Review | Assassin’s Creed Shadows (PS5)

A saga Assassin’s Creed está prestes a receber mais um capítulo da sua majestosa jornada até aqui, Assassin’s Creed Shadows, ambientado no Japão feudal, especificamente em 1579 durante o período Azuchi-Momoyama, um período cheio de incerteza a cerca de como seria o futuro do Japão dali pra frente, e no meio disso acompanhamos a disputa clássica entre Assassinos e templários. No game controlamos Naoe e Yasuke, sendo Naoe uma shinobi que acaba entrando para o propósito dos assassinos após uma tragédia, e Yasuke um lendário Samurai que trabalhou junto com Oda Nobunaga.

A união dos dois personagens dá origem a uma aventura em busca de vingança, justiça e redenção, e tudo isso em meio a um Japão tenso com uma guerra eminente, mas que ao mesmo tempo exala beleza em suas paisagens e cultura.

Onde Assassin’s Creed Shadows se encaixa na cronologia

Uma coisa muito importante para se entender a história da franquia e suas temáticas é saber aonde os novos jogos se encaixam na cronologia completa da saga. Sendo assim, Assassin’s Creed Shadows se passa cerca de 60 anos após Assassin’s Creed Revelations, ou seja na cronologia geral fica entre Revelations e Black Flag.

Isso nos ajuda a entender o motivo de vermos armas de fogo, armaduras mais modernas e até mesmo monumentos que parecem serem feitos no mundo atual, isso porque no Japão a sua arquitetura e cultura de construção se mantem praticamente o mesmo até hoje. E uma coisa legal de nos atentarmos vendo essa cronologia é de que os jogos estão se preocupando em mostrar que em épocas também parecidas a influência e presença dos Assassinos já está no mundo inteiro, sanando a dúvida de quando jogamos Assassin’s Creed 2 se existia de fato assassinos em outras partes do mundo.

O período histórico de Assassin’s Creed Shadows

Antes de começarmos a falar do enredo de Assassin’s Creed Shadows e de como a sua narrativa funciona, é importante explicarmos um pouco de como era o Japão nessa época, para que o entendimento do contexto geral seja entendido e melhor compreendido.

Bom, para começar o Japão feudal em 1579 estava no auge do período Azuchi-Momoyama (1573-1600), uma fase de transição entre os tempos de guerras constantes e a unificação do país, algo que diga-se de passagem é extremamente importante para a história do game. Essa época foi marcada pelo domínio de Oda Nobunaga, um dos três grandes unificadores do Japão, ao lado de Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu. Nobunaga já havia consolidado grande parte do poder, derrotando clãs rivais e enfraquecendo a influência dos monges guerreiros e dos tradicionais senhores feudais, começando assim a unificação de todo o povo sobre o seu reinado.

A sociedade era rigidamente hierárquica, com o imperador como figura simbólica, enquanto o shōgun e os daimyōs governavam na prática. Os samurais formavam a elite guerreira, servindo como soldados e administradores dos territórios sobre domínio dos governantes. Abaixo deles estavam os camponeses, que sustentavam a economia agrícola, seguidos por artesãos e comerciantes, que, apesar de serem considerados inferiores na hierarquia, começaram a ganhar importância econômica nas cidades em crescimento.

Em 1579, Nobunaga já controlava Kyoto, o centro político e cultural do país, e continuava sua campanha para destruir qualquer resistência ao seu domínio. Foi nesse ano que ele ordenou a construção do Castelo de Azuchi, uma fortaleza imponente que simbolizava seu poder e a modernização do Japão. Diferente dos castelos tradicionais de madeira, o Castelo de Azuchi possuía torres elevadas e estruturas reforçadas, servindo tanto como defesa quanto como demonstração de grandeza.

O comércio externo também começava a se expandir, principalmente com os portugueses, que já estavam no Japão desde 1543. Armas de fogo europeias, como arcabuzes, foram adotadas pelos exércitos japoneses, mudando o estilo de combate tradicional baseado no arco e na espada. O cristianismo, introduzido pelos missionários jesuítas, também ganhava adeptos, incluindo alguns daimyōs.

E todos esses pontos são de extrema importância para se compreender o contexto completo da história de Assassin’s Creed Shadows, pois cada um deles são tratados dentro do jogo e tendo grande relevância para a narrativa.

A ordem dos Assassinos não falha em suas escolhas

Agora partindo de vez para o enredo de Assassin’s Creed Shadows, começamos conhecendo Diogo (Yasuke), um serviçal de portugueses que é trazido para ajudar a carregar os produtos dos navios, porém durante uma negociação com o Lorde Nobunaga ele acaba se interessando por ele por sua altura e força física, então faz um acordo com os portugueses para que deixassem Diogo com ele em troca de poderem vender produtos no país. Com isso, Nobunaga treinou Diogo para se tornar um grande guerreiro, e assim foi feito, então assim ele adotou o nome de Yasuke.

A partir daqui vamos para Iga, conhecer Naoe, uma jovem criada em uma vila pacata, mas com uma cultura forte de guerreiros, na qual a coragem e força de vontade são seus pilares fundamentais. E depois de vermos um pouco do treinamento diário de Naoe com seu pai, que serve como tutorial de combate, caminhadas e ajudar as pessoas da vila, começamos a acompanhar o acontecimento que mudará a vida de Naoe para sempre, a invasão de Oda Nobunaga a sua vila.

A partir disso, após uma tragédia e a perca de uma caixa importante para a ordem dos assassinos, Naoe passa a caçar os 9 responsáveis por sua vida ter virado de cabeça para baixo, e é ai que Assassin’s Creed Shadows começa pra valer, começamos a caçar um por um enquanto a história se desenrola e Naoe vai descobrindo ainda mais o mundo ao seu redor e o seu papel dentro dele. E claro no começo vamos atrás de pistas, cumprindo missões e indo atrás de alvo menores.

E assim como nos outros títulos RPG da saga cada inimigo e área do jogo vai aumentando de dificuldade, por isso precisamos evoluir o level de nosso personagem e os seus equipamentos. E isso se reflete diretamente na história, já que assim como na gameplay, a cada tempo que passa percebemos que cada vez mais nossos personagens vão amadurecendo e se tornando mais fortes, tanto na questão física, mas também na sua sabedoria e de como lidar com as situações de forma a ser inteligente e estrategista.

Para resumir, Assassin’s Creed Shadows tem um enredo simples, que se eu contar muito mais pode afetar sua experiência durante a sua jornada de vingança. Mas o game vai muito além de uma simples história de vingança, ele aborda temas como redenção, amizade, autoconhecimento e, claro, como a união faz a força, já que a proposta de 2 protagonistas é justamente para mostrar que de uma união improvável pode surgir uma dupla imbatível.

Um combate refinado e estratégico

O combate de Assassin’s Creed Shadows é realmente impressionante, pois aqui é trazido todos os elementos que nos acostumamos a ver na cultura japonesa, principalmente na luta com armas brancas, por exemplo na luta com Katanas vemos a postura de um samurai a empunhar a espada com Yasuke, já com Naoe vemos um comportamento diferente na luta com armas brancas, por exemplo com a tanto, que vemos uma mistura de adaga e lâmina oculta, e isso só mostra como cada personagem é único e com habilidades própria conforme o seu estilo de treinamento.

Mas agora indo para as mecânicas de combate, para você que já jogou qualquer um dos jogos RPG da franquia, não terá nenhuma dificuldade para se adaptar a esse novo modelo de combate, já que ele mantem os mesmo padrão de esquivar, golpe forte e golpe fraco, com a diferença que agora temos a presença de um sistema de bloqueio aprimorado, que nada mais é do que um bloqueio perfeito que para o tempo por alguns segundo para que você possa contra atacar o inimigo caso execute o movimento correto. Aqui também temos a presença de habilidades especiais que podem ser ativados com o uso de adrenalina, esse que vão desde um chutão, até um golpe carregado centralizado em um só inimigo.

E o combate aqui, por se tratar de um RPG, tem muita relação com os equipamentos e armas que estamos usando, sendo eles armadura, capacete e arma primária e secundária, com a armadura sendo a sua principal forte de aumentar a resistência e vida do seu personagens, o capacete para melhorar atributos como ganho de adrenalina e proteção e as armas podendo escolher até duas para cada personagem de 4 armas que cada personagem pode usar. Nesse ponto uma dica importante é testar cada uma das 4 armas de cada personagem e ver com qual se adapta melhor, para assim começar a upar a maestria com essa arma, isso irá ajudar muito em sua Gameplay.

É importante ressaltar que a proposta do game é trazer 2 personagens distintos, então isso também irá interferir no combate e na sua abordagem em certas situação e missões, por exemplo, existem missões que você deve assassinar um alvo dentro de templo ou base cheias de inimigos, nesse caso, Naoe será menos eficaz do que Yasuke que consegue lidar com vários inimigos ao mesmo tempo, portanto, é mais interessante ir com Yasuke para essa missão.

Esse sistema pode parecer confuso e complicado agora, mas na prática quando você estiver jogando o game, verá que para se acostumar com essas novas mecânicas vai pouco tempo, e logo você estará dominando cada um dos pontos de Assassin’s Creed Shadows, e digo mais, adorando cada uma das mecânicas inseridas aqui, pois ela de fato deixam o game incrível.

Aumente sua Maestria de forma inteligente

Em Assassin’s Creed Shadows temos o sistema de Maestria, que funciona com a arvore de habilidades do game, nele podemos upar nossas habilidades, divididas entre as armas de cada personagem, shinobi e assassino para Naoe e para Yasuke suas armas, Samurai e combate. Sendo assim é importante planejar bem onde usar cada ponto, mesmo que esses possam ser recuperados, pois tendo um plano bem traçado de onde irá colocar cada bom, a sua gameplay irá se tornar mais fácil conforme for evoluindo cada habilidade.

Um ponto importante a se mencionar aqui é que para subir o rank do seu personagem, você precisa completar e explorar alguns templos, que estão espalhados pelo mundo aberto de Assassin’s Creed Shadows, fazendo isso você ganha sabedoria e eleva seu rank, liberando assim novas habilidades para upar com seus pontos de maestria, ou seja, se ver um templo no caminho, explore ele, na maioria das vezes nesses templos é preciso somente achar pergaminhos escondidos que podem ser encontrados pesquisando o local com L2, ou orar em santuários de oração, algo simples que te ajuda a conseguir não só pontos de maestria para evoluir seu personagem, mas também aumenta o seu rank.

Outras formas de se conseguir pontos de maestria dentro do game são liberando templo e castelos pelo mundo aberto, passando de nível de personagem, fazendo missões secundárias como contratos, atividades no mundo, ajudando NPC, sincronizando em lugares específicos para liberar o mapa e até mesmo caçando membros de clãs com da árvore retorcida.

Esse sistema de progressão além de incentivar o jogador a explorar o mundo, também “forçar” a apreciar toda a beleza do Japão, desde paisagens com ipês por todas as partes, até lagos deslumbrantes, e dentro disso, a Ubisoft foi esperta em não colocar milhares de pontos de atividades pelo mapa como foi feito no Valhalla, aqui vemos que temos bastante atividades, mas elas não se tornam maçantes como no jogo anterior, e isso é um ponto extremamente positivo de Assassin’s Creed Shadows, pois não deixa o jogo perder a graça por atividades “bobas” e te mantem ligado e interessado em continuar explorando.

No geral a evolução dentro do game é extremamente gratificante, pois fica claro durante o combate que o seu personagem está mais habilidoso, seja pelos golpes novos desbloqueados ou pelas habilidades especiais usadas durante a luta. E isso fica nítido também no poder do personagem que dependendo da sua escolha de armadura pode até ter status passivos como imunidade, força de ataque, ataque imbloqueável entre outras… Tudo isso torna o combate e o uso das maestrias algo muito rico dentro do game, o que torna Assassin’s Creed Shadows certamente um dos jogos mais assertivos nesse ponto da franquia inteira.

Pontos que tornam Assassin’s Creed Shadows uma experiência única

Muito se fala sobre Assassin’s Creed Shadows ter sido lançado muito tarde, talvez pela clara comparação que será feita com outros jogos com temáticas parecidas, porém, nesse ponto tenho que descordar com tais afirmações, pois cada jogo tem uma proposta, e cada um é único por suas maneiras, Assassin’s Creed Shadows apresenta um Japão mais amplo e vasto para se explorar, já Ghost traz um foco maior na história e na densidade de elementos e atividades dentro das regiões do game.

Mas tem ponto que certamente tornam Assassin’s Creed Shadows uma experiência sensacional, principalmente para aqueles fãs de longa data da franquia que sempre sonharão com esse jogo, e sobre isso posso dizer que pontos como ambientação, representação do mundo real dentro do jogo, assim como a cultura da época, são tratados com enorme zelo, e essa recreação de mundo é com certeza o ponto forte da Ubisoft em todos os seus jogos, mas aqui parece que o nível foi elevado quanto a transportar o jogador para o lugar onde o jogo se passar.

Detalhes como vilas pensadas nos mínimos detalhes para ficarem fiéis aos vilarejos Japoneses daquela época, estruturas icônicas, castelos e construções fieis as vistas até hoje no Japão e que já se tornaram um símbolo do país. Sçao esses detalhes tornam a imersão dentro de Assassin’s Creed Shadows muito maior e mais interessante.

Gráficos e áudio excelentes

Os gráficos de Assassin’s Creed Shadows surpreendem, embora não cheguem a ser algo hiper realista, mas entrega algo que ao meu ver é muito mais importante que isso, traz um olhar apurado para a parte artística, então temos cenários lindos a cada lugar que passamos, cada detalhe, torna o mundo um elemento magnifico a parte. Assim como personagens, pois aqui temos alguns dos personagens mais cativantes da saga nos últimos anos como por exemplo Naoe que é durona em momentos e meiga em outros, mostrando assim suas diversas camadas, já Yasuke se mostra um homem sofrida, com um passado de dor e sofrimento, mas que passa por cima de tudo isso para cumprir o seu propósito e encontrar paz, e isso se estende ao personagens secundários como Junjiro, uma criança que aparece na história como um alivio cômico inicialmente mas que com o decorrer da história vai se tornando extremamente importante, e também um dos melhores personagens do game.

Já na parte de áudio, Assassin’s Creed Shadows consegue conversar muito bem com as situações que estão acontecendo, com músicas calma em momentos de exploração, e músicas agitadas em momentos de ação, e isso realmente ajuda na hora da imerso dentro do game. Outro ponto importante referente ao áudio é o modo imersão, na qual cada personagem irá falar em sua língua materna, algo igual ao visto na série Xogum, onde os japonese falam Japonês e os estrangeiros falam em suas línguas mãe, no caso de Assassin’s Creed Shadows o português de portugal em especial e diferentes sotaques do japonês.

O game em um contexto abrangente trata muito bem os termos técnicos, em especial quando o assunto é trazer uma imersão maior ao jogador, e tudo isso com um grau de fidelidade muito grande.

Assassin’s Creed Shadows é um passo na direção certa

Ainda é cedo para falar sobre o futuro da franquia Assassin’s Creed, mas é certo que Assassin’s Creed Shadows era o jogo que a franquia precisava para voltar com tudo. Graças aos rumos que a história de deixou traçou para a franquia, temos uma nova história para acompanhar, e certamente o plano é continuar essa história por pelo menos mais 2 ou 3 jogos, então, certamente teremos mais de Assassin’s Creed nos próximos anos.

Apesar de não ser um jogo perfeito, Assassin’s Creed Shadows da início a uma nova era na franquia Assassin’s Creed, agradando os fãs mais antigos da franquia que por anos pediam um jogo no Japão, e com um grande potencial de conquistar novos jogadores que ainda não conhecem o Credo.

Esse review de Assassin’s Creed Shadows foi escrito através de uma cópia de review do game para PS5, gentilmente cedida pela Ubisoft.