Death Stranding 2 foi oficialmente anunciado em 2022 durante a The Game Awards daquele ano, e instantaneamente se tornou o meu jogo mais aguardado da atual geração de consoles (sim, mais do que GTA VI).
Muito disso se deu pela imensa qualidade do primeiro Death Stranding, que apesar de não ter criado um gênero novo (como prometido pelo Kojima), deixou a violência e outras coisas mais batidas dos jogos modernos de lado para contar uma história única sobre humanidade, que usou e abusou de mecânicas de walking simulator para me fazer refletir sobre os temas abordados pelo game durante uma entrega e outra.
Com Death Stranding 2: On The Beach, Hideo Kojima prometia expandir essa ideia e trazer novos elementos para a fórmula, tendo um foco maior na ação e, em suas próprias palavras, ”tentar não prever o futuro” com o roteiro do game.
Pois bem, após meses de espera e trailers que talvez tenham mostrado um pouco mais do que o necessário, Death Stranding 2 finalmente chegou, e após cerca de 45 horas de game eu finalmente tenho as respostas para as perguntas de 1 milhão de likes: Death Stranding 2 é tão bom quanto o primeiro? A promessa de ter um maior foco na ação realmente foi cumprida? Você descobre a resposta para essas e outras dúvidas em minha análise completa de Death Stranding 2: On The Beach!
Death Stranding 2: On The Beach corrige problemas do primeiro game e prova que sim, deveríamos ter conectado

Death Stranding 2: On The Beach coloca o jogador novamente na pele de Sam Porter Bridges, o lendário Porter (como são chamados os entregadores) conhecido como ”o homem que faz entregas” no mundo de Death Stranding, interpretado novamente por Norman Reedus. O segundo capítulo de Sam se inicia cerca de 11 meses após os acontecimento do primeiro game, com Sam tendo que lidar com as consequências de suas ações no final do game.
Apesar de ter conectado toda a região da UCA (antigo Estados Unidos da América) durante o primeiro game, Sam se viu obrigado a fugir e viver em completo isolamento para criar Lou, o BB que foi seu grande companheiro durante a sua jornada pelo EUA em sua primeira jornada, que é considerado como propriedade da Bridges.
Nesses primeiros momentos de game, já conseguimos perceber uma imensa mudança de tom no roteiro se comparado ao primeiro game, já que ao invés de abordar temas como solidão, isolamento e os demais sentimentos negativos que o isolamento social podem causar, Death Stranding 2 deixa claro que seguirá no completo oposto, tendo família e a força positiva que essas conexões trazem para um indíviduo.

Em meio a um lindo momento pai e filha entre Sam e Lou, Fragile, interpretada por Lea Seydoux, finalmente encontra o atual esconderijo de Sam, após alguns meses de procura. Mas claro que a visita de Fragile não é uma simples visita amigável: ela tem uma proposta para sam.
Agora como líder da Drawbridge, uma nova empresa focada em fazer entregas em regiões de fora da rede quiral, Fragile tem em suas mãos a oportunidade perfeita para tirar Sam e Lou da lista de procurados da Bridges, desde que ele aceitei partir em mais uma jornada, dessa vez para conectar o México a rede quiral da UCA. Apesar de inicialmente relutante, Sam aceita o trabalho, deixando Lou aos cuidados de Fragile.

Mas como na vida de Sam nada é perfeito, acontecimentos que não irei detalhar causam uma grande reviravolta na vida do Porter e de Fragile, que acaba os levando em uma nova jornada pelo continente Australiano, com o objetivo de expandir ainda mais a rede quiral e, quem sabe, ser o primeiro passo para conectar todo o mundo mais uma vez, se tornando na prática uma nova internet.
O poder das conexões
Death Stranding 2: On The Beach apostou alto em trazer uma grande quantidade de personagens para a trama, tanto alguns rostos conhecidos do primeiro game como Fragil, Deadman e Heartman, quanto novos personagens como Rainy, Tomorrow, o capitão Tarman e o extremamente carismático Dollman. Diferente do primeiro game, onde Sam passa boa parte do tempo sozinho, o grupo de companheiros de Sam é uma parte essencial da história, se fazendo presente durante toda a trama.
A presença constante desses personagens acaba criando algumas mudanças em relação a estrutura do primeiro game, que deixa um pouco de lado a construção do universo para trabalhar melhor a evolução dos personagens, já que os problemas pessoais de cada um deles se torna um dos grandes motores para o andar da história.

