais estão carentes desse estilo que foi deixado para trás.
Para se fazer esse filme foi necessário bastante coragem de seus desenvolvedores, ao colocar essa franquia nos cinemas pela primeira vez com uma história que durasse aproximadamente 90 minutos, fazer com que o filme fosse totalmente animado e não precisar de apoio de pessoas em live-action, como é o caso de Space Jam e principalmente pelo traço de animação escolhido.
A animação ter sido feita totalmente à mão, faz com que os fãs de longa duração de Looney Tunes se sinta ainda mais abraçado pelo filme com um cobertor de nostalgia. Atualmente tem sido bastante comum, desenhos que antes eram 2D e caracterizados pelos traços à mão serem adaptados para o 3D ou uma mescla de 2D com 3D, estilo bastante elogiado na animação Gato de Botas 2 e Homem-Aranha: Através dos Spiderverso, mas este filme se recusa e continua com a essência original.
Vale a pena Assistir Looney Tunes – O Dia que a Terra Explodiu?
O filme com certeza será um divisor de águas dentro da Warner Bros. A empresa havia cancelado o filme que estava praticamente pronto e não teria a chance de ver a luz das telas de cinema, e então uma pequena distribuidora, a Ketchup Entertainment, comprou os direitos do filme e salvou do esquecimento. Além deste filme, a distribuidora já adquiriu os direitos de outro filme dos Looney Tunes que também estava praticamente pronto e havia sido cancelado, que é o caso de Coyote vs Acme, que será uma mistura entre live-action e animação. A nova aventura desses personagens ainda não possui data de lançamento.
Looney Tunes – O Dia que a Terra Explodiu é inédito dentro da franquia em diversos aspectos ditos no texto, porém não é um filme inovador, e ele em nenhum momento tenta ser isso. É uma excelente entrada na franquia que traz vigor e um frescor de que existe muita história e personagens a serem mostrados.
Para aqueles que sentem falta dos Looney Tunes, é uma carta de amor para a franquia, que mostra que os seus amigos de infância ainda estão ali, mas que ao mesmo tempo conseguem se adaptar e conversar com um novo público sem se prender nos padrões dos desenhos populares atualmente, ou seja, Looney Tunes continua tendo sua essência de caos, personagens lunáticos e carismáticos que sempre tiveram nesses quase 100 anos de história e sempre vão ter.
Nota Final: 9 / 10