A franquia Fatal Fury é uma das franquias que marcou não apenas a minha, mas a infância de muitos outros jogadores que frequentavam os fliperamas durante os anos 90 e início dos anos 2000. Sendo considerada como o pai dos jogos de luta da SNK, a franquia criada por Takashi Nishiyama, a mesma mente por trás do primeiro Street Fighter, serviu como o principal pilar de todo o universo de jogos da luta, sendo a base para outros grandes sucessos como Samurai Shodown, Art of Fighting, e principalmente, The King of Fighters.
A saga dos lobos de South Town atingiu seu ápice com Garou: Mark of the Wolves lançado em 1999, e desde então foi para a geladeira da SNK, que deu preferência quase que exclusivamente para KOF, apesar dos pedidos incessantes dos fãs para que a jornada de Rock tivesse uma sequência. 26 anos depois, a SNK finalmente resolveu revisitar South Town e trazer os lobos de volta!
Mas seria COTW o retorno que a franquia merecia? Confira agora em nosso review completo de FATAL FURY: City of the Wolves!
FATAL FURY: City of the Wolves marca o início de uma nova era de jogos da SNK
Após 26 anos, finalmente retornamos a South Town para mais uma edição do King of Fighters, o torneio de artes marciais mais conhecido do universo da SNK. O prêmio dessa edição? O legado de Geese Howard, antigo rei do crime da cidade derrotado por Terry Bogard anos atrás.
Seguindo os eventos de Mark of the Wolves, FATAL FURY: City of the Wolves traz novamente Rock Howard, filho de Geese e pupilo de Terry Bogard como o protagonista da história, que após os acontecimentos do último torneio está enfrentando dificuldades em se encontrar. Com a abertura de um novo torneio King of Fighters colocando o legado de seu pai como prêmio, um lutador pelas ruas de South Town alega não apenas conhecer Rock, mas também sua mãe, que segundo o mesmo, está viva.
Essa informação faz com que Rock decida entrar no torneio não apenas para descobrir mais sobre o seu passado, mas também para decidir um rumo para sua vida. Claro, Rock não é o único lutador em South Town a ver o torneio como uma oportunidade perfeita para seus próprios ganhos, o que da início a mais um capítulo da franquia FATAL FURY.
Um modo história? Em um jogo da SNK?
Surpreendendo a todos, a SNK resolveu inovar e trazer um modo história aparte do modo Arcade para FATAL FURY: City of the Wolves, trazendo acontecimentos que complementam os finais do clássico modo de jogos de luta. Chamado de Episódios de South Town, o modo funciona essencialmente como um RPG, no qual o jogador pode selecionar qualquer personagem e sair pra pancadaria pelas ruas da cidade.
Apesar de herdar algumas ideias de outros jogos de luta, tendo como clara inspiração o modo World Tour de Street Fighter 6, infelizmente ainda não foi dessa vez que teremos a possibilidade de caminhar pelas ruas de South Town. Ao invés disso, iremos interagir com o mapa da cidade, simulando um RPG de mesa de certa forma.
Nosso nível irá influenciar principalmente nossa barra de HP e o dano de nossos golpes, fazendo com que muitas vezes sejamos obrigados a procurar lutas secundárias e dar uma pequena ”grindada” antes de prosseguir para o objetivo da história principal. Além de experiência, temos a possibilidade de equipar habilidades especiais passivas, que podem aumentar o dano de nossos golpes normais, especiais, etc.
Ganhamos experiência e desbloqueamos novas habilidades ao vencer lutas espalhadas pela cidade, que irão variar entre lutas 1v1 de apenas 1 round, batalhas de sobrevivência em que teremos que derrotar vários adversários em sequência com uma única barra de vida não regenerável e outras surpresinhas que não contarei para não estragar sua experiência.
Cada personagem terá lutas exclusivas para desenvolver sua história, indo desde personagens presentes no roster do jogo até personagens novos e exclusivos do modo, que fazem uso de golpes de personagens clássicos da SNK.
