Não é de hoje que a From Software vem crescendo no conceito dos gamers e criando títulos altamente criativos e diferenciados, ditando até tendência entre outros estúdios, e Elden Ring, é a culminação final de todo esse trabalho, englobando diferentes obras em um jogo digno de ser o verdadeiro Jogo do Ano em 2022.
No entanto, devido ao grande sucesso do título, era improvável que a Bandai Namco não iria expandir o universo das Terras Intermédias, e após a aclamada expansão Shadow of the Erdtree, o lançamento Elden Ring Nightreign lançou no dia 31 de Maio como uma experiência isolada do jogo base e focada no multiplayer, então confere conosco a análise desse título!
Nightreign é uma reciclagem inteligente dos elementos de Elden Ring
Claro, não dá pra falar de Nightreign sem falar do grande elefante na sala: a polêmica de que esse título está aqui a pretexto de apenas reutilizar o que já foi criado como um título a parte sem oferecer nada de novo, mas as coisas funcionam de uma forma diferente.
Sim, muito daqui já foi visto em Dark Souls e Elden Ring, e o jogo não faz nenhuma questão de esconder isso, muito pelo contrário, é justamente graças a isso que esse Nightreign funciona da maneira que deveria.
Esse jogo é bem diferente de tudo que a From Software fez
Com uma jogabilidade focada no multiplayer, o sistema aqui não se baseia em você criar seu personagem para explorar um mundo aberto a sua frente, e sim usar um dos 6 personagens disponíveis para ingressar em uma “expedição” junto com outros jogadores, a qual pode ser concluída após a passagem dos 3 dias delimitados em cada jornada.
Essa expedição toma lugar em Limveld, um mapa similar a Limgrave do jogo original, mas com suas diferenças, e apesar de ser um mapa fixo, há algumas coisas que são randomizadas ao início de cada missão, evitando que o jogo se torne maçante após algum tempo.
Seu objetivo primário é explorar os locais oferecidos no mapa, como acampamentos, fortalezas, igrejas, atrás de inimigos e chefes, que são derrotados para se ganhar mais runas, permitindo que o nível aumente, além de procurar por itens consumíveis e armas mais fortes para seu personagem.
Inspirações de outros jogos que são “febre” também se fazem presentes
Passado algum tempo, porém, uma chuva altamente danosa irá começar a acontecer nas extremidades do mapa, e irá avançar até fechar um círculo em algum lugar específico do mapa ao melhor estilo battle royale, então o limite de tempo e o planejamento das rotas é essencial a cada expedição.
Assim que o círculo da “zona segura” ficar focalizado em um lugar fechado, esse local se tornará uma arena na qual o grande Chefe do dia aparece, e deve ser derrotado pela equipe, oferecendo ainda mais itens e runas.
Ao iniciar o segundo dia, Limveld abrirá novamente e você deve progredir no mesmo ritmo até o segundo grande Chefe, e é no terceiro dia que as coisas ficam muito sérias: sem explorar o mundo, você será diretamente levado a arena contra o Lorde da Noite, o objetivo final da caçada que deve ser derrotado para que o jogo progrida.
Uma coisa interessante são os efeitos de “Terra Mudada”, que adicionam alguns locais como partes de Caelid, Montanha dos Gigantes ou até uma cratera vulcânica no meio do mapa, ou até mesmo invasões de outros Lordes da Noite durante uma expedição, que ocorrem todos de forma aleatória, e ainda dão aquele gostinho de elemento surpresa em cada partida.
Opções e liberdade ainda definem Elden Ring Nightreign
Apesar do jogo iniciar com apenas um Lorde da Noite, assim que ele é derrotado, outros 6 aparecerão e podem ser derrotados em qualquer ordem que o jogador queira, e o Lorde da Noite final, que encerra a campanha, aparecerá após outras 4 expedições serem cumpridas, dando bastante liberdade e opção para o player.
Sim, muita coisa de Nightreign nós já vimos em outros jogos da empresa, mas a forma que o jogo funciona é diferente, e por mais que as armas encontradas pelo mapa sejam as mesmas de Elden Ring e os chefes comuns também, além de trazer alguns da trilogia Dark Souls, os Lordes da Noite são inteiramente originais, e as lutas são realmente sensacionais, com visuais e música de tirar o fôlego.
A dificuldade no geral é bem tranquila, ainda mais quando você já pega a “manha” da gameplay e o grande desafio pro resto das expedições é o Lorde da Noite, o que às vezes dá a impressão de que Nightreign consiste em uma grande luta contra chefe que tem uma penalidade de 40 minutos(duração média das partidas) caso você falhe.
Classes pré-definidas substituem o personagem livre
Claro, há 6 classes iniciais e mais 2 desbloqueáveis, o que pode dar um tempero a mais pro jogo, mas após você decidir qual sua melhor build, pouco foge do aspecto de renovação do game.
Por falar nas classes, não só elas representam estilos de jogabilidade como cada uma delas é um personagem dentro de Limveld, com sua própria história e podem ser interagidos como NPCs na mesa redonda, o lobby do jogo.
Com o Selvagem sendo um guerreiro comum, Olho de Ferro um arqueiro, Reclusa, a maga, Guardião, o tank, dentre outros, focados em destreza ou até invocação de espíritos para o combate, o jogo se adapta a todo tipo de jogador, e experimentar é sempre divertido.
Não é o foco, mas a história se faz presente também
Uma coisa interessante é que o jogo não se resume às 8 expedições, e há mais o que fazer na Mesa Redonda: por exemplo, cada um dos 8 personagens tem sua história, e elas são desbloqueadas em forma de livros e textos, no melhor padrão From Software, conforme você joga com eles. Além disso, cada personagem tem uma quest própria que é concluída buscando algum item na expedição, o que libera mais itens e até mesmo skins para os personagens.
