A franquia Dynasty Warriors faz parte de um gênero bastante nichado no mercado de jogos chamado “musou”, que, em tradução livre, significa algo como imbatível ou invencível. Grande parte dos títulos que possuem “Warriors” no nome pertence ao gênero musou, como One Piece Pirate Warriors, Hyrule Warriors, Samurai Warriors e, é claro, Dynasty Warriors, o progenitor desse gênero, que nasceu em 1997. Desde então, diversos títulos têm apresentado melhorias consideráveis de lançamento em lançamento, mas, como ocorre com toda obra, em algum momento há uma estagnação.
Essa estagnação aconteceu com Dynasty Warriors 9, que, apesar de ser um bom jogo, acabou decepcionando boa parte dos fãs por oferecer um conteúdo extremamente raso e até mesmo considerado vazio para o gênero. Até mesmo sua expansão, chamada Empires, não foi suficiente para salvar o jogo. Isso fez com que a franquia ficasse na geladeira por sete anos, o maior intervalo sem lançamentos em sua história, preocupando os fãs que tiveram poucas novidades nesse período.
Anunciado em 30 de maio de 2024, Dynasty Warriors Origins traz uma proposta levemente diferente dos títulos anteriores. Os diretores do jogo buscam revitalizar a franquia, explorando as origens do jogo e seus personagens, entendendo o que fez a série se tornar um ícone no mundo dos jogos e permitindo que ela seja revivida. Além disso, há uma intenção clara de apresentá-la a um novo público. Com essa premissa e um foco renovado no desenvolvimento, surge a pergunta: será que a Koei Tecmo conseguiu realizar esse desejo? Confira nesta análise completa do game!
Bem-vindo aos três reinos
Existe um conceito no mundo dos jogos chamado de Ficção histórica, onde fatos reais são retratados com elementos fictícios, afim de trazer ao jogador um conhecimento real sem comprometer o entretenimento. É justamente isso que a franquia Dynasty Warriors trás até nós, ao levar o jogador até o período conhecido como “Os três reinos”, que aconteceu entre 189 e 280, na China. Esse período é caracterizado por diversos conflitos políticos e militares que aconteceram para que a China fosse unificada sobre um único líder, o que não era tão simples por diversas diferenças entre os povos.
No jogo, acompanhamos boa parte do desenvolvimento desse período, acompanhando desde a rebelião dos turbantes amarelos, que é onde o jogo se inicia, até o início dos conflitos entre os três generais de guerra Liu Bei, Cao Cao e Sun Jian em busca pelo poder. Vemos suas alianças, suas traições, seus interesses e acompanhamos de perto o desenvolvimento de cada um deles, do início de suas carreiras até o ponto alto de sua soberania, com uma narrativa bastante sólida e que explica bem ao jogador tudo que está acontecendo durante aquele período turbulento.
O problema surge pela falta de localização em PT-BR, que faz com que os diálogos – Tanto dentro quanto fora de fase – Se percam a jogadores que não estão habituados com o inglês, perdendo uma excelente história e personagens.
Graficamente falando, temos um jogo muito bonito, com gráficos e detalhes espetaculares para um título onde dificilmente você conseguirá apreciar os detalhes. Os personagens são muito bem modelados, os cenários onde a guerra acontece são vastos e muito bem construídos, e caso você consiga parar para admirá-los, vai se surpreender positivamente. Os efeitos de fogo, de golpes, são todos muito bonitos, trazendo uma imersão visual inquestionável para aqueles que apreciam esse aspecto.
Além dos gráficos, o jogo conta com uma trilha sonora que remete bastante aos títulos originais, proporcionando uma experiência altamente empolgante durante os combates. A trilha é eletrizante e frenética, mantendo o jogador em constante estado de entusiasmo, mesmo enquanto se desloca de um ponto a outro. Com os exércitos marchando ao seu lado e atacando os inimigos que cruzam o caminho, a música eleva ainda mais a imersão e a adrenalina do momento.
Entre o céu e a terra, você é o mais honrado
Em uma batalha de exércitos, aqueles que se destacam e têm seus nomes gravados na história são os generais. Em Dynasty Warriors Origins, assumimos o controle de um general fictício e sem nome, rodeado por inúmeras figuras históricas. Trata-se de um personagem único, criado especialmente para o jogo. Contudo, o maior ponto negativo é que Ziluan, como será chamado durante toda a campanha — independentemente do nome escolhido pelo jogador —, é um personagem quase inexistente em termos de narrativa.
Ziluan mal possui falas (para não dizer que não tem nenhuma), e a falta de personalização para esse personagem inserido no jogo faz com que Dynasty Warriors Origins peque no aspecto de desenvolvimento de personagem. Enquanto vemos os grandes generais da época amadurecendo e alcançando glórias ao longo da campanha, o protagonista apenas está presente, quase de forma inconsequente.