O modo acaba se tornando repetitivo após terminar a história com 2 ou 3 personagens, já que apesar de evoluírem a lore de FATAL FURY, os diálogos são um tanto quanto simples demais, e a ausência de cutscenes ou ilustrações com exceção das ilustrações ao iniciar e terminar a história de um personagem acaba tornando tudo ainda mais esquecível.
A ausência de desbloqueáveis que realmente possam realmente instigar o jogador a passar mais tempo no modo também é um dos motivos que pesa negativamente, apesar de ser um bom primeiro passo para um modo história em futuros jogos da SNK. Sim, alguns conteúdos podem ser desbloqueados através do modo, como texturas únicas para o modo de customização de cores dos personagens além de títulos e ícones para serem usados em seu perfil online, além de um modo de New Game+, que traz desafios únicos com inimigos extremamente poderosos, mas honestamente, isso não é o suficiente para manter os jogadores no modo após completar a história de cada um dos personagens.
Já para os amantes de modos de jogo tradicionais, o modo arcade faz o seu retorno, trazendo introdução de personagens em formato de quadrinhos antes de cada uma das lutas e para o final de cada um dos 17 personagens jogáveis do roster. A única exceção é Cristiano Ronaldo, que terá seu final do modo arcade e será jogável no modo Episódios de South Town através de uma atualização que chegará ao jogo em breve.
O modo arcade é onde a maioria das conclusões de várias da tramas abertas em Mark of the Wolves serão resolvidas, respondendo antigas perguntas dos fãs e criando mais algumas, dando um desfecho digno para o arco de vários personagens, mas sem por um ponto final em suas histórias. A SNK sempre levou a lore de seus jogos muito a sério, e felizmente, essa tradição foi mantida em FATAL FURYA: City of the Wolves através dos 2 principais modos single-player.
Podemos assistir novamente a todas as ilustrações e cutscenes desbloqueadas através da galeria, que permite até mesmo pausar as cenas e ocultar a interface para tirar aquelas screenshot de um momento marcante. Além da galeria, FATAL FURYA: City of the Wolves também conta com a Jukebox, onde podemos ouvir não apenas toda a trilha-sonora do game, mas de toda a franquia FATAL FURY!
O game também conta com um modo de sobrevivência em que desafiará o jogador a sobreviver por 100 lutas seguidas, um modo arcade cronometrado e os clássicos desafios de combos.
Infelizmente, é aqui que o conteúdo single-player de FATAL FURY: City of the Wolves se encerra, o que pode ser um balde de água fria para os que esperavam modos de jogo robustos fora dos modos online e arcade. Claro, o título conta com o modo versus offline, mas a experiência para um jogador que não possui o fogo competitivo certamente não vai ser das melhores.
E falando em competitivo…
REV IT UP!
Senhoras e senhores, sejam bem-vindos a um dos jogos de luta mais divertidos e complexos do mercado! Graças ao sistema REV, FATAL FURY: City of the Wolves não é apenas um jogo bonito de se ver, mas também extremamente prazeroso de se aprender, trazendo tudo o que os fãs esperam de um bom jogo da SNK: uma excelente movimentação, um sistema de combos robustos e muitos, mas MUITOS cancels.
Indo na contramão de boa parte dos grandes jogos do mercado que possuem sistemas quase que completamente voltando para a agressividade, o sistema REV de FATAL FURY: City of the Wolves traz um balanço quase perfeito entre mecânicas agressivas e defensivas. Todos os personagens possuem respostas tanto defensivas quanto agressivas para as mais variadas situações, dando uma dinâmica única durante as partidas.
A possibilidade de conectar golpes especiais em chain combos ao utilizar a barra de rev e, principalmente, a possibilidade de cancelar alguns golpes médios utilizando o botão REV, torna City of the Wolves um dos com o teto de habilidade mais alto dentre os recentes lançamentos, sendo o playground perfeito para os jogadores que gostam de passar horas praticando combos mirabolantes e principalmente para aqueles que almejam se tornar o melhor lutador nas ruas de South Town!
Todos os personagens são extremamente únicos e divertidos, incluindo os infames convidados Salvatore Ganacci e CR7, que possuem gimmicks que agregam ao jogo. O destaque dos convidados vai para Salvatore, que é essencialmente o ”joke character” do game, trazendo movimentos engraçados e combos divertidíssimos de serem executados.
