Review | Days Gone Remastered (PS5)

Days Gone é mais um jogo da Sony a receber uma versão remasterizada, seguindo nos moldes de The Last of Us Part II e Horizon Zero Dawn. Ao contrário de Until Dawn, que foi completamente refeito em outra engine, Days Gone Remastered recebeu melhorias em cima da versão original, mas fica a dúvida: como essas melhorias se comparam em relação à versão de PS4?

Dois anos desde o apocalipse

O universo de Days Gone acontece dois anos depois de um clássico apocalipse zumbi, que vira a vida do protagonista Deacon St. John de cabeça para baixo. Durante a confusão, sua esposa Sarah acabou sendo esfaqueada, e Deacon acaba precisando deixá-la com alguns membros da equipe especial NERO, que levam Sarah embora de helicóptero.

Deacon e Boozer, seu melhor amigo, vão até o acampamento de refugiados para onde os funcionários da NERO afirmaram que a levariam, mas quando chegam, o local já foi devastado pelos zumbis, chamados de frenéticos. Eles chegam à conclusão de Sarah morreu no ataque, e o protagonista fica devastado.

Os amigos passam os anos seguintes como caçadores de recompensa, usando suas motos para viajar pelo interior do Oregon e realizar tarefas para conseguir moedas de troca. Até que Deacon começa a encontrar pistas de que Sarah pode estar viva, e aí a sua vida dá mais uma virada total com ele tentando encontrar a esposa de qualquer maneira.

A premissa de universo de Days Gone para um jogo é interessante, apesar de não ser nada inédito, e até mesmo a premissa da narrativa principal do homem que só quer reencontrar sua esposa também é boa, o problema fica na execução. Os diálogos são pobres e Deacon é um personagem que muitas vezes acaba ultrapassando a linha do irritante.

Mas o meu problema com Deacon não é o fato dele ter características negativas, é que em vários momentos ele tem reações que não combinam, começa a gritar sozinho sem motivo nenhum, é quase como se ele não tivesse uma personalidade definida. E isso acaba resumindo quase todos os personagens da história, com eles sendo bem esquecíveis no geral.

Sobrevivendo no mundo aberto

Days Gone é sobre exploração e sobrevivência no mundo aberto, com vários perigos à espreita. Você vai encontrar pequenas áreas urbanas ao longo do mapa, onde você pode conseguir materiais para craftar coisas como itens de cura, coquetéis molotov e entre outras opções. Porém, essas regiões também conta com ninhos de frenéticos, que precisam ser queimados, deixando essas criaturas ainda mais agitadas.

Para se movimentar pelo mapa, Deacon conta com sua fiel moto, que tem um sistema de combustível. Você pode encontrar combustível em alguns locais no mapa para encher o tanque de sua moto, ou gastar dinheiro nos mecânicos, que podem dar upgrades no veículo.

Além das missões principais, os grandes acampamentos de sobreviventes também contam com missões secundárias, e frenéticos ou outros tipos diferentes de zumbis não são o único problema que Deacon precisa enfrentar em Days Gone. Outros grupos de sobreviventes hostis podem te atacar, e ainda tem os cultistas que veneram os frenéticos.

O começo do jogo é um pouco entediante porque é apenas uma sequência repetitiva de vá do ponto A para o B para fazer uma tarefa para alguém, te proibindo de realmente começar a explorar. As coisas melhoram depois de algumas horas, quando você finalmente se livra desse trecho, mas o problema é que a reta final do jogo é exatamente igual ao começo, te deixando preso em várias tarefas de pegar itens para alguém.

O diferencial de verdade de Days Gone fica por conta das hordas, que são grandes grupos de frenéticos que você pode encontrar em pontos específicos do mapa, mas você precisa estar muito bem preparado para encará-los, porque se trata de uma grande quantidade de inimigos, que conseguem ser tão rápidos quanto você. Mas a quantidade de hordas no mapa é consideravelmente baixa.

As diferenças da remasterização

Days Gone Remastered mexeu um pouco no esquema de cores do jogo, com o visual dos cenários enquanto está de dia tendo um pouco mais de cor que a versão de PS4, e as noites são um pouco mais escuras, enquanto no original mal parecia que estava de noite. Iluminação no geral também melhorou, principalmente o efeito de focos de luz durante a noite.

Mas em questão de visuais, é basicamente essa a diferença. Como a maioria dos jogos, ele também conta com a opção de modo performance ou qualidade, no qual o modo performance roda a 60fps com resolução de 1440p, enquanto o qualidade foca na resolução de 4K ao custo de manter o jogo a 30 fps.

Em relação à gameplay teve uma diferença bem perceptível, que é a moto de Deacon. Na versão original, o veículo sofria de um grave problema no qual parecia flutuar pela estrada, a não ser que você desse todos os upgrades de tração para melhorar a sensação ao dirigir. No remaster, a moto realmente está com peso dessa vez, mas é sempre o mesmo peso, com o upgrade de tração não fazendo mais diferença, e está com tanto peso que dá a sensação de que você pode estar afundando o R2 do seu controle, que a moto não anda o tanto quanto deveria.

O adicional de Days Gone Remastered é o novo modo chamado de Ataque da Horda, uma espécie de modo mercenários presente em Resident Evil 4. Nesse modo, você é colocado dentro de um mapa que tem certos contadores de tempo, e seu objetivo é sobreviver a cada onda de frenéticos que aparece, aumentando cada vez mais a quantidade de inimigos a cada onda.

Você conta com uma boa seleção de personagens da história para jogar, mas todos eles tem a mesma gameplay e equipamentos. Ou seja, fora o visual, não muda em absolutamente nada você escolher jogar como Deacon ou sua esposa Sarah, por exemplo.

De tempos em tempos, você tem um tempo para respirar entre uma horda e outra, te dando a opção de explorar o mapa atrás de recursos para craftar e recarregar suas munições antes da próxima horda. A cada frenético eliminado, você ganha pontos, com um placar que você deve alcançar em cada modalidade de Ataque da Horda para poder desbloquear a próxima.

O modo também conta com um recurso para punir ou ajudar jogadores, mas que acaba afetando a sua pontuação. Por exemplo, equipar atributos que possam te ajudar dão uma punição no seu total de pontos finais, podendo perder em torno de 20% de pontos ao final da partida, enquanto atributos feitos para te atrapalhar multiplicam a sua pontuação final.

Esse novo modo de Days Gone Remastered é uma boa distração para aqueles que gostam de lutar contra as hordas no modo história, e traz uma boa dose de adrenalina, mas também acaba cansando um pouco rápido.

A remasterização também adicionou uma imensa quantidade de opções de acessibilidade, incluindo até a leitura do que está na tela para pessoas que tem baixa visão, e uma opção de diminuir a velocidade de gameplay, como se fosse um slow motion.

Considerações Finais

Se você nunca jogou Days Gone e até hoje tem curiosidade, essa acaba sendo a versão definitiva para você comprar por conta dos upgrades, mesmo que poucos. Se você já jogou no PS4 e não se importa com o modo Ataque da Horda, o upgrade acaba não sendo uma boa opção para você. Com a exceção desse modo, as adições ao jogo foram bem poucas, e o visual é essencialmente o mesmo da sua versão de lançamento.

Essa review foi possível graças a uma chave enviada pela Sony, muito obrigada!