A franquia Mario & Luigi é considerada uma das mais ”diferentonas” e criativas entre todas as aventuras do bigodudo da Big N por diferentes gêneros. Assim como Paper Mario, a série Mario & Luigi traz os irmãos encanadores para o gênero dos RPGs em turnos, dando o próprio toque Nintendo ao gênero.
Mario & Luigi: Brothership foi anunciado com duas difíceis missões em seus ombros: não apenas o título seria o retorno da franquia, que estava na geladeira da Nintendo desde Mario & Luigi: Paper Jam lançado em 2015, como também seria um dos últimos grandes jogos da Nintendo para o Switch, que está chegando ao fim de seu ciclo.
Teria a Nintendo acertado a mão com o retorno da franquia? Confira agora no nosso review completo de Mario & Luigi: Brothership.
Mario & Luigi: Brothership é uma aventura de outro mundo
Uma história leve para crianças e adultos aproveitarem
Era um dia normal no reino do cogumelo, os pássaros cantavam e Toads corriam de um lado pro outro, quando de repente, as luvas dos irmãos Mario e Luigi formam um tornado mágico, que os sugam para um mundo diferente do qual os dois nunca haviam visitado antes. Nesse novo mundo, conhecemos Tetê, uma habitante local, e Pligue, uma criatura que se parece muito com um porco (embora ele odeie ser confundido com um).
Tetê e Pligue contam aos irmãos que esse mundo se chama Elétria, e uma recente catástrofe separou todo o seu continente, criando várias ilhas remotas e isolando seus habitantes. Segundo Tetê a única maneira de conectá-los novamente seria ativando seus faróis e os ligando novamente a Arbolux, uma árvore cheia de luz plantada no centro de Elétria.
Ao ouvir a história, Mario e Luigi prontamente se oferecem para ajudar os dois novos amigos, ao mesmo tempo que procuram uma forma de voltar para casa. Com Pligue os acompanhando na jornada escondido no chapéu de Luigi, os dois encanadores partem em uma jornada cheia de aventuras e novas descobertas pelos mares de Elétria, enfrentando até mesmo um novo grupo de vilões que tem planos terríveis para esse novo mundo.
Durante a jornada, conheceremos muitos importantes aliados nativos de Elétria, que nos contarão um pouco mais sobre a história e cultura local além de nos ajudar fornecendo novos equipamentos e habilidades, como o professor Intelekta, o grupo formado por Esther, Cosmo, Tato e Tito, e muitos outros personagens extremamente carismáticos que aparecerão tanto na história principal quanto nas dezenas de missões secundárias espalhadas pelo mundo do jogo. Além dos novos personagens originais de Mario & Luigi: Brothership, figuras já conhecidas como Peach e Toad também marcam presença.
A história de Mario & Luigi: Brothership tem a proposta de ser uma aventura leve, com um roteiro que por muitas vezes não se leva muito a sério, repleta de momentos cômicos e piadas muito bem encaixadas feitas para toda a família apreciar, seja você um marmanjo de 30 anos como eu ou uma criança de 10 anos que está ganhando seu primeiro videogame.
Infelizmente, alguns desses momentos cômicos acabam passando um pouco do ponto e diálogos se estendem além do necessário, inflando o roteiro e o tornando chato por muitas vezes. Mario & Luigi: Brothership faz parte daquele grupo de jogos que acaba pecando pelo excesso, já que embora jogos acima de 20 horas tem se tornando o novo padrão da indústria, alguns títulos seriam extremamente beneficiados com uma aventura mais curta, e Brothership se encaixa perfeitamente nisso.
A história não é nem um pouco complexa de se entender, longe disso, o que torna ainda mais incompreensível a decisão de estender o roteiro e os diálogos, deixando a impressão que o único objetivo era adicionar mais horas de jogo.
Apesar do deslize com sua história, Mario & Luigi: Brothership tem um grande diferencial para o público brasileiro, que pode ser um divisor de águas para os jogos da Big N em nosso país: a localização para a nossa língua.
Graças a localização completa e MUITO bem feita para o português brasileiro, crianças de todas as idades podem se divertir com a história de Mario & Luigi: Brothership, o que é um excelente ponto positivo para o novo RPG do bigodudo. Por muitas vezes me peguei dando altas risadas com as decisões do time de localização, que usaram e abusaram de nomes familiares, termos e piadas típicas dos brasileiros na localização, fazendo até mesmo trocadilhos com os nomes de alguns NPCs e itens, dando uma verdadeira aula de localização.