Claro, um sistema de jogo tão complexo e um roster diverso exige um modo de treino robusto para que os jogadores possam não apenas treinar seus combos, mas também possam simular as mais variadas situações. Felizmente, o modo treino de FATAL FURY: City of the Wolves consegue cumprir bem o seu papel, apesar de faltar algumas funções como informações mais avançadas de frame data.
Podemos gravar alguns comandos para simular situações dentro do modo, permitindo praticar e descobrir respostas para golpes específicos, colocar as reações de anti-aéreos em dia e muito mais possibilidades.
Apesar de cumprir bem a sua função, o modo treino de FATAL FURY: City of the Wolves fica um pouco atrás dos outros games do mercado, sendo um dos pontos que com certeza será melhorado pela SNK durante a vida útil do jogo.
Habemus Matchmaking!
Com combos devidamente praticados, os modos online de City of the Wolves o aguarda, trazendo partidas casuais e as famosas ranqueadas, com jogadores do mundo todo lutando pelo topo do ranking dos melhores de South Town. Apesar da SNK não ter um histórico muito bom nesse aspecto, FATAL FURY: City of the Wolves não apenas possui um excelente rollback netcode, mas também um sistema de matchmaking primoroso!
Durante minhas várias horas de pancadaria pelos modos online desde o início do acesso antecipado, não encontrei um único problema de conexão, o que honestamente, foi uma grande e ótima surpresa, já que jogos de luta costumam ser problemáticos durante seu lançamento, o que não foi o caso aqui.
Funcionando com o clássico sistema de pontos e diferentes ranks baseados em sua pontuação atual, o matchmaking faz um bom papel em proporcionar partidas justas, raramente pareando jogadores com uma diferença de pontos muito grandes, o que é algo comum de acontecer durante períodos de acesso antecipado, mostrando novamente que a SNK aprendeu com seus erros em KOF XIV e XV.
City of the Wolves é o novo ápice da franquia FATAL FURY
FATAL FURY: City of the Wolves não apenas apresenta gráficos lindíssimos, stages pra lá de criativos, personagens carismáticos e uma trilha-sonora fenomenal, como também traz um sistema de gameplay extremamente robusto, fazendo de FATAL FURY: City of the Wolves um forte candidato a ser o novo queridinho dos fãs da franquia.
Ver novamente essa versão desses personagens tão queridos me trouxe um sentimento que poucas franquias que retornam após um longo hiato conseguem fazer, como se tivesse revisitando velhos amigos. Todos os elementos que fazem a franquia ser tão especial estão aqui, trazendo aquele gostoso sentimento toda vez que um ”ARE YOU OKAY? BUSTER WOLF!!” tomava a tela.
É impossível não recomendar FATAL FURY: City of the Wolves para jogadores hardcore de jogos de luta ou fãs de longe data da franquia FATAL FURY, porém, a ausência de modos single-player mais robustos e a complexidade das mecânicas do sistema REV podem acabar frustrando um pouco os jogadores que não almejam passar horas melhorando suas habilidades e se aventurando pelos modos online do game.
Agradecemos a SNK pelo envio de uma chave de review de FATAL FURY: City of the Wolves para PS5.
O Review
FATAL FURY: City of the Wolves
FATAL FURY: City of the Wolves é o jogo que os fãs da franquia sempre pediram, trazendo gráficos e trilha-sonora fenomenais e um roster de personagens diverso, apesar de escorregar nos seus modos de jogo single-player. O sistema REV é a cereja do bolo, incorporando mecânicas ofensivas e defensivas em uma harmonia que poucos games de luta modernos conseguiram fazer, fazendo do novo game da franquia Fatal Fury um dos jogos de luta mais divertido e profundo dos últimos anos.
PRÓS
- Gráficos e trilha-sonora fenomenais
- Roster de personagens diverso
- Sistema REV traz uma profundidade de gameplay sem igual
CONTRAS
- Conteúdo single-player deixa a desejar
- Complexidade do sistema REV pode afastar jogadores casuais