Graças a isso, o roteiro de Death Stranding 2 flui de uma maneira muito mais suave se comparado ao do game anterior, tendo um objetivo mais claro para a jornada de Sam que se conecta muito bem com as tramas paralelas dos personagens, que honestamente, sequer podem ser considerados como secundários. Tamanha é a importância do núcleo da Drawbridge para o roteiro que é perfeitamente possível considerar o grupo em si como o protagonista da história.
Claro, nada disso seria possível se os personagens, principalmente os novos, não fossem extremamente carismáticos e com personalidades que se conectam com o jogador, contribuindo imensamente para o ambiente de família que é criado dentro das instalações da DHV Magalhães, a nave/submarino comandado pelo capitão Tarman que serve como base para Sam e seus companheiros.
O destaque dos novos personagens vai para Dollman, um fantoche que abriga o Ha (como são chamadas as almas dos seres vivos no universo de Death Stranding) de um homem medium. Dollman irá acompanhar Sam durante toda a jornada, conversando com o Porter e até mesmo diretamente com o jogador em diversas situações, eliminando quase que por completo aquele sentimento de solidão que o primeiro game passava.
Tamanho é o carisma dos novos rostos, que passamos a nos importar com eles tanto quanto com o núcleo retornante do primeiro jogo, o que não é uma tarefa fácil de se fazer. O mesmo vale para as novas ameaças, já que apesar do retorno de Higgs já deixar uma série de perguntas no ar, novos temperos do lado dos vilões tornam as coisas bem mais interessantes, fazendo o jogador constantemente se questionar o que de fato está acontecendo e pra onde a história vai seguir.
Falando de adições, a promessa de Hideo em dar um foco maior na ação foi cumprida pelo diretor, que entregou cenas lindíssimas com direito a lutas de espadas com lâminas termais, tiroteios e até mesmo algumas explosões, o que era algo praticamente nulo no primeiro game. As cenas de drama também não deixam a desejar, sendo extremamente bem dirigidas.
Mais uma vez, a atuação magistral de Norman Reedus, Léa Seydoux, Troy Baker e todo o núcleo de personagens principal é a cereja do bolo, dando ainda mais personalidade a cada um dos personagens, tornando todos especiais e inesquecíveis a qualquer jogador que seja fã de uma boa história repleta de ”kojimisses”.

A trilha-sonora também contribui imensamente para toda a imersão do jogador com a história, graças a uma seleção de músicas pra lá de especial que entram nos momentos certos, seja para os momentos de contemplação durante as entregas ou para dar o tom de cenas dramáticas. Assim como no primeiro game, a sensação de que um amigo estava me apresentando novas bandas é presente, me fazendo conhecer vários artistas fenomenais como woodkid, Magnolian, além de canções inéditas de Low Roar e Daichi Miura.
Ah, os pedidos de adicionar um music player in-game finalmente foi ouvido, permitindo que os jogadores criem sua própria playlist com as musicas desbloqueadas e escutem a qualquer momento. Não se preocupe, as músicas ”settadas” para serem tocadas em determinado momento por Hideo tomara a trilha-sonora sem problemas, mantendo intacto o plano do diretor para onde qual música tocar em determinados momentos da jornada.

Um dos problemas do roteiro que permaneceram na sequência, embora em menor quantidade, foram os diálogos expositivos, que por vezes soam um tanto quanto artificiais pela quantidade de informações desnecessárias, que muitas vezes, já é de conhecimento do jogador. Apesar desse pequeno deslize, a narrativa de Death Stranding 2 continua grandiosa, demonstrando o amadurecimento de Hideo nesse quesito desde Metal Gear Solid V, que também possuía sérios problemas nesse aspecto.
Com um enredo mais maduro e com muito mais ação, Death Stranding 2 é uma magnifica história sobre a humanidade e os que nos torna únicos em meio a tantas outras espécies: a capacidade de amar, de odiar, de sofrer com perdas, e principalmente, de se conectar.
Keep on keeping on!
Já no que diz respeito ao gameplay, Death Stranding 2 expande magistralmente toda a base do primeiro game, trazendo grandes melhorias para o Social Stranding System, refinando as mecânicas de combate e de movimentação, muitas adições e grandes melhorias para algumas das mecânicas que não funcionaram muito bem no primeiro jogo.
Antes de mais nada, sim, Death Stranding 2 ainda é um jogo em que o principal objetivo é se locomover do ponto A até o ponto B para fazer entregar, tendo como principal inimigo os diferentes biomas e as dificuldades de locomoção em cada um deles. Além dos já conhecidos desafios dos terrenos como imensas dunas em regiões desérticas, montanhas e rios, Death Stranding 2 conta com um novo sistema de desastres naturais dinâmicos, dificultando ainda mais a jornada de Sam.
Tempestades de areia, terremotos, cheia de rios causadas pelas chuvas quirais.. Os novos desafios naturais vão desafiadores os jogadores e levar Sam ao límite da capacidade humana. Claro, Sam terá a disposição uma série de ferramentas para auxiliar no caminho, como escadas, cordas de alpinismo, a possibilidade de criar pontes e muito mais.
Porém, nem só de contemplação de paisagem e desastres naturais vive um porter, e a ação deu o seu ar de graça de maneira muito mais presente em Death Stranding 2, com várias missões envolvendo combate contra humanos, robôs ou BTs no meio do caminho.
A dinâmica das missões, aqui chamados de Pedidos, continuam seguindo o mesmo MO do primeiro game: aceitamos um pedido, nos é dado informações relacionadas ao conteúdo da carga, o destinatário e o local da entrega. Com essas informações, traçamos uma rota de travessia e seguimos viagem.