Por falar nisso, as skins são bacanas, mesmo que custam um preço altinho e jogar MUITAS partidas é necessário para desbloquear todas, tendo algumas até trancadas atrás do Lorde da Noite final, mas a opção é meramente estética e não interfere na gameplay de Nightreign.
Já que estamos falando de história, é bom lembrar que, se Elden Ring já era bastante sutil e subjetivo em sua lore, Nightreign é ainda mais, até por não ser um jogo focado nisso. Há sim um enredo por trás da existência de Limveld e de todos os Lordes da Noite, mas ela é bem pouco desenvolvida, com cutscenes mais contemplativas e diálogos crípticos, sem todo aquele enredo político da Ordem Dourada ou até mesmo a interferência dos Deuses Externos, já que temos poucos descritivos e textos para esmiuçar.
Mas claro, longe de ser o foco, e os personagens não são lá muito carismáticos, tendo a mesma afetividade dos NPCs mais aleatórios de Elden Ring, então não espere nenhum momento emocionante como encontrar Artorias ou dar o devido descanso à Malenia, já que a pegada é outra.
Visuais e trilha sonora padrão From Software
Os visuais desse jogo, ao que tangem à originalidade, são sensacionais. Elden Ring já era de um nível de beleza extremo, e aqui isso se mantém. Os designs dos Lordes da Noite e das suas arenas, com efeitos visuais e mudanças incríveis de cenário, são de arrepiar só de lembrar delas, o que mostra um talento enorme da direção de arte de Nightreign.
Em trilha sonora, também não fica atrás. Os dois primeiros dias das expedições não tem lá uma trilha notável, mas novamente, é nos Lordes que o negócio sobe de nível, com músicas incríveis e que dão o tom perfeito das lutas, com um misto de épico e de sereno, o que mostra que, mesmo sem a supervisão de Hidetaka Miyazaki, a equipe da From Software é extremamente talentosa por si própria.
Funcionalides online dão impressão de amadorismo
Como é um jogo focado em online, há alguns aspectos a mais a serem considerados, e honestamente, alguns deles são bem complicados. A inexistência de um chat de voz embutido torna a experiência de jogar com pessoas aleatórias honestamente intragável.
Sem coordenação e comunicação, a expedição fica uma bagunça e só se vale pelos marcadores que o jogador põe no mapa para os outros verem, sem nenhum debate ou tomada conjunta de decisões, e eu realmente não consegui me divertir jogando com pessoas aleatórias, e felizmente pude contar com a ajuda de amigos via Discord para, aí sim, fazer o jogo ser de fato divertido e engajante.
Por sinal, a falta de cross-play também dificulta a integração entre amigos de diferentes plataformas, o que é mais um ponto negativo e que beira o inaceitável em 2025. Além disso, a conectividade também não é das melhores e algumas vezes sofre de instabilidade, embora isso já tenha diminuído atualmente.
Acessibilidade que ainda pode melhorar e muito
Claro, há a opção de jogar sozinho, mas além de não ser tão divertida e Nightreign claramente não ter sido construído pra isso, o jogo ainda é bem mais difícil que o normal, mesmo após a From Software ter atualizado o jogo deixando mais fácil para quem não conseguiu se juntar à 2 colegas para se aventurar por Limveld.
Em acessibilidade, Nightreign também não é dos melhores, e é extremamente básico em suas opções, e quase nada que possa ser configurado ou personalizado para algum tipo específico de jogador está presente, mas pelo menos contamos com legendas em português brasileiro, mesmo que a dublagem seja apenas em inglês.
Elden Ring Nightreign é garantia de diversão entre amigos, mesmo que não seja exemplo de originalidade
Concluindo a análise, é importante lembrar que felizmente boa parte dos defeitos é técnico e eu realmente espero que a From Software dê uma atenção grande à eles, pois é uma experiência que, mesmo que não agrade a todos, deveria se atualizar e aperfeiçoar para não perder sua base de fãs bastante fiel.
Por fim, Elden Ring Nightreign mostra que é um jogo que definitivamente sabe se reinventar até mesmo quando precisa reciclar e reutilizar o que já foi criado, e por mais que os fãs mais sedentos de novidades e experiências inéditas possam ficar decepcionados, sem dúvidas é um pacote que contém diversão nas doses certas, e claro, o fator novidade brilha e muito quando os Lordes da Noite se fazem presentes.
O Review
Elden Ring Nightreign
Elden Ring Nightreign é um ótimo exemplo de reciclar conteúdo e transformá-lo em uma experiência nova, mesmo cambaleando em funcionalidades técnicas, e realmente brilha no tocante ao conteúdo original do jogo.
PRÓS
- A gameplay é a mesma de Elden Ring, o que é excelente
- Bastante variedade de classes disponíveis, se adaptando a cada estilo de jogador
- A fórmula das expedições no sentido roguelike funciona muito bem até certo ponto
- Visuais e trilha sonora espetaculares, como esperado da From Software
- Divertido de se jogar com amigos, e o incentivo a cooperação e comunicação deixa o jogo mais engajante
CONTRAS
- História quase inexistente, e o que tem é muito críptico
- Mesmo que o conteúdo original seja excelente, ele é proporcionalmente menor, o que pode chatear quem anseia por originalidade
- Extremamente irritante de se jogar sozinho ou com pessoas aleatórias
- Após ficar versado no sistema e estrutura do jogo, algumas coisas se tornam enfadonhas
- Sem cross-play e sem chat de voz nativo, o que é inexcusável
- Quase nada de acessibilidade disponível