Há certo tempo, alguns games indie se marcaram como verdadeiros clássicos atemporais, como Undertale, Omori e OneShot, se mostrando praticamente jogos obrigatórios para quem gosta de jogos de menor escopo com narrativas fora da caixa. Mas antes desses jogos existirem, houve OFF, um RPG belga lançado de forma gratuita em 2008, disponível apenas em francês, e que acabou servindo de inspiração para estes e muitos outros indies que viriam depois.

Por ser um jogo gratuito, houveram muitos trabalhos de fãs que expandiam o trabalho, incluindo uma tradução feita para o inglês de forma não-oficial, mas em 2025, de forma inesperada, o criador original se uniu à publisher Fangamer para lançar uma nova versão expandida de OFF, atualizando o game original com novas adições, e estará disponível para Steam e Nintendo Switch no dia 15 de Agosto, então confere conosco a análise desse game repaginado e acessível.
OFF nos leva à um mundo surreal e ácido
Em OFF, nossa jornada começa de forma relativamente simples, sem muita firula: você é o Batedor, e com a ajuda de Juíz, o gato que lhe guia durante a jornada, tem a missão de purificar um mundo completamente surreal e fora do comum, eliminando os fantasmas e senhores que dominam esse lugar.

A jogabilidade é bastante similar aos RPGs clássicos, e conforme você explora este mundo, batalhas em turno irão interromper seu progresso, e a gameplay de OFF é relativamente simples, no melhor formato ATB dos clássicos Final Fantasy, e você deve esperar a barrinha carregar para poder executar uma ação, seja um ataque, uma magia especial ou até mesmo usar um item.
Claro, não é só combate que faz a estrutura do game, e em OFF temos a presença de muitos puzzles e enigmas que exigem uma atenção redobrada do jogador, sendo necessário explorar cada cantinho e ler com atenção as notas e itens espalhados no cenário, além de claro, um bom uso do pensamento lógico.

Combate funcional e divertido, mas não é o maior chamativo
Apesar disso tudo, tendo uma gameplay bem funcional, o combate é a parte que menos chama a atenção em OFF, e os outros aspectos brilham muito mais em comparação. A atmosfera surrealista, que claro, também faz parte da jogabilidade e da experiência, é algo que poucos conseguem replicar, e aqui tudo é feito com maestria.
A narrativa, apesar de confusa e enigmática no início, é muito engajante. Nesse mundo, onde os 4 elementos básicos são a fumaça, a carne, o plástico e o metal, o Batedor e o Juíz não estão sozinhos, e Valerie, Zacharie, os elsens e até mesmo você, o jogador, enriquecem esse mundo com uma narrativa muito rica, complexa e viva, mesmo sendo tão esquisita.

Até o fim do game, muitas reviravoltas acontecem, e o desenvolvimento e significado de cada personagem é muito bem expandido, sem contar nas diversas quebras da quarta parede e metanarrativa que fazem parte do DNA de tantos outros jogos que surgiram após o pioneirismo de OFF.
Um estilo de arte que se destacou em 2008, e se destaca em 2025
Os visuais, apesar de serem feitos praticamente em gráficos pixelados comuns de jogos em RPG Maker, aqui há um charme a mais. Não só a arte contém colorações e designs bem fora do comum, como alguns flertam até mesmo com outros estilos de arte, e esse estilo único e que foge do convencional acabou virando uma certa “moda” com o passar do tempo, mas foi aqui, em grande parte, que isso começou a surgir.

O estilo que mescla a arte pixelada com desenhos feitos à mão, monstros que parecem pincelados e até mesmo cutscenes com um estilo da Revolução Industrial casam bem demais, e com a nova versão, novas molduras com artes feitas à mão servem pra preencher a tela – já que o game tem uma proporção 4:3 – e também mudam conforme a parte do mapa em que você está, dando um dinamismo a mais.
A música, também parte essencial da experiência, é elevadíssima e mais um dos pontos altos de OFF. A trilha original, do jogo lançado em 2008, foi composta por Alias Conrad Coldwood, mas nesse relançamento ele infelizmente acabou optando por não participar, e as músicas então acabaram sendo refeitas ou remixadas por outros compositores.

Novas mudanças são tímidas, mas podem ser signiticativas para os puristas
Honestamente, a trilha sonora original é praticamente imbatível, com uma estranheza e beleza igualmente harmoniosas, e essa composição infelizmente não está presente aqui, mas o time responsável pela nova trilha é de peso, e conta até mesmo com Toby Fox, o criador de Undertale e Deltarune, remixando e compondo novas músicas, e que mesmo não estando tão boas, ainda estão excelentes e num nível máximo de inspiração.
Apesar de ser um marco imemorial para os games, especialmente os independentes, a nova versão de OFF não se limita à replicar o jogo antigo, e também traz melhorias e até novos conteúdos para além da trilha sonora refeita e da localização em inglês oficial. E sim, infelizmente o jogo está disponível somente em inglês e em francês.

Problemas de localização brasileira à parte, o game também tem mais melhorias como as molduras e opções de esticar a tela para deixar o jogo mais bonito em monitores widescreen, além de melhorias de qualidade de vida e interfaces refeitas, especialmente os menus de batalha e de equipamentos, que ficaram realmente bem bonitos.
OFF ainda é um marco, e um prato cheio para os fãs de indies
Claro, nota-se que as melhorias são tímidas, e talvez quem já jogou OFF não vá ficar tão empolgado para esse relançamento a não ser que queira revisitar a experiência, mas para quem não jogou, é realmente um título que não deveria passar despercebido, e que deve ser aproveitado com a mente aberta, e eu, pessoalmente, acho o título um grande marco que deveria ser mais lembrado como os games que vieram depois dele.

No fim, OFF, em seu