Não sou o fã número um de roguelikes, mas um dos meus favoritos é Hades, e ele tem servido como inspiração para muitos outros jogos como é o caso de Reignbreaker chegou para nós, da Manual dos Games, com essa proposta: ser um “Hades-like”, mas buscando trazer sua própria identidade. Mas será que consegue? Ou fica à sombra do jogo que o inspirou? Vamos descobrir tudo isso nesta review.
Um mundo punk medieval insano
Em Reignbreaker, assumimos o papel de Clef, uma ex-soldado da monarquia que, após notar a brutalidade imposta pelo regime da Rainha de Chaves, decide se rebelar a todo custo. O conceito inicial é basicamente esse, e o que Reignbreaker busca aprofundar são seus personagens e universo.
Clef é bastante interessante, e o elenco de personagens que a acompanha também. A narrativa progride toda vez que você falha em uma das tentativas de derrubar o reino. Como em Hades, dependendo do seu progresso em cada tentativa, novos conteúdos de história são desbloqueados, expandindo esse universo.
Achei a narrativa extremamente interessante desde o princípio, ao apresentar esse mundo “medievalpunk” distópico. Apesar de não revolucionar em sua trama ou entregar uma história extremamente marcante, o jogo tem bons diálogos, e os momentos utilizados para expandir o universo são fantásticos. Em geral, é uma boa história que serve como combustível entre uma tentativa e outra.
Estética e trilha sonora
Quem já leu outras reviews minhas sabe que este é um dos últimos tópicos que costumo abordar, mas aqui tenho um motivo muito especial: a direção de arte deste título é sensacional. Não me refiro apenas aos gráficos, que são bons, mas ao trabalho dos artistas responsáveis por dar vida ao universo construído através da história. Desde os menus até os visuais dos personagens, tudo é belíssimo e extremamente estiloso.
Primeiramente, nesse conceito de “medievalpunk”, eu não sabia muito bem o que imaginar ou visualizar. No entanto, a arte me entregou um universo que faz um forte contraste entre fortalezas medievais e laboratórios mecânicos, onde magia e engenharia se unem, formando grandes estruturas tecnológicas com elementos medievais. Isso se reflete nos mapas exploráveis, armadilhas e inimigos enfrentados.
Os personagens também seguem essa lógica, misturando trajes tradicionais com implantes tecnológicos. Clef, por exemplo, usa tecido e placas de metal reforçado, junto com uma lança motorizada. Tudo isso, somado às belíssimas paletas de cores de forte contraste, entrega uma arte apreciável que dá vida ao mundo.
Ação e explosão!
E nesse mundo de Reignbreaker, o que fazemos com a Clef? Bem, quebramos tudo que vemos pela frente com seus socos e sua lança! O jogo possui uma câmera isométrica e exploramos grandes áreas temáticas, como fortalezas e laboratórios, onde enfrentamos inimigos utilizando diferentes ataques corpo a corpo ou golpes à distância com nossa lança de propulsão. Também podemos executar golpes carregados, criando combos divertidos e incentivando a experimentação.
Assim como em Hades, o jogo incentiva o movimento constante e golpes precisos, mantendo o ritmo ágil. Possuímos esquivas, saltos e impulsos que ajudam a nos reposicionar rapidamente, inclusive para utilizar o cenário a nosso favor, como paredes e armadilhas, tornando a experiência bem divertida.
Para progredir entre as diferentes salas, que estão repletas de recompensas e inimigos, precisamos liberar ‘cofres’. O número varia de um a quatro, e cada um representa um desafio de combate diferente, como derrotar todos os inimigos rapidamente ou não sofrer nenhum golpe. Caso você consiga cumprir o desafio, ganhará uma melhoria para a Clef.
Para testar todas essas habilidades, o jogo conta com um bom elenco de inimigos, desde soldados mecanizados com armas até autômatos gigantes que disparam projéteis em área. Isso sem contar os chefes — apenas três — que criarão desafios exigindo tanto habilidades quanto boas escolhas ao longo da “run”.
Em geral, a jogabilidade é divertida e dinâmica como deve ser, mas não super precisa ou memorável, a Clef no inicio é bem pesada e lenta, o que pode frustrar um pouco, então apesar de suas similaridades com Hades, existe trabalho suficiente aqui para podermos ver essa obra como um jogo com sua própria identidiade tanto visual quanto de jogabilidade, principalemnte no que se refere aos sistemas de progressão.
Sistemas de progressão
Para amarrar toda essa parte de combate, temos a progressão, um fator essencial em um roguelike. Em Reignbreaker, possuímos apenas uma arma: uma lança. Alternamos entre usar a lança e golpes de soco para eliminar os inimigos. No entanto, existem diversos tipos de lâminas com efeitos distintos que podem ser equipadas. Além disso, outros elementos principais da progressão são:
- Habilidades e poderes: Durante as tentativas, encontramos diversos módulos de aprimoramento que concedem habilidades temporárias, como ataques especiais, explosões de impacto, regeneração de vida, ataques elétricos e muitos outros.
- Upgrades: Durante as runs, colecionamos recursos, como moedas, que podem ser gastas ao final de cada tentativa para adquirir novos ataques ou vantagens permanentes, dinamizando as próximas jogatinas.
- Especializações: Podemos escolher diferentes opções de especialização, focando em combos mais ágeis, aumento de dano elemental, maior alcance dos golpes e outras opções interessantes.
Todos esses elementos tornam a experiência única a cada jogatina, como um bom roguelike deve ser. A progressão é variada e sólida, ainda que não tão memorável quanto o combate de Hades. Contudo, é importante destacar que Reignbreaker é um jogo pouco desafiador, as arenas recompensam o jogador frequentemente com metodos para recuperar vida, além dos sistemas de progressão ajudarem a moldarmos uma build forte para a Clef sem depender muito de sorte.
Aspectos técnicos e acessibilidade
Falando da parte técnica, Reignbreaker é um título simples e capaz de rodar em qualquer computador moderno. Contudo, eu não joguei no PC! Minha plataforma principal foi o Steam Deck, onde o jogo rodou muito bem a 60 FPS sem quedas de quadros.
Não enfrentei nenhum tipo de bug, nem dos mais simples nem daqueles que comprometem a experiência. Na parte de acessibilidade, o jogo oferece poucas opções, sendo as mais relevantes a possibilidade de desativar o tremor da tela, aumentar a fonte e ativar a invencibilidade para realizar runs sem medo de morrer. Além disso, o jogo conta com legendas em português do Brasil, permitindo que todos aproveitem a história sem dificuldades.
Conclusão
Reignbreaker é um excelente roguelike no estilo “Hades” e uma opção altamente recomendada, especialmente pelo preço de apenas R$25 fora da promoção. Eu diria que é um título até obrigatório para fãs do gênero.
A campanha pode durar entre 4 e 10 horas, dependendo da sorte e habilidade do jogador, e ainda conta com conteúdo opcional por meio de missões fornecidas pelos personagens.Reignbreaker é um jogo sólido em seus fundamentos de jogabilidade e progressão, mas brilha de verdade no worldbuilding, trilha sonora e estética absurda.
O Review
Reignbreaker
Reignbreaker é um roguelike ágil e estiloso, com um mundo “medievalpunk” vibrante. Oferece combate dinâmico, progressão variada e ótima direção de arte. Perfeito para fãs do gênero que buscam novos roguelikes para explorar.
PRÓS
- Direção de arte
- Trilha sonora incrível
- Progressão recompensadora
CONTRAS
- Pouco desafiador
- Poucos chefes e variações