Doctor Who retornou com sua 42ª temporada, ou melhor dizendo, sua 2ª temporada no Disney+ e muita gente tem medo de começar a assistir por ouvirem falar que a série é muito grande. A série que possui mais de 60 anos de história e um grande impacto na cultura britânica realmente possui bastante material, mas não se assuste, pois existe várias maneiras de adentrar e conhecer a história do Senhor do Tempo conhecido apenas como Doutor e que vaga pelo mundo (ou quase sempre na Inglaterra) com uma cabine policial azul dos anos 60.
Começar do começo, do meio ou do “fim”?
Assim como uma viagem no tempo, a série pode ser vista de várias formas, e provavelmente nunca terá uma conclusão, afinal já são 60 anos de história e sem sinal de parada, mas não significa que isto seja um problema, porque diferentemente de muitas séries que se estendem, Doctor Who, se renova de diferentes formas em média a cada 3 temporadas.
A série se divide atualmente em 3 partes: Clássica, moderna e a Era Disney.
Era Clássica de Doctor Who (1963 – 1989)
A Era Clássica é composta por 26 temporadas lançadas entre 1963, ano de estreia da série, até 1989, ano de cancelamento da primeira era.
A série clássica não será abordada a fundo neste texto por não estar disponível em nenhuma plataforma atual no Brasil, porém os melhores arcos de entrada da série clássica será:
An Unearthly Child – Primeiro arco da série, sendo introduzido os primeiros contextos e personalidades do 1º Doutor (William Hartnell)
Spearhead From Space – Primeiro arco do 3º Doutor (Jon Pertwee), neste arco, a série começa a ter um roteiro menos prolixo e faz sua estreia com seus primeiros episódios a cores na BBC.
Robot – A estreia do 4º Doutor (Tom Baker), o Doutor mais conhecido da Era Clássica por seu cachecol gigante e colorido, é um excelente ponto de partida por estar com uma narrativa ainda mais rebuscada e com um ritmo mais parecido com as séries atuais, ainda que esteja longe do ritmo que é feito hoje em dia.
Em resumo, esses 3 arcos são bons para quem queira assistir desde o começo. A série Clássica se torna mais difícil de ser assistida atualmente por não estar disponível em nenhum streaming, o ritmo lento e prolixo e por ter efeitos bastante datados, algo comum na franquia, porém, para aqueles que se aventurarem irão receber histórias incríveis e merecedoras de atenção que recebem citações e referências em vários momentos posteriores que valem a pena ser conferidos.
BÔNUS: Doctor Who: O Filme foi lançado em 1996 como uma tentativa de voltar com a franquia, porém dessa vez mirando o público americano. O filme retrata a 8ª encarnação do Doutor que irá ter que lidar com um grande problema ao cair em São Francisco (EUA).
A tentativa de resgatar a franquia foi um fracasso e postergou ainda mais o retorno, porém, os conceitos iniciais para quem nunca havia visto nada sobre o Doutor estão presentes no filme e contextualizam os iniciantes, sem contar o carisma de Paul McGann que vale a pena ser visto, mas mesmo sendo interessante, existem pontos de entrada superiores na franquia para iniciantes.
Era Moderna de Doctor Who (2005 – 2023)
Após alguns anos de hiato, o pedido dos fãs da série clássica foi concedido e a BBC resolveu retornar com as aventuras do Doutor tendo Russel T. Davies (guarde este nome) como showrunner. Aqui estão os melhores episódios para se dar entrada na franquia, principalmente por ter um ritmo mais comum as produções atuais e pela facilidade em que pode ser encontrada.
Rose (1X1) – Primeiro episódio de retorno da série, foi o ponto inicial de grande parte do fandom. Ele reintroduz cada ponto e particularidade necessária de Doctor Who, apresentando o 9º Doutor (Christopher Eccleston) e o que ele é, o que é a TARDIS e as maiores bizarrices que fazem parte do humor da série, como por exemplo, os Autons, também conhecidos como vilões manequins de loja.
Invasão Natalina (1X14) – No primeiro episódio especial de Natal da Era Moderna, o 10º Doutor (David Tennant), a encarnação mais amada pelos fãs é introduzido na série. Apesar de ser um episódio comum, a personalidade de Tennant e por ainda estar muito no início da série faz com que esse episódio seja um “bom início”, mesmo assim, o recomendado é iniciar por Rose por ter sido pensado como forma de introduzir novos fãs na série, mas continua sendo um bom início para quem queira pular para ver o 10º Doutor que todos falam.
Não Pisque (3X11) – O fatídico episódio que TODO fã de Doctor Who indica para alguém que tem curiosidade de conhecer a série. Blink, nome original do episódio, é um dos episódios mais diferentes de toda a série. Nele é contado sob a perspectiva de Sally Sparrow, interpretada por Carey Mulligan em um de seus primeiros papéis na TV. Trazendo a forma como Sally é introduzida neste universo, faz com que os novos fãs se sintam da mesma forma, tentando entender quem é o Doutor, o que está acontecendo e por que razão estátuas de anjos chorando se aproximam dela a cada vez em que ela pisca seus olhos. É um excelente episódio para quem está curioso sobre Doctor Who.
A Décima Primeira Hora (5X1) – Aqui está o primeiro soft reboot da série para tentar alcançar novos espectadores. Apresentando o 11º Doutor (Matt Smith), a série se torna ainda mais ágil e com mais ação, o tom da série se torna um pouco mais condizente com as séries americanas, porém não perde sua essência e classe britânica. Steven Moffat se torna o showrunner e transforma a série ao trazer o ator mais novo a interpretar o Doutor até hoje e que possui o melhor tema musical da série ( Ouça agora I am the Doctor e aproveite). Aqui os efeitos visuais da série já ganharam maior orçamento de produção e deixaram de parecer com os episódios de Power Rangers, mas não vá esperando um show de efeitos pois o orçamento ainda era limitado.
Vincent e o Doutor (5X10) – Episódio mais emocionante da série, aqui mostra uma visita do Doutor junto de sua companion Amy Pond (Karen Gillan) que percebem em um quadro que Vincent Van Gogh está correndo perigo e resolvem ir ajudá-lo. Ao abordar a vida de Van Gogh que é conhecido por sua depressão e esquizofrenia. Tratando o tema com uma delicadeza e emoção, torna esse episódio um dos mais bonitos da série. Se prepare para segurar as lágrimas no últimos 5 minutos do episódio.
BÔNUS: Além destes episódios, existe Piloto (10X1), outro soft reboot feito pela série para atrair mais fãs, mas que já estava com alguns arcos em andamento, então não vale tanto a pena por perder alguns detalhes importantes e o episódio A Mulher Que Caiu na Terra (11×1), introdução da 13ª Doutora (Jodie Whittaker), que infelizmente sofreu com péssimos arcos de narrativa. Mesmo tendo raros momentos bons, ainda vale a pena, Doctor Who sempre é divertido,porém por esse motivo, existem outros episódios citados que valem mais a pena iniciar neste universo.
Era Disney de Doctor Who (2023 – Presente)
A Disney se tornou uma parceira da BBC conseguindo os direitos para seu streaming no ano em que a série estava completando 60 anos. A parceria foi firmada trazendo o showrunner Russel T. Davies de 2005 de volta ao comando da série. Além disso, a companhia do Mickey investiu na produção trazendo novas tecnologias e com isso mais liberdade criativa para o desenvolvimento dos episódios. Dessa forma, por se tornar uma nova etapa na franquia, foi resolvido “zerar e começar de novo”, porém dando seguimento a história.
“The Star Beast”, “Wild Blue Yonder” e “The Giggle” – Estes três episódios foram feitos para comemorar os 60 anos da série. Nele é introduzido as novas mudanças que a esta nova era propôs, mostrando um estilo de episódio tentando retornar aos feitos em 2005. Além disso, no último episódio dos três, é apresentado o 15º Doutor (Ncuti Gatwa) por um breve momento, e por isso se torna levemente necessário para entender um pouco sobre o 15º Doutor e como ele chegou até ali.
The Church on Ruby Road – Episódio especial de Natal feito pelo 15º Doutor, onde o mesmo conhece Ruby Sunday, uma menina que parece sempre estar cercada de problemas. Ruby faz sua primeira aparição no episódio de Natal, antes de dar início a primeira temporada oficial desta Era, se tornando necessário para entender a relação dos dois personagens.
BÔNUS: O episódio Space Babies (1X1) não é tão recomendado por já deixar subentendido que os novos fãs assistiram os episódios citados anteriormente, além disso, o episódio em si é bastante fraco. The Robot Revolution (2X1) introduz uma nova companion, mas também não é a melhor forma de iniciar no universo.
Dica Personalizada
Na minha humilde opinião como fã da série, a melhor forma que encontrei e comecei a assistir a série foi da seguinte forma:
Primeiros três episódios da 5ª temporada da Era Moderna: (A décima Primeira Hora, A fera Abaixo, Vitória dos Daleks), dessa forma os episódios já possuem um melhor ritmo e melhores cenas de ação, além de ser a introdução de um Doutor mais agitado que possui uma excelente dinâmica com sua companion.
Após isso, assistir Não Pisque (3X11) para entender um pouco mais dos inimigos do Doutor e outros aspectos da série.
Voltar e terminar a 5ª temporada da Era Moderna: aqui tem excelentes episódios para iniciar, incluindo o do Van Gogh citado no texto acima.
Depois de já ter uma base do que é Doctor Who, iniciar da 1ª temporada da Era Moderna até o final dela.
Terminando a Era Moderna, assistir a Era Disney* por ainda estar no início e depois assistir a Era Clássica. Por ser mais tranquilo de encontrar a Era Disney, acredito que seja mais fácil de terminá-la e após isso assistir a Clássica.
Para os novos fãs, allons-y e uma boa maratona para vocês.
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Doctor Who está disponível atualmente em diferentes plataformas. A Era Moderna está disponível no Brasil pelo SBT+, já a Era Disney está disponível no Disney+. Infelizmente a Era Clássica não está disponível no Brasil atualmente.