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Por outro lado, deixando esse aspecto de lado, Ziluan é, provavelmente, o melhor personagem jogável da franquia. Com uma enorme versatilidade no uso de armas, sendo nove disponíveis na primeira jogada e dez a partir da segunda, além de ser um exímio combatente graças ao seu passado, o personagem oferece uma experiência marcante. Ele faz com que o jogador realmente se sinta um guerreiro invencível. O combate no jogo beira a simplicidade extrema — é possível vencer praticamente qualquer fase apenas pressionando o botão de ataque fraco. No entanto, Dynasty Warriors Origins recompensa aqueles que experimentam com os controles.
Além dos ataques especiais únicos de cada arma (que podem ser configurados nos menus antes de cada batalha), Ziluan também conta com sua própria unidade de soldados. Ele pode emitir comandos como saraivadas de flechas, avanços de cavalaria, defesas de área, entre outros, conferindo ao jogador um poder inédito na franquia: o de influenciar o campo de batalha por meio de sua unidade.
De forma geral, o combate é um dos pontos altos do jogo. Não apenas foi projetado para limpar multidões de inimigos de forma eficiente, mas também funciona excepcionalmente bem em batalhas contra chefes. Sim, o jogo conta com alguns chefes, enfrentados em combates 1v1, algo que eu nunca esperaria em um Dynasty Warriors. Esses confrontos foram uma grata surpresa e acabaram se tornando alguns dos meus momentos favoritos no jogo.
Exército contra Exército – Os confrontos de grande escala são um grande atrativo
Algo que sempre chamou bastante atenção em Dynasty Warriors é o tamanho de suas batalhas. São exércitos compostos por milhares de soldados lutando em campo aberto, onde o contador de abates facilmente ultrapassa a marca de 1.000 inimigos. No entanto, em hardwares mais antigos, como o PS2, onde a franquia ganhou destaque, era bastante difícil transmitir esse ar de grandeza e exibir tantos inimigos na tela simultaneamente.
Graças ao poder da nova geração, Dynasty Warriors Origins consegue trazer algo nunca antes visto na franquia: as chamadas Large Forces ou “Forças Grandiosas”, em tradução livre. Trata-se de aglomerados de soldados e oficiais tão densos que possuem uma barra de HP própria, drenada a cada oficial derrotado. O número de soldados nessas forças varia de fase para fase, mas sempre ultrapassa 1.000 inimigos. Normalmente, um grupo de soldados com 50 a 100 inimigos é inofensivo, mas saltar sozinho em um amontoado de mais de 1.000 adversários pode ser perigoso até mesmo para o jogador.
Para equilibrar essa mecânica, o jogador também pode reunir sua própria Força Grandiosa ao completar diversos objetivos no mapa, como capturar bases, salvar oficiais em perigo, movimentar-se rapidamente, aumentar a moral do exército (o que influencia diretamente a quantidade de vida dos aliados em combate), entre outros. Quando duas Forças Grandiosas se chocam, é quando Dynasty Warriors Origins brilha de maneira espetacular.
Essas situações podem ser um pouco caóticas, com ataques vindos de todas as direções, deixando o jogador se perguntando de onde vieram. Contudo, considerando que você está no meio de uma guerra, essa confusão faz bastante sentido ao se pensar no contexto do jogo.
E ai? Dynasty Warriors Origins vale a pena?
Quando não se sabe mais como prosseguir, o correto é dar alguns passos para trás e obter uma visão clara do que está à frente. Foi exatamente isso que a Koei Tecmo fez com sua preciosa franquia. Ao buscar a revitalização necessária da série ao recorrer aos primeiros títulos como fonte de inspiração, Dynasty Warriors Origins encontra um novo caminho e se estabelece como uma das experiências mais divertidas que este que vos escreve teve nos últimos tempos. Com este título, 2025 se inicia de maneira forte e promissora para o estúdio.
A franquia Dynasty Warriors acertou em cheio com seu novo lançamento, não apenas em uma primeira jogada, mas também em partidas subsequentes. O jogo oferece uma grande quantidade de conteúdo para ser explorado no modo New Game +, incluindo armas mais poderosas, cavalos aprimorados e diversos outros elementos, além de múltiplos finais.
Para aqueles que buscam uma experiência mais tranquila, um título ideal para relaxar após um dia de trabalho ou em momentos estressantes, ou mesmo uma história envolvente com personagens bem desenvolvidos, Dynasty Warriors Origins certamente é uma escolha perfeita para você.
O Review
Dynasty Warriors Origins (PS5)
Dynasty Warriors Origins trouxe uma revitalização necessária para a franquia, sem perder de vista os elementos que a tornaram conhecida. Com gráficos belíssimos e a melhor jogabilidade da série, o novo título da Koei Tecmo entrega uma das melhores — se não a melhor — experiências nos Três Reinos já vistas em um jogo.
PRÓS
- Excelente gameplay
- Cenários belíssimos
- Os melhores conflitos em larga escala da franquia
- Variação de armas muito boa
CONTRAS
- Falta de localização em pt-br
- Personagem principal desinteressante