Apesar de não ser nada tão grandioso como outros RPGs badalados lançados em 2024, a história de Mario & Luigi: Brothership cumpre até que bem o seu papel de manter o jogador interessado pela aventura inicialmente, se tornando enjoativa após algumas horas, sendo ”carregada” pelo extremamente divertido sistema de batalha, criando uma anomalia no gênero, nos fazendo desejar que os diálogos avancem logo apenas para voltarmos ao combate.
Aventura em dose dupla!
Em Mario & Luigi: Brothership, o jogador controla os dois irmãos ao mesmo tempo para explorar as ilhas, podendo dar comandos diferentes para cada um deles. A exploração funciona de maneira parecida com jogos 3D do bigodudo, com dezenas de blocos para serem cabeceados, plataformas e outros elementos já conhecidos dos fãs.
Apesar de controlarmos ativamente Mario, Luigi nos seguirá durante toda a jornada, sendo possível dar comandos de pulo, marretadas ou pedir para que o encanador de verde faça algumas tarefas específicas. Por exemplo, algumas plataformas e estruturas podem ser ativadas exclusivamente por um dos irmãos, fazendo com que o jogador precise esperar que Luigi faça uma ação para que Mario possa seguir em frente.
Explorar as ilhas nos recompensa com moedas, itens para de craft que podem ser entregues ao ferreiro para criar itens poderosos, cogumelos de cura e
Essa dinâmica entre os irmãos é o que diferencia Mario & Luigi: Brothership dos outros títulos de RPG do mascote da Nintendo, rendendo alguns quebra-cabeças e ações em conjunto entre os dois bigodudos pra lá de criativas.
Infelizmente, essa mesma criatividade parece ter sido deixada um pouco de lado na criação das ilhas em si, já que com o tempo, explorá-las acaba se tornando um tanto quanto repetitivo, já que apesar de serem visualmente diversas, as recompensas por explorar não são lá tão chamativas, além de muitos desses quebra-cabeças acabam se repetindo.
Ao conectar uma dessas ilhas a Arbolux, poderemos revistá-la quando quiser pela ilha principal, já que muitos caminhos e quebra-cabeças não poderão ser resolvidos em nossa primeira passagem, já que necessitam de habilidades que só teremos acesso mais a frente na história. Apesar do jogo tentar criar um backtracking, a sensação que fica é a de que não temos muitos motivos para revisitá-las, já que as recompensas na maioria das vezes não valem o tempo investido.
As missões secundárias ajudam um pouco nesse aspecto, já que ajudar os habitantes das ilhas nos recompensam com alguns itens poderosos e mais informações sobre os habitantes de Elétria, mas honestamente, não é o suficiente para justificar retornar as ilhas, se tornando um conteúdo bem esquecível.
Sistemas de RPG simples, porém eficazes
Mario & Luigi: Brothership incorpora sistemas clássicos de RPG em seu gameplay, fazendo uso de um sistema de níveis, equipamento, habilidades e o uso de itens para cura e remoção de status negativos. Adquirimos novos equipamentos e habilidades ao avançar pela história principal, subir de nível ou podemos comprar equipamentos como luvas, botas e marretas mais forte nos vendedores espalhados por todas as ilhas.
O grande trunfo e, honestamente, parte mais divertida de Mario & Luigi: Brothership está no uso de quick time events tanto para atacar quanto para se defender de ataques inimigos, fazendo uso da dinâmica entre os dois irmãos durante os combates. Devemos pressionar o botão A ou B no momento certo para executar ações com os irmãos, com A sendo o botão de ação de Mario e B para Luigi.
A dinâmica entre os dois irmãos é usada para ataques de pulo combinados, combos de marretadas e ataque especiais chamados de Ataques Bros, na qual o jogador deve executar uma série de QTE em sequência para causar o máximo de dano possível nos inimigos.
Além disso, inimigos podem adotar diferentes posturas durante o combate, como por exemplo, usar um capacete ou levantar um objeto pontiagudo para evitar que o jogador o ataque com pulos, o obrigando a usar a marreta. Também temos ações durante o turno de ataque dos inimigos, podendo contra-atacar os inimigos ao pular ou usar a marreta no momento certo.
Essas mudanças de padrões dos inimigos obriga o jogador a pensar em estratégias para diferentes situações e inimigos, tornando o sistema de combate de Mario & Luigi: Brothership extremamente dinâmico e divertido.
A grande novidade de Mario & Luigi: Brothership é o novo sistema de plugues, que permite que o jogador adicione alguns modificadores durante os combates, podendo melhorar o ataque, defesa e até mesmo automatizando algumas ações como uso de cogumelos de cura. Para criar um plugue, precisamos explorar as ilhas e coletar lumenéctar o suficiente para criar o plugue desejado.
Após criado, o plugue pode ser ativado a qualquer momento dentro ou fora de batalha. Para ativar antes de iniciar um confronto, basta acessar o menu de pause e ir até a seção Ativa Plugues, já durante uma batalha, basta selecionar o bloco de plugues durante o turno de qualquer um dos irmãos e fazer a alteração desejada.
Os plugues trazem uma camada extra de estratégia e tomada de decisão para o jogador, já que possibilita combos ofensivos que potencializam as marretas ou os saltos, além de possibilitar que o jogador tenham mais opções defensivas em situações mais complicadas como batalhas de chefe. Poder efetuar a troca dos plugues a qualquer momento da batalha sem que o jogador perca o turno permite fazer o uso de diversas combinações diferentes em uma mesma batalha, possibilitando que o jogador adapte suas escolhas de acordo com a situação atual.
As batalhas de chefe é a cereja do bolo do sistema de batalha do jogo, já que durante o combate, Luigi pode usar o próprio cenário como arma após alguns turnos, abrindo ainda mais possibilidades estratégias para o jogador.
Áudio e performance
Mario & Luigi: Brothership usa e abusa de efeitos sonoros clássicos e já bem conhecidos dos fãs dos bigodudos, trazendo aquele ar de nostalgia para os jogadores mais antigos. O título também conta com uma boa trilha sonora que reforça a leveza do enredo, ajudando na imersão e cumprindo bem o seu papel de empolgar ou passar tensão no momento certo.
Já no aspecto performance, tive uma boa experiência com o titulo, pelo menos no modo portátil que geralmente é a minha escolha principal para jogos do console, sem grandes problemas com queda de frame rate ou texturas, apesar de sofrer um pouco no dock. Apesar de ser um jogo de fim de geração do Switch, Mario & Luigi: Brothership pode ser considerado um jogo bem otimizado para o console híbrido da Nintendo, mostrando que o console ainda tem lenha pra queimar até o eventual lançamento de seu sucessor no ano que vem.
Apesar de não ser nenhum primor gráfico, principalmente quando comparado a títulos grandiosos do console como Super Mario Odyssey e The Legend of Zelda: Tears of The Kingdom, Mario & Luigi: Brothership entrega visuais muito bonitos e bem estilizados, estando dentro do que era esperado para um jogo da franquia.
Uma aventura extremamente divertida, mas com ressalvas
Trocando em miúdos, Mario & Luigi: Brothership é um bom RPG e que serve como uma excelente porta de entrada para jogadores que não estejam habituados com o gênero, graças a seu sistema de batalha extremamente divertido e dinâmico e, principalmente, por estar localizado para o português, o que possibilita que crianças de todas as idades conheçam e se apaixonem pelo gênero. Porém, quando comparado diretamente com os jogos anteriores da franquia, Brothership da um passo para trás, principalmente pelo seu enredo que acaba sendo prejudicado por diálogos desnecessariamente longos e conteúdo secundário que embora seja bem-vindo, não é o suficiente para instigar o jogador a explorar por completo todo o conteúdo do jogo.
Essa review de Mario & Luigi: Brothership foi escrita através de uma cópia para review gentilmente cedida pela Nintendo.
O Review
Mario & Luigi: Brothership
Mario & Luigi: Brothership entrega tudo que os fãs esperam de um jogo da franquia: um bom uso da dinâmica entre os dois irmãos em seu sistema de combate e exploração. Infelizmente, Mario & Luigi: Brothership acaba pecando pelo excesso, estendendo sua história além do necessário com diálogos desnecessariamente longos e conteúdo secundário que, de maneira geral, não agrega de maneira significativa a experiência do jogador.
PRÓS
- Totalmente localizado para português
- Sistema de combate extremamente dinâmico e divertido
- Gráficos e efeitos visuais muito bonitos
CONTRAS
- Diálogos desnecessariamente longos
- Conteúdo secundário esquecível