KARMA: The Dark World é um jogo de suspense desenvolvido pelo estúdio POLLARD STUDIO LLC e publicado pela Wired Games, lançado originalmente em 27 de março. O jogo busca ocupar o espaço vago de títulos de terror deste ano, trazendo uma proposta indie que possui ideias interessantes. Mas será que vale a pena mesmo? Vamos descobrir nesta review.
1984: Uma redaptação inteligente
Para ser honesto, eu não sabia nada sobre Karma: The Dark World, mas estava disposto a experimentar o que o jogo tinha a me oferecer. O que eu não esperava era encontrar uma história que reimaginava o famoso livro de George Orwell, 1984, mas que também mergulhava em seus próprios elementos de ocultismo e ficção científica em um universo bastante interessante.
Mas vamos começar pelo início. Nós assumimos o papel de um homem que acorda em um hospital vazio com uma espécie de maquinário acoplado ao seu braço. Ele não lembra como chegou ali, tampouco quem é. Explorando o ambiente, logo encontra um doutor desconhecido que tem planos para ele e precisa que ele revisite suas memórias para compreender seu propósito.
Logo retornamos às memórias do ano de 1984. Estamos entrando profundamente no subconsciente desse personagem chamado Daniel McGovern, um agente da Agência do Pensamento da Leviathan, cuja função é investigar e mergulhar na mente de pessoas que apresentam comportamentos divergentes do que foi “planejado” para elas.
Nossa jornada nos leva a reviver a investigação de um homem que talvez tenha enlouquecido, ou que talvez esteja apenas se rebelando contra o sistema, em uma campanha que dura de quatro a seis horas e que, posso dizer, possui uma história extremamente intrigante e que deixará o jogador montando teorias a cada nova cena.
Narrativa e universo
Aqui destaquei um tópico para falar especificamente sobre o que esse universo de Karma: The Dark World tem a oferecer. O jogo se passa na Alemanha Oriental, que, após muitos conflitos históricos, acabou cedendo todo o controle para uma empresa chamada Leviathan Corporation. Essa corporação governa rigorosamente, criando regras, classes sociais e drogas para manter os trabalhadores “felizes”, mesmo nas piores condições, tudo em prol de entregar uma utopia que nunca chega. Os paralelos com o livro de George Orwell não param por aí. Existe também uma espécie de inteligência artificial que vigia tudo e todos, nomeada de “MÃE”, que mantém um grande controle sobre a população.
Na parte narrativa, o jogo é contado através de diversas cenas e diálogos com um elenco de personagens interessantes, que lhe dão respostas, mas que talvez você ainda não seja capaz de compreender. A outra parte da narrativa é transmitida por áudios, documentos e até mesmo pelos cenários, que oferecem evidências e reforçam a existência desse universo.
Em geral, o que foi construído aqui beira a excelência. O jogo é incrível e cativante em todos os seus capítulos. A história o envolve, e o universo é muito crível, mesmo com os elementos de ficção e ocultismo. Essa história e esse universo são definitivamente os elementos que mais irão mantê-lo preso durante a experiência. E você vai entender mais no próximo tópico.
Jogabilidade: Walking simulator ou Survival Horror?
É aqui, talvez, que as coisas fiquem mais críticas para muitos. Eu imaginava que Karma: The Dark World fosse um título mais próximo de Amnesia, com um survival horror recheado de puzzles, perseguições e elementos stealth. Mas estava enganado. O jogo se aproxima muito mais de um walking simulator. Se isso é bom ou ruim, depende do jogador.
Não se engane, você ainda vai explorar, coletar itens necessários para resolver puzzles e, às vezes, interagir com mecânicas bem únicas contra o sobrenatural que surgirá em seu caminho, por exemplo, com uma câmera que permite tirar fotos dos monstros para derrotá-los. Contudo, esses são os trechos mais curtos do jogo. Na maior parte do tempo, você estará indo do ponto A ao ponto B, lendo documentos, ouvindo áudios e assistindo a cenas que reforçam o melhor que o jogo tem a oferecer: sua história e seu universo.
Por ter uma jogabilidade mais focada na narrativa, também não encontraremos sistemas de progressão aqui. A única coisa que se aproxima disso é o inventário, mas você geralmente coleta um item e não passa muito tempo com ele, já que é imediatamente necessário para prosseguir. Então, não há gerenciamento de chaves ou cartões de acesso para se preocupar. É tudo bem direto.
Em geral, não tenho nem como me estender muito sobre esse tópico, pois é a parte mais rasa de Karma: The Dark World. Contudo, acredito que existia um espaço evidente para desenvolver uma jogabilidade mais profunda sem prejudicar em nada a narrativa. Mas, por escolha, isso não foi feito. Apesar de eu achar decepcionante a falta de profundidade, a história é tão boa que, em poucos momentos, eu já não me importava muito. Só queria continuar vendo aquele mistério se desenrolar.
Aspectos técnicos: Visuais incríveis e áudio espetacular
Aqui temos mais um título desenvolvido na Unreal Engine 5, que é capaz de entregar visuais incríveis, geralmente ao custo de performance. Mas boas notícias: não é o caso aqui. Karma: The Dark World roda muito bem e entrega visuais espetaculares, graças ao poder gráfico e à direção de arte, que dá vida a muito desse universo e, em alguns momentos, chega a tirar o fôlego.
A parte de áudio também não deixa nada a desejar. Logo no início, o jogo orienta o jogador a usar fones de ouvido para tirar o melhor da experiência. E devo dizer que, durante a exploração, o áudio entrega sons aterrorizantes que com certeza vão lhe causar arrepios. A trilha sonora é bastante discreta, mas conta com algumas músicas instrumentais que lembram sucessos dos anos 80. Nada marcante, mas que com certeza ajudam a ambientar o jogador naquele universo.
Problemas técnicos e acessibilidade
Na parte técnica, talvez fosse possível encontrar bugs, mas não tive nenhum que comprometesse minha experiência ou meu save de qualquer forma. Apenas um momento em que a câmera simplesmente “saiu” do corpo do meu personagem, mas logo depois retornou. Foi até engraçado.
Em termos de acessibilidade, não existe uma opção dedicada a isso em Karma: The Dark World, mas o jogo tem algumas funções simples, como aumento de FOV, remoção de filtros, remoção de balanço da camêra e aumento no tamanho das legendas. No geral, são opções básicas para uma jogabilidade básica. Jogando no PS5, o jogo também faz uso do DualSense, principalmente dos gatilhos, para entregar um pouco mais de imersão em algumas ações.
Vale a pena jogar?
Karma: The Dark World passa longe de ser um survival horror clássico como Amnesia, mas ainda assim é muito competente em entregar uma das melhores histórias que vi em um lançamento de 2025, com um universo muito bem construído e uma direção de arte belíssima. A campanha, em suas horas finais, vai fazer você rir e se aterrorizar ao mesmo tempo.
Este é um jogo muito único, que definitivamente merece a sua atenção se você estiver disposto a encarar uma experiência mais dedicada à narrativa do que, de fato, à jogabilidade.
O Review
KARMA: The Dark World
Karma: The Dark World é um jogo de suspense narrativo ambientado em uma distopia inspirada em 1984. Nele, o jogador assume o papel de um agente que investiga mentes desviantes em meio a memórias fragmentadas e ocultismo. Apesar da jogabilidade simples, a história envolvente, os visuais impressionantes e o áudio imersivo se destacam. Ideal para quem busca uma experiência intensa e focada na narrativa, com uma atmosfera sombria e instigante.
PRÓS
- História
- Universo único
- Direção de arte excelente