Logo de cara já notamos uma grande melhoria no mapa, que está muito mais interativo e detalhado, trazendo informações precisas a respeita do terreno e demais dificuldades que poderemos encontrar, permitindo que o jogador planeje a sua rota de forma muito mais confiável. A movimentação de Sam também está mais responsiva, reforçando ainda mais o sentimento de que nós estamos controlando cada passo de Sam nos mínimos detalhes.
Outra melhoria significativa é que agora temos acesso a veículos e armas logo no início do game, atendendo aos pedidos dos jogadores que reclamaram sobre a demora para desbloquear essas ferramentas no primeiro game, principalmente armas automáticas. Com isso, o maior foco na ação fica evidente desde as horas iniciais, com missões envolvendo limpar bases de bandidos utilizando armas ainda nas missões de tutorial.
Para acomodar esse novo foco na ação, as mecânicas de combate, principalmente com armas de fogo, sofreram uma grande melhoria e seu arsenal foi extremamente expandido. Fuzis de assalto, pistolas silenciadas, snipers, lança-foguetes…. Sam levou um arsenal de dar a inveja para a Austrália, mas claro, sem deixar de lado armas corpo-a-corpo como bastões elétricos e até mesmo o combate desarmado que teve algumas melhorias e adições ao moveset de Sam, além de algumas surpresinhas que não detalharei nessa análise (é serio, se eu contar estraga, vá jogar!).
Com um arsenal tão poderoso, os inimigos também sofreram um grande upgrade, possuindo um arsenal tão poderoso quanto o do Porter, usando e abusando do que as impressoras quirais tem a oferecer no quesito bélico. Os BTs também tiveram algumas mudanças, estando bem mais agressivos e com a sensação de esponja de danos diminuído drásticamente.
Algumas novas mecânicas de combate inéditas também trazem algumas surpresinhas que eu não irei contar nesse review para não estragar a surpresa de ninguém, mas que podem ser resumidas em duas palavras: inesperadas e genial.


O Stranding Social System também teve algumas novas adições e melhorias, tornando ainda mais incrível o sistema de compartilhamento de estruturas, que é o carro chefe do jogo.
Além de Death Stranding 2 suportar muito mais itens de outros jogadores no mapa ao mesmo tempo, algumas estruturas que apareceram na versão DIrector’s Cut dão as caras na sequência, além de claro, algumas novas estruturas que podem ser construídas através do seu QCP.
A cooperação entre os jogadores para construir as famosas estradas que cortam o mapa também fazem seu retorno aqui, trazendo uma nova adição ao sistema: os monotrilhos. Servindo basicamente para conectar as minas, que serão suas principais fonte de materiais, a alguns dos principais centros de distribuição principais de cada uma das regiões, facilitando imensamente o ”grind” exigido para restaurar as estradas.

Acompanhando o novo ritmo de jogo, o sistema de fast travel também foi completamente repaginado, fazendo uso da DHV Magalhães como principal meio de locomoção rápida pelo mapa. Uma grande conveniência que chegou junto com esse novo sistema é a possibilidade dar fast travel enquanto carrega cargas de pedidos, facilitando imensamente algumas entregas.
Porém, complecionistas de plantão, fiquem de olho com o novo sistema, já que entregar um pedido após um fast travel com a Magalhães implica em algumas penalidades.
Sam Porter Bridges, o “homem que entrega”
Uma das minhas maiores reclamações em relação ao primeiro game, foi a ausência de um sistema de habilidades para Sam, já que apesar de termos uma progressão com o desbloqueio de novos equipamento que afetam a velocidade e capacidade de Sam em carregar cargas cada vez mais pesadas, não possuir um sistema de desbloqueio de habilidades foi uma decisão um tanto quanto estranho.
Felizmente, Hideo Kojima parece que concorda comigo, e Death Stranding 2 possui não apenas um, mas dois sistemas distintos de progressão para as habilidades de Sam.
O primeiro e mais simples, tem como foco evoluir capacidades físicas do Sam, como por exemplo, aumentar passivamente o peso máximo que podemos carregar sem o auxílio de exo-esqueletos, maestria com certos tipo de armas e outros status do Porter. Para evoluir essas habilidades, basta jogar o game normalmente, já que todas as suas ações geram ponto de experiência para a árvore específica

O segundo sistema chamado ‘Aprimoramento do APAS’ envolve uma árvore de habilidades que impactam diretamente o funcionamento de algumas ferramentas e de mecânicas do jogo, como melhorias no sistema de Elo no Social Stranding System, melhorias no scanner e muito mais.
O sistema de Aprimoramento está diretamente conectado ao nível de conexão com os moradores locais, já que ao completar entregas e subir nosso nível de conexão com cada um deles, receberemos várias recompensas como novos itens, expansão da banda da rede quiral e pontos de memória para serem gastos no Aprimoramento do APAS.


Um primor técnico
Utilizando a poderosíssima DECIMA Engine desenvolvida pela Guerrilla Games, a Kojima Productions entregou o que é, possivelmente, o jogo mais bonito da atual geração de consoles, sendo um verdadeiro marco técnico, levando o PS5 ao limite nessa segunda metade da geração.
Sem fazer uso de tecnologias consideradas o bicho papão da otimização como o tão badalado ray tracing, a KJP conseguiu atingir texturas fotorealistas, que juntamente a um sistema de iluminação que beira a perfeição, expressões faciais de primeira, e principalmente, a quantidade de partículas durantes alguns dos eventos naturais, fazem de Death Stranding 2: On The Beach um verdadeiro benchmark do PS5 e que será objeto de comparação para os novos lançamentos durante o restante da geração (e quem sabe além da atual geração).


O mais impressionante de tudo isso, é que mesmo renderizando milhões de partículas de areia durante uma tempestade de areia ou faíscas giratórias NAQUELA cena que viralizou antes mesmo do game ser lançado, o PS5 segura o tranco e apresentar mínimas (pra não dizer nenhuma) quedas de frame rate, tanto no modo performance quanto no modo qualidade.
Esse primor técnico também se aplica a qualidade sonora do game, com efeitos como de fortes ventos, rios, cachoeiras e barulho das armas são um show a parte, sendo altamente indicado que o jogador curta a jornada com um bom par de fones de ouvido ou headset de qualidade.
A Magnum Opus de um gênio

Death Stranding 2 é aquele tipo de game que por meses será debatido pelos jogadores e especialistas da indústria, seja pela sua história magnifica, os memes que as quedas de Sam e os easter eggs podem render, ou pelo primor alcançado pela Kojima Productions. Apesar de ainda preferir o primeiro jogo por ele ter tido um impacto muito grande em minha vida, é inegável que a sequência reúne todas as qualidades que os jogos de Hideo Kojima acumularam ao longo dos anos, demonstrado que Kojima possivelmente alcançou o seu ápice como criador.
Apesar disso, se você definitivamente não é fã do primeiro game pois acha o loop de gameplay de fazer entregas chato, existem grandes chances disso se repetir com Death Stranding 2, já que o maior foco na ação não anula que, no fim das contas, você ainda estará fazendo entregas, só que com algumas explosões e tiroteios no meio do caminho.
Se você amou o primeiro game, Death Stranding 2: On The Beach é um game OBRIGATÓRIO para a sua biblioteca, já que ele não expande tudo o que deu certo no primeiro game, como também adiciona novos elementos que vão tornar a sua experiência pela Austrália uma jornada única e inesquecível.
Essa análise de Death Stranding 2: On The Beach foi produzida através de uma cópia de review gentilmente cedida pela PlayStation Brasil e a Kojima Productions.
O Review
Death Stranding 2: On The Beach
Death Stranding 2: On The Beach expande absolutamente tudo que funcionou no primeiro jogo e apara as rebardas do que não deu tão certo, trazendo uma história que emociona e empolga do começo ao fim, gráficos incríveis e refinamentos em sua mecânicas de gameplay, fazendo da aguardada sequência a Magnum Opus de Hideo Kojima.
PRÓS
- Gráficos incríveis
- Jogabilidade refinada
- História engajante com cenas muito bem dirigidas
- Maior foco na ação
CONTRAS
- O loop de gameplay envolvendo entregas pode frustrar alguns jogadores






