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Análise | Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos

Review | Jardins da Lua, O Livro Malazano dos CaídosJardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos, originalmente publicado em 1999, e escrito pelo aclamado Steven Erikson, pseudônimo literário para o arqueólogo e antropólogo canadense Steve Rune Lundin, lança à luz o fantástico Universo Malazano dos Caídos.

A série, que conta com um total de dez livros publicados entre 1999 e 2011 e é responsável pela venda de mais de um milhão de exemplares ao redor do mundo, desembarcou no Brasil em março de 2017, por intermédio da Editora Arqueiro, com o primeiro volume “Jardins da Lua, O livro Malazano dos Caídos – 1”, traduzido por Carol Chiovatto.

Segundo o próprio autor, a estrutura de Jardins da Lua ganhou forma em campanhas de RPG, a partir das quais foi elaborado um roteiro para um longa-metragem escrito em parceria com Ian C. Esslemont e que ficou esquecido por falta de interesse de grandes produtoras. Posteriormente Steven Erikson transformaria o roteiro no primeiro volume da série Malazano.

Sem subestimar o leitor, Steven Erikson nos apresenta um enredo denso, intricado, que exige o máximo de atenção, forçando-nos a juntar os fragmentos da história narrada por intermédio de pontos de vista diversos, que culminam inexoravelmente a um final avassalador, tal qual um quebra-cabeça.

Ao iniciar a leitura de Jardins da Lua, o leitor terá a mesma sensação que jogar pela primeira vez Dark Souls, será lançado em um mundo vasto, denso e multifacetado, onde nenhuma explicação ou ajuda lhe é dada. Ao longo das quase 600 páginas será preciso montar o mosaico que compõe essa fascinante aventura, que nos é apresentada por intermédio de personagens humanos (ou não) e diálogos bem construídos e objetivos. O leitor se sentirá obrigado a abraçar os fragmentos necessários para compor esse fascinante mosaico, e quando o fizer, a sensação de ter enfrentado e vencido um desafio épico vai estar lá, no último capítulo, na página final do livro.

Review | Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos

A história tem início em meio a uma longa campanha de dominação promovida pelo Império Malazano, regido pela Imperatriz Laseen, que chega ao poder após assassinar o antigo imperador. O segundo exército do Império Malazano, sob o comando do Alto Punho Dujek, está sitiando a cidade de Pale, uma das duas últimas cidades livres no caminho do “Império” durante a campanha de dominação do continente Genabackis. A cidade de Pale resiste graças a aliança com o poderoso Anomander Rake, que é “literalmente” o filho da escuridão e senhor da “Cria da Lua”, uma fortaleza flutuante. Após os eventos ocorridos durante o cerco a Pale, o Império Malazano sofre severas perdas, incluindo a quase completa destruição da lendária unidade de infantaria, Os Queimadores de Pontes. Muitos especulam que alguém nos altos escalões do Império, pode ter arquitetado a eliminação desta unidade, que conquistou sua fama nos tempos do imperador assassinado.

Voltando sua atenção para Darujhistan, o “Império Malazano” envia um grupo de sobreviventes dos Queimadores de Pontes, liderados pelo Sargento Whiskeyjack, com o objetivo de minar as resistências da cidade de dentro para fora e estabelecer relacionamentos com figurões do submundo. Em paralelo a isso, a Conselheira Lorn, segunda em comando da Imperatriz, é enviada em segredo para as colinas a leste de Darujhistan em companhia de Tool, um T’lan Imass, raça de undeads que dominavam o mundo antes do surgimento dos humanos.Review | Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos

Os eventos que envolvem o ataque a Darujhistan despertam até mesmo a atenção de deuses, semideuses e outras forças mágicas que passam a interferir diretamente nos acontecimentos relacionados à cidade livre, de modo que Tarttesail, uma maga sobrevivente do cerco de Pale, e Paran, novo capitão nomeado para os Queimadores de Ponte, seguem em direção a Darujhistan com o objetivo de investigar esse estranho envolvimento.

Por intermédio de acontecimentos triviais, que parecem ter pouca importância, associados na medida correta a eventos épicos, os personagens convergem inexoravelmente em direção à cidade de Darujhistan, onde o grande quebra cabeças é finalmente completo.

Com Jardins da Lua – O Livro Malazano dos Caídos, Steven Erikson dá o ponta pé inicial em uma saga que desde seu início é verdadeiramente épica, com diversas camadas, equiparada em grandiosidade a Game of Thrones (George R. R. Martin) e O Senhor dos Anéis (J. R. R. Tolkien). O autor subverte o senso comum, desconstruindo o status quo, segundo suas próprias palavras, “estabelecendo um distanciamento dos padrões habituais da fantasia” construído por obras clássicas de ficção fantástica, concebendo uma nova abordagem, adulta, cruel e intricada, que exige máxima atenção do leitor.

Jardins da Lua – O Livro Malazano dos Caídos é altamente recomendado aos órfãos de Game of Thrones, ou mesmo para aqueles que procuram uma “literatura fantástica” adulta, que não subestima a inteligência do leitor ao perder tempo com explicações desnecessárias. Sua continuação “Os Portais da Casa dos Mortos” foi lançado pela Editora Arqueiro no último dia 14, novamente com tradução de Carol Chiovatto.Review | Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos

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