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Análise | Death’s Gambit

Em setembro de 2011, a From Software sob a liderança criativa de Hidetaka Miyazaki lançou Dark Souls, que rapidamente se consolidou no mercado, vendendo mais de 2.37 milhões de copias ao redor do mundo (entre 2011 e 2012), capturando uma verdadeira legião de fãs. Além de se tornar um dos jogos mais temidos e idolatrados, é até hoje considerado um dos melhores jogos já feitos. Trata-se de um RPG de ação em terceira pessoa, com uma das mecânicas de jogo mais bem polidas que já se viu (ATÉ OS DIAS DE HOJE!), absolutamente única e caracterizada por ser extremamente punitiva, onde cada movimento feito pelo jogador precisa ser calculado com o máximo cuidado.

Devido ao enorme sucesso técnico e comercial alcançado pela From Software em 2011, Dark Souls 1 segue inspirando grandes e pequenas desenvolvedoras, que se utilizam de uma mecânica de jogo (além de outros elementos) similar a lançada no primeiro jogo da Série Souls. Sua relevância foi e é tão grande, que deu início a um novo gênero de RPGs de ação, hoje conhecido como “Souls Like Games”, e nesse nicho tanto o cenário de jogos índies, quanto as produções milionárias seguem investindo pesadamente.

Death’s Gambit, desenvolvido pela White Rabbit, pequena produtora independente com sede em Los Angeles, EUA, lançado no último dia 14 de agosto para PC e PS4 segue essa tendência, e como fã incondicional da Serie Souls, posso afirmar que de maneira exemplar. Trata-se de um jogo em 2D, de aventura em plataforma, com profundos elementos de RPG, associados a um excelente level design e uma pixel arte belíssima que nos remete, além de Dark Souls, a jogos da série Castlevania, em especial o Symphony of The Night.

O CAMINHO DA MORTE

O jogo se passa em um mundo medieval conhecido como Leydia. Após uma grande batalha, Sorun, protagonista do game morre, acorda desesperado em meio a pilhas de soldados mortos e toma conhecimento de que toda a sua unidade foi dizimada na guerra, de modo que se vê obrigado a fazer um acordo com a própria morte, que lhe dá acesso a imortalidade, mas inicialmente não revela o que quer em troca ou quais são os seus objetivos. Sorun se vê perdido em um mundo hostil e desconhecido, precisando traçar seu próprio caminho em quanto enfrenta seus demônios pessoais, carrega nas costas o peso de duas tragédias que lhe custaram caro.

A história do jogo parece inicialmente rasa, porém, ao longo do gameplay em conversas com NPCs e flash backs nas lembranças do protagonista e de personagens específicos, nos é revelado um enredo complexo, que vai exigir a máxima atenção do jogador para entender o que está acontecendo. A White Rabbit desenvolve a história dos personagens principais do enredo progressivamente, como em um bom livro, as coisas vão sendo reveladas pouco a pouco, chegando ao ponto em que o jogador começa a se preocupar com o que acontece com alguns dos NPCs e passa realmente a se importar com essa angustiante jornada.

Morte

O CAMINHO DAS ALMAS ESCURAS

Antes de qualquer observação ou critica acerca da jogabilidade, é preciso que tenhamos em mente que se trata de uma pequena produção, com orçamento limitado e um pequeno time de desenvolvedores. Não é plausível que se espere encontrar em um jogo indie desse porte o mesmo primor técnico e acabamento que vemos em seu alter ego (Dark Souls). A grande maioria dos jogos indies devem ser analisadas como um evento único, que mesmo se inspirando em obras há muito consagradas, são trabalhos apaixonados e quase que artesanais de seus criadores.

Death’s Gambit é uma grande homenagem a Dark Souls, além da clara inspiração na mecânica de jogo, a White Rabbit faz diversas referências diretas a elementos característicos da franquia Souls. Após o contrato firmado com a Morte no início da campanha, a jornada de Sorun começa. O jogador é lançado em um mundo vasto, e com diversas áreas interconectadas por intermédio de atalhos desbloqueados conforme o gameplay avança. A dinâmica de jogo consiste em explorar os diversos cenários do jogo, cumprindo os pré-requisitos necessários (eliminar um boss, encontrar uma chave, acionar uma alavanca) até que o próximo seja desbloqueado.

Inicialmente teremos acesso a 7 classes de personagens (Soldado, Assassino, Cavaleiro Sanguinário, Mago, Nobre, Sentinela, e Acólito da Morte), cada uma delas vai possuir características específicas, sendo que a distribuição dos seus atributos (Vida, Força, Precisão, Inteligência e Celeridade) será focada no estilo de jogo que a classe propõe. Além das armas iniciais: Espada Longa, Montate, Machado, Adagas Duplas, Alabarda, Tomo de Magia e Foice, você terá acesso a um escudo.

Escolha de classe

Ao longo do gameplay, encontraremos novas armas, além de variações das armas iniciais do jogo, que podem ser compradas por intermédio de um vendedor, ou dropadas ao eliminar inimigos espalhados no cenário e em baús. A escolha da arma vai ser determinante, cada um dos tipos de arma possui dinâmica e física próprias, sendo beneficiadas por atributos específicos do personagem. Apesar de ser possível alternar entre o uso de todas as armas, é imprescindível que o jogador tenha em mente que estilo seguir logo no início da sua jornada.

Durante as batalhas, é possível alternar o uso entre uma arma primária e uma secundária, que pode ser um arco e flecha ou até mesmo uma foice. O escudo confere uma proteção adicional, além de benefícios variáveis, e é um item chave na batalha contra alguns chefões e inimigos.  Associados aos tipos de armas, teremos acessos a diversas habilidades especiais, que podem ser aprendidas com os NPCs do jogo.

the citadel

E por falar nos inimigos do jogo, sermos desafiados por uma boa variedade deles, que possuem pontos fortes e fracos que vão exigir uma estratégia específica de aproximação, como em Dark Souls, a grande maioria deles precisa ser estudada e eliminada com cautela. A batalha com os chefões de fase são o ponto forte do jogo, vamos enfrentar diversos deles em batalhas épicas e longas, que vão exigir do jogador paciência e habilidade. A morte vai ser sua companheira constante (PREPARE TO DIE!), porém o resultado do esforço é impagável, e é inevitável soltar aquele grito de alegria e raiva travado na garganta quando você entende como explorar as fraquezas dos chefões, derrotando-os um a um.

The Giante

O sistema de progressão do jogo é satisfatório, e não foge do usual. Ao eliminarmos os inimigos ou utilizarmos itens específicos, ganharemos “fragmentos”, que poderão ser utilizados para upar nosso personagem, comprar itens, aprender novas habilidades e até mesmo para aprimorar nossas armas e armaduras (capacete, bota e capa).  Após as batalhas contra os chefes de fase, ganharemos também pontos de talento, que vão nos garantir acesso a atributos especiais distribuídos em três ramos de habilidades únicas.

Teremos acesso a uma infinidade de itens, tanto por intermédio de vendedores, quanto em baús dispostos aleatoriamente nos cenários. Estes itens podem ser utilizados tanto para cura e realizar viagens rápidas, quanto para ser equipados no personagem, concedendo benefícios únicos que se bem utilizados, vão facilitar a sua vida.

O sistema de exploração do jogo funciona como um misto de Dark Souls com Castlevania, apesar da progressão ser basicamente linear, teremos acesso a áreas secretas e poderemos debloquear atalhos que encurtam nosso caminho de volta a segurança do Santuário. Ao longo da exploração, teremos diversos santuários de adoração a morte, que funcionam como as fogueiras de dark souls, neles poderemos upar, atribuir as habilidades em uso além de outras coisas. Ao longo do gameplay, nos depararemos com alguns NPCs, que após alguma interação, retornaram para o Santuário Central, onde poderemos compra itens ou até mesmo aprender habilidades.

NPC

O CORAÇÃO DE LEYDIA

Death’s Gambit aposta em um pixel art 2D, e acertadamente. A palheta de cores sombrias e a riqueza de detalhe dos cenários, associados a um level design excelente transmite ao jogador uma atmosfera altamente imersiva e arrebatadora. A trilha sonora acompanha bem o tom do jogo e cumpre satisfatoriamente com sua função.

Screenshot7

CONCLUSÕES

Como era de se esperar, a jogabilidade de Death’s Gambit é altamente desafiadora, e extremamente punitiva. Os controles apresentam alguns problemas, mas funcionam bem a maior parte do tempo. A exploração dos cenários apesar parecer ser livre, é linear e pode ser confusa, caso você deixe de eliminar algum boss, ou pegar um item específico, se vera tendo que explorar tudo novamente até descobrir o que deixou para trás. Quanto morrer por repetidas vezes (e isso vai acontecer com frequência) o jogo será interrompido por cutscenes e flash backs da vida de Sorun, esse é um elemento interessante do jogo, e inicialmente divertidos, mas em meio a uma batalha com um chefão, ou um trecho especialmente desafiador, essas interrupções passam a ser irritantes.

Death’s Gambit oferece uma experiência de jogo sólida e imersiva, faz diversas homenagens a seu alter ego, e seguramente é indicado para todos os fãs de jogos inspirado em Dark Souls. Caso você tenha jogado títulos como Salt and Sanctuary, Titan Quest ou mesmo Dead Cells, aqui está a sua próxima pedida. O jogo está disponível na STEAM (R$36,99) e na PSN (R$ 61,50) por preços bastante acessíveis, e nós garantimos que você não vai se arrepender de joga-lo.

EDMAR PRONTO3

“Uma cópia de Death’s Gambit foi gentilmente cedida a Manual dos Games para analise pela White Rabbit

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