O final de Death Stranding 2 seguiu quase que a risca o modus operandi da grande maioria dos games anteriores do diretor Hideo Kojima: um grande plot twist dando sentindo a várias das pequenas dicas deixadas durante o roteiro, uma grande quantidade de informação sendo jogada na cara do jogador de uma só vez e um leve deslumbre de pra onde a franquia poderá seguir a partir dalí.
Apesar das revelações terem sido muito mais mastigadas se comparada com as cutscenes finais do primeiro game, a enorme quantidade de informações reveladas de diferentes arcos da história em sequência pode tornar difícil para que o jogador compreenda 100% o que está acontecendo na tela, deixando dúvidas ao longo do caminho.
Com o intuito de responder várias dessas dúvidas, trago para vocês algumas explicações dos principais pontos do final de Death Stranding 2, detalhando algumas informações que nos são reveladas durantes os capítulos 14, 15 e 16.
Esse especial está REPLETO de spoilers sobre o final de Death Stranding 2!
Higgs, Presidente, APAS 4000 e o verdadeiro grande vilão de Death Stranding 2
Apesar de Higgs ser bombardeado como a grande ameaça de Death Stranding 2 durante todo o game, sendo o principal antagonista de Sam durante sua jornada pela Austrália, algumas revelações no final do jogo mostraram que as coisas não eram bem assim. Graças ao plot twist a respeito do Presidente e das reais motivações da APAS e seus servidores na Praia, a percepção sobre o grande rival de Sam e quem de fato era o grande vilão de Death Stranding 2 sofre algumas mudanças.
Durante o final de Death Stranding 1, Higgs ficou aprisionado na praia de Amelie impedido de dar início ao Last Stranding, o que na teoria, seria o fim definitivo do vilão, já que seria impossível para que o mesmo fugisse da praia da Entidade de Extinção. O confinamento na Praia levou Higgs ao limite, já que o tempo passa de uma maneira diferente por lá, com 1 ano em nosso mundo sendo o equivalente a cerca de mil.
A loucura de Higgs não seria um problema, já que sua fuga da praia era dada como impossível. Isso é, até que um trágico evento que levou a formação da APAS mudasse tudo.
Formada basicamente de 4000 almas vitimas de uma obliteração que de alguma forma se fundiram a rede quiral, a APAS 4000 tem como objetivo aprisionar a humanidade dentro de suas próprias praias, impedindo que as pessoas entrem em contato com BTs, e assim, evitando a inevitável extinção causada pelas obliterações. Para isso, a APAS precisava que Sam conectasse todo o mundo a rede quiral, e nada melhor que um vilãozinho pra motivar a jornada do herói né? E é bem aí que Higgs é libertado com o propósito de servir como uma ameaça para Sam, o motivando a seguir jornada.
Com tudo isso, podemos chegar a conclusão que Higgs e o Presidente/APAS 4000 são extremos opostos, com um lado querendo acelerar a inevitável extinção da humanidade, enquanto o outro pretende garantir que a humanidade permaneça viva de alguma forma, mesmo que contra a sua vontade. Sim, Higgs é o ultimo chefe do game e o grande rival de Sam durante ambos os jogos, mas as atitudes e motivações do Presidente são tão extremas quanto.
Honestamente, a resposta de ”quem é o grande vilão de Death Stranding 2”, cabe ao jogador. Higgs? APAS? Os dois? Todas as respostas são corretas, ficando a cargo do jogador debater qual dos possíveis destinos planejados pelos vilões e quais caminham ambos tomaram para chegar lá podem ser considerados mais vilãnescos.
Tomorrow, Fragile e Neil
Durante as últimas cenas de Death Stranding 2, temos duas revelações bombásticas quase simultâneas: a confirmação de que Tomorrow é Lou (ou Louise), filha biológica de Sam e Lucy, o primeiro BB criado pela Bridges, e que Fragile estava morta desde seu encontro com Higgs no México. Eu sei, é confuso, mas calma que eu te explico.
Quando Higgs atirou em Fragile durante o ataque ao esconderijo de Sam no médico, seu Ha (alma) faleceu dentro da Praia com Lou em seu colo, o que fez com que o BB ficasse preso. Porém, tamanha era a determinação de Fragile, que seu Ka (corpo) se manteve firme por um tempo, conseguindo acessar a praia de Neil graças ao amor do mesmo por Lucy, entregando a criança aos seus cuidados.
Graças a passagem de tempo diferente dentro da praia, Lou criou um casulo para si mesma, acelerando o seu crescimento e se tornando uma adulta, se tornando a pessoa que seria conhecida como Tomorrow durante todo o game. A força de vontade de Fragile em proteger Lou e de viver uma última jornada com Sam foi o suficiente para que uma parte de sua essência continuasse no mundo dos vivos, porém, sem memória de tudo o que havia acontecido, já que no momento que essas memorias retornassem, seu tempo do lado de cá chegaria ao seu fim.
Por ser filha de um repatriado que possui uma forte conexão com uma Entindade de Extinção, Louise também acabou se tornando uma Entidade, tendo o poder para iniciar o Last Stranding. Higgs sabendo disso desde o início, usou Louise para executar seu plano de extinção.
O que o vilão não contava é que Lou recobraria sua consciência durante o processo, descobrindo a verdade sobre a sua identidade e se voltando contra o vilão, acabando com o Ha e com o Ka de Higgs de uma vez por todas.
Um fato engraçado é que Hideo Kojima já havia deixado pistas da real identidade de Tomorrow desde o marketing de Death Stranding 1, e até mesmo no jogo em si, anos antes de Death Stranding 2 sequer ser cogitado pelos fãs. A frase ”Tomorrow is in your hands” foi amplamente usada durante o marketing do game, servindo como nome de um dos temas principais e do capítulo 15, jogando na nossa cara o tempo todo a real identidade de Lou, que “sempre esteve em nossas mãos”.
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O futuro de Death Stranding após Death Stranding 2
Na última cena vemos Louise utilizando as luvas especiais que Fragile utilizou em Death Stranding 2, vestindo um traje e equipamentos de Porters da Drawbridge, sinalizando que a filha de Sam decidiu seguir os passos do pai e fazer entregas. A sua frente está um Portal que, provavelmente, conecta a Austrália ou o EUA a um outro continente, provando que a teoria da APAS sobre o surgimento deles estava correta.
A cena deixa claro que Louise está partindo rumo ao portal, o que nos leva a acreditar que sua missão seja conectar mais um continente a rede quiral e dar continuidade ao trabalho de Sam, essencialmente encerrando o arco do personagem e dando início a uma nova era para a franquia, com uma nova protagonista.
Hideo Kojima já expressou publicamente que caso Death Stranding 3 aconteça, ele não estará a frente como diretor do game, sendo Death Stranding 2 seu último trabalho com a franquia nos videogames. Porém, em seu livro, Hideo admitiu que segue a mesma filosofia da série literária Kenzie & Gennaro.
“[…] enquanto os fãs ferventemente quiserem mais, uma história não pode acabar. Um criador pode tentar finalizá-la, mas ele nunca será capaz de virar as costas para os seus fãs. Ainda assim criadores e suas obras não são eternos. É assim que ficamos preso nessa espiral.”
Em outras palavras, não seria a primeira vez que Hideo diria publicamente ”esse é o último jogo”, o que deixa uma pontinha de esperança para que o diretor retorne para contar a história de Tomorrow como Porter, expandindo ainda mais esse fantástico (e maluco) universo.