Review | Bleach Rebirth Of Souls (PS5)

Minha relação com Bleach é um tanto curiosa. Vi o primeiro anime há muitos anos e curti na medida do possível. Não era o melhor, mas era decente. Então, eis que, muitos anos depois, anunciam um jogo de luta em arena: Bleach Rebirth of Souls. Minha curiosidade foi captada, afinal, era uma oportunidade de reviver aquela história e jogar com seus personagens. O título, por acaso, caiu nas minhas mãos para review. Mas será que Rebirth of Souls faz jus à obra original? Ou ficou apenas no meio do caminho, como mais um jogo genérico de anime? Vamos descobrir nesta review.

A História

Para aqueles que não conhecem, Bleach é um anime que nos apresenta ao protagonista Ichigo Kurosaki, um adolescente estudante do ensino médio que mora com o pai e as irmãs. No entanto, ele possui uma habilidade única: pode ver espíritos. Isso permite que ele encontre a Shinigami (ou Ceifeira de Almas, Soul Reaper etc.) chamada Rukia Kuchiki, que está em missão próxima à casa de Ichigo. Essa missão envolve caçar um Hollow, um espírito que perdeu seu coração para o desespero ou arrependimento. Um desses Hollows captura a irmã de Ichigo, e as coisas tomam um rumo imprevisível: Rukia é derrotada e, sem escolha, transfere seus poderes para Ichigo, tornando-o um Shinigami substituto, quase como um estagiário.

Essa é a premissa inicial tanto do jogo quanto do anime. A história se expande, apresentando diversos novos personagens e aprofundando-se nas regras do mundo, nas hierarquias e nos diferentes poderes existentes nesse universo fascinante. Para ser honesto, eu não esperava que o jogo fosse tão “fundo” assim na narrativa, mas ele se esforça para recontar diversas sagas e eventos importantes do anime com bastante ênfase.

A narrativa se desenrola tanto entre as lutas quanto durante elas, com cenas carregadas de diálogos. No entanto, a execução deixa a desejar: a expressão dos personagens, a movimentação e a dublagem não são das melhores. Assim, embora eu aprecie a profundidade da história, me pergunto o quão necessária ela realmente é, pois acaba tornando a experiência cansativa ao longo de uma campanha de 25 horas.

Estrutura da campanha

Mas como é o progresso em Bleach Rebirth of Souls? Bem, seguimos um conjunto de missões com objetivos primários e secundários. Essas missões consistem, em sua maioria, em lutas um contra um, que podem ocorrer tanto contra os Hollows, inimigos comuns do anime, quanto contra outros personagens. Essas batalhas costumam ser bem interessantes.

O jogo apresenta diversas sagas e diferentes caminhos que levam a diferentes lutas adaptadas do anime. Além disso, há caminhos secretos e histórias alternativas que podem ser desbloqueadas ao completar objetivos secundários, o que adiciona uma camada extra de conteúdo. Ou seja, há uma campanha sólida, recheada de cenas e jogabilidade.

Ao concluirmos cada luta, ganhamos experiência e Pontos de Alma (moeda do jogo), que podem ser usados na Loja Urahara para comprar itens, como cristais da alma que aumentam temporariamente nosso dano, ícones para o modo online e títulos.

Além da campanha

Além da campanha principal, o jogo oferece uma campanha alternativa secreta para três personagens. Esse conteúdo extra é desbloqueado ao cumprir certos objetivos secundários, adicionando algumas horas ao tempo total de jogo. Outro ponto de destaque é o elenco de personagens. Bleach Rebirth of Souls conta com 32 lutadores jogáveis no lançamento, além de mais quatro que serão adicionados via DLC no próximo ano.

No modo offline, temos três opções principais:

• Treinamento – Um espaço para praticar golpes, testar algumas combinações de combos e experimentar especiais.
• Modo Versus – Permite batalhas contra a CPU ou contra outro jogador localmente.
• Missões – Desafios contra uma sequência de três oponentes, recompensando o jogador com Pontos de Alma em caso de vitória.

Já no modo online, podemos disputar partidas livres ou personalizadas, com opções para ajustar personagem, skin e até a taxa de ping – um fator importante para garantir a estabilidade da conexão. No entanto, Bleach Rebirth of Souls não conta com um modo ranqueado, o que me decepcionou bastante. A ausência desse recurso significa que não há um sistema para medir suas habilidades contra jogadores do mesmo nível, o que pode desmotivar aqueles que buscam desafios competitivos mais estruturados.

Jogabilidade

Bleach Rebirth of Souls é um jogo de luta em arenas no estilo Dragon Ball: Sparking! Zero e Naruto: Ultimate Ninja Storm. Esse subgênero traz algumas características interessantes, como a jogabilidade focada em movimentação e golpes especiais. Os combos são bastante limitados e, por ser um jogo baseado em anime, o fator diversão está muito ligado à power fantasy, ou seja, à experiência de controlar seus personagens favoritos em batalhas frenéticas.

Em resumo, Bleach Rebirth of Souls passa longe de ter uma jogabilidade complexa que exige horas para dominar um único personagem. Aqui, todos os lutadores compartilham controles similares e combos padronizados. Por exemplo, todos possuem um combo rápido ao pressionar quadrado três vezes ou um combo mais forte ao pressionar triângulo duas vezes. Não há combinações complicadas de botões para a execução de golpes especiais — tudo é simplificado para tornar o combate acessível.

Apesar disso, a jogabilidade continua sendo divertida e satisfatória. Quando você entende a dinâmica “pedra, papel e tesoura” entre os golpes básicos (quadrado, triângulo e bola), o jogo ganha um ritmo interessante. Mesmo sem combos elaborados, é possível criar sequências de ataque usando a movimentação ágil e as técnicas Kikon e de pressão espiritual, que representam os golpes poderosos e icônicos de cada personagem do anime. Além disso, alguns personagens possuem um sistema de despertar, que funciona como uma transformação. Os Shinigamis, por exemplo, podem ativar suas Bankais, tornando suas espadas ainda mais poderosas. Outros personagens têm variações únicas desse despertar, adicionando camadas à jogabilidade.

No entanto, Bleach Rebirth of Souls apresenta uma mecânica de combate diferente da tradicional. Em vez de rodadas, as lutas acontecem em um formato contínuo e podem durar vários minutos. O objetivo é reduzir os “Konpaku” do oponente — um contador exibido acima da barra de HP. Para remover múltiplos Konpaku de uma vez, é preciso reduzir a vida do adversário para cerca de 20% e finalizá-lo com um golpe especial. Caso contrário, se o HP chegar a zero sem essa finalização, o inimigo perde apenas um Konpaku e volta à luta com a barra de vida restaurada. Na teoria, essa mecânica faz sentido dentro do universo de Bleach e adiciona uma camada estratégica ao combate. Na prática, porém, algumas lutas podem se arrastar e se tornar cansativas. Se isso será um ponto positivo ou negativo para você, vai depender do seu gosto pessoal.

Aspectos Técnicos e Artísticos

Joguei Bleach Rebirth of Souls no PS5 e não precisei escolher entre modo desempenho ou qualidade, o que indica que o jogo roda a 60 FPS em 4K. No entanto, essa taxa de quadros não é estável. Em momentos com muitos efeitos na tela, é possível notar quedas perceptíveis no desempenho. Ainda assim, o PS5 parece ser a melhor plataforma para jogar Bleach Rebirth of Souls, já que a versão de PC vem enfrentando diversos problemas de estabilidade técnica.

No quesito artístico, o time de desenvolvimento capturou muito bem a estética do anime. Tudo é muito estiloso e repleto de cores vibrantes, desde os menus até os golpes especiais e os efeitos únicos ao destruir os Konpakus. O jogo exala o DNA de Tite Kubo, tornando-se um prato cheio para os fãs da obra original. A trilha sonora também segue essa linha, trazendo um rock intenso durante as lutas e reutilizando músicas do anime nas cenas mais épicas da história, o que reforça ainda mais a identidade do jogo com Bleach.

Já na parte gráfica, a situação é um pouco mais complicada. Embora não seja um jogo impressionante visualmente, a iluminação é bem-executada e ajuda a compor um visual agradável. No entanto, as expressões faciais deixam bastante a desejar – estão rígidas e pouco naturais, o que acaba prejudicando a imersão em algumas cenas.

Conclusão

Com todos os pontos de Bleach Rebirth of Souls apresentados, deixo claro que este é um bom título. É um jogo que posso, sim, recomendar, seja em promoção ou até mesmo a preço cheio, para aqueles que são grandes fãs do anime. Você encontrará uma campanha robusta, com muitos dos melhores momentos da animação adaptados e aplicados à narrativa, além de histórias secretas que agregam ainda mais conteúdo.

Por outro lado, temos um jogo que, tecnicamente, não é exigente para os amantes de fighting games e que não se aprofunda em nenhum de seus aspectos. Ainda assim, oferece uma experiência completa, com um bom elenco de personagens e modos offline e online. No entanto, peca ao não proporcionar profundidade na jogabilidade, o que pode dar a impressão de um título “braindead”, embora, mesmo assim, seja divertido.