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Crítica | The Witcher — 1ª Temporada

A criação de novos mundos é recheada de adversidades nos mais simples caminhos, mas é evidente que a adaptação e inspiração em obras já criadas têm um poder pesado demais para passar ileso sob o olhar de um público ciente da história original.

O novo seriado da Netflix, The Witcher, é lançado com grandes desafios em frente: criar um mundo de fantasia crível, repleto de personagens, magias e monstros complexos. Além de adaptar uma história e personalidades conhecidas por dois públicos gigantes — o dos games e o dos livros.

Enquanto os leitores assíduos dos contos de Geralt de Rívia reconheçam as histórias de ‘O Último Desejo’ e ‘Espada do Destino’, fãs da franquia da CD Projekt Red enfrentarão um leve desafio com o desenvolvimento do enredo.

O problema, entretanto, não está nos contos, mas na não-linearidade do seriado com três linhas de protagonismo diferentes. A escolha é inteligente, todavia aplicada de um jeito confuso e instável.

É muito fácil para o não-leitor dos livros se perder no enredo não-linear. A tentativa de implementar detalhes sutis para resplandecer a posição temporal da narrativa é escassa, torna-se quase impercebível e tudo fica desconexo até mais da metade da temporada.

Apesar dos erros, é inevitável comentar a maestria em dar vida aos cenários fantasiosos de Andrzej Sapkowski. A série traz paisagens ricas em história e fiéis ao conceito medieval polonês — e, de relance, lembrando bastante dos jogos.

Não bastando a fotografia, a caracterização dos personagens, cidades e monstros são bem feitas: tavernas, anões, elfos e florestas mágicas parecem críveis demais para aceitar que tudo faça parte de apenas mais um seriado da Netflix. Algumas batalhas entre monstros acabam com um olhar duvidoso, tendo em vista que a construção das aberrações é apenas em CGI, mas as lutas são entregues primordialmente, garantindo escusas para momentos questionáveis.

Mesmo a interpretação de Henry Cavill sendo  bem caricata no começo (e muito inspirada em Doug Cockle, dos jogos), tudo se torna mais palatável no decorrer da série, e nos faz ignorar cenas nas quais a peruca do ator aparece bem rechonchuda e minimamente engraçada.

Do outro lado da história, Anya Chalotra vive a feiticeira Yennefer magistralmente e compensa pela interpretação de Freya Allan, que não é ruim, mas não surpreende.

A narrativa da Cirilla e do bruxo tem pontos interessantes — como as lutas bem coreografadas, o estilo meta-cômico do bardo e os encontros de Ciri —, porém são apresentados apressadamente e sem o devido cuidado. Enquanto isso, Yennefer esbanja a criação de um personagem forte e caprichoso.

A primeira temporada falha no processo narrativo e é ligeiramente irresponsável com quem não leu os contos ou apenas jogou os jogos — que não são adaptações diretas dos livros. Mesmo em linhas sinuosas, a série consegue entregar histórias cativantes,  cenários magníficos, lutas bem coreografadas e momentos de tensão saborosos. The Witcher cumpre a promessa e te faz “jogar uma moeda para o bruxo” enquanto espera ansiosamente pela segunda temporada — já garantida!

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