Desenvolvido pela Ubisoft e lançado originalmente em 2003, o primeiro Beyond Good & Evil tem ganhado bastante destaque nos últimos anos, especialmente após o anúncio de sua aguardada continuação. Eu, particularmente, não conhecia o título, mas com todo o alvoroço em torno deste clássico cult, decidi que era hora de experimentá-lo. A oportunidade finalmente chegou com sua versão aprimorada: Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition. Mas será que este jogo é realmente tão bom quanto dizem? Vamos descobrir nesta review.
O Universo e seus mistérios
Nossa história se passa no futuro, mais especificamente em 2435, quando os humanos já conquistaram as galáxias, explorando diversos sistemas solares e conhecendo várias outras raças alienígenas. Nesse cenário futurista, nossa trama se desenrola no planeta Hillys. Assumimos o papel de Jade, uma jovem fotojornalista que vive com seu tio adotivo, Pey’j. Juntos, eles cuidam de um orfanato, mas enfrentam dificuldades financeiras, sem créditos, a moeda do jogo. Para piorar, o planeta é constantemente atacado por uma raça alienígena conhecida como DomZ. Felizmente, Hillys é protegido por um grupo especial chamado Alphas.
Em meio a esse cenário de guerra, nossa aventura começa quando somos recrutados por um grupo chamado IRIS, composto por repórteres e agentes especiais. Eles apresentam a Jade uma teoria da conspiração: a guerra entre os DomZ e os Alphas é forjada, e, na verdade, ambos estão trabalhando juntos para sequestrar humanos. Ainda cética, Jade se junta ao grupo e inicia sua jornada para desvendar a verdade sobre o que está acontecendo em Hillys e expor a realidade para toda a população.
A trama de Beyond Good & Evil é cativante e ganha ainda mais força graças ao elenco de personagens secundários, como “H Duplo” e Pey’j, que interagem constantemente durante a aventura com comentários, piadas e até teorias. Jade, a protagonista, também é uma personagem muito relevante e seu passado misterioso entra em jogo quando ela começa a ter visões bizarras, adicionando profundidade e um ar de mistério à história. Para completar, a dublagem é excelente, tornando a história ainda mais envolvente e agradável de acompanhar, com um ritmo muito bem ajustado e legendas em português Brasil.
Exploração, progressão e combate
Em termos de exploração, pode-se dizer que Beyond Good & Evil é bastante similar aos antigos jogos de Zelda, como Ocarina of Time. Somos lançados em Hillys, um mapa extenso repleto de mar e ilhas que podemos explorar com nosso aerobarco. Esse veículo é essencial para nos levar de uma ilha a outra e até a áreas secretas. Explorar esses locais é crucial para encontrar personagens, segredos, créditos e pérolas, que são duas moedas importantes para nosso progresso no jogo. As pérolas, em particular, são utilizadas para realizar melhorias em nosso aerobarco, sendo algumas dessas melhorias essenciais para a progressão da campanha.
Ao explorarmos uma das ilhas de Hillys passaremos por cavernas, cidades, fábricas e tudo isso controlando a Jade e acompanhado por um personagem secundário durante grande parte da campanha, seja “H Duplo” ou Pey’j. Ambos possuem habilidades similares e são essenciais para a progressão e exploração das fases, que lembram as dungeons dos antigos jogos de Zelda, repletas de quebra-cabeças, segredos e itens. Nosso parceiro pode quebrar grades, abrindo novos caminhos, além de nos ajudar em combates, tornando a experiência mais dinâmica e estratégica. Em relação a Jade, ganhamos novas ferramentas ao longo da campanha, podemos também encontrar ou comprar corações para aumentar a nossa vida total, garantindo uma maior sobrevivência durante os combates.
O combate em geral é bastante simples em Beyond Good & Evil: Jade utiliza um bastão para atacar os inimigos com uma seleção limitada de golpes, que pode ser levemente expandida ao longo da campanha com novas ferramentas, como uma luva que atira uma espécie de bola de energia. Há também uma boa variedade de diferentes golpes à venda em algumas lojas, mas nada que garanta uma grande profundidade ao combate. No entanto, o sistema funciona bem e brilha nas lutas contra chefes, que funcionam como quebra-cabeças a serem resolvidos antes de conseguirmos atacar os inimigos. Além disso, temos trechos furtivos que precisamos passar sem sermos vistos.
Atividades secundárias
Essa foi uma parte que me surpreendeu bastante, mas que faz muito sentido no mundo de Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition . Lembra que destaquei a importância das pérolas para a progressão do nosso aerobarco e da campanha? Pois bem, elas podem ser adquiridas de diversas formas. Como Jade é uma fotojornalista, teremos uma câmera que podemos utilizar para tirar fotos de informações importantes da campanha, resolver quebra-cabeças e registrar a vida alienígena; a cada 10 fotos de vida alienígena única nós conseguimos uma pérola.
Outras formas de adquirir pérolas incluem comprá-las de vendedores espalhados por Hillys, encontrá-las em cavernas ou missões secundárias e finalmente, em mini-games. Estes mini-games são geralmente muito divertidos, como uma corrida desafiadora e empolgante com nosso aerobarco ou um jogo onde devemos lançar todas os discos no campo adversário. Participar desses mini-games nos permite ganhar pérolas ou créditos, além de dar vida a Hillys e sua população, proporcionando um mundo vivo e divertido de se explorar em Beyond Good & Evil.
Aspectos técnicos da nova versão
Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition é a nova versão disponível para compra através das plataformas digitais, esta edição traz diversas melhorias, e como joguei no PlayStation 5, tive acesso a um jogo que rodava em 4K60FPS, auto-save e melhoria no áudio e gráfica, destacando-se pela nova iluminação dos ambientes e pelos modelos de personagens. Tudo isso sem quedas de desempenho ou qualquer tipo de bug visual, garantindo uma experiência excelente para o primeiro contato com este título da Ubisoft.
Contudo, é importante destacar um problema relacionado à taxa de quadros por segundo. Como o jogo não faz transição de jogabilidade para cenas, mantendo tudo no mesmo gráfico, com o título rodando a 60FPS, algumas cenas acabaram ficando esquisitas, com tudo acontecendo rapidamente, como se estivesse assistindo a um vídeo super acelerado. Isso pode ser tanto cômico quanto frustrante; no meu caso, não me incomodou.
Vale a pena comprar Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition?
Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition é a nova versão de um dos títulos mais aclamados da Ubisoft, e finalmente consigo entender o porquê. Desde sua história envolvente, com personagens excelentes e um ritmo divertido, até os mistérios intrigantes em um universo futurista, o jogo oferece uma experiência completa. Sua jogabilidade, embora tenha um combate pouco profundo, compensa com vastas áreas para exploração, puzzles complexos e uma excelente variedade de atividades secundárias recompensadoras.
Com um pacote que inclui todos esses elementos e legendas em português Brasil, eu recomendo facilmente a compra de Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition. Venha e junte-se ao grupo de jogadores que aguarda há mais de 10 anos pela sua continuação, ansioso por respostas e pela expansão deste grandioso e interessante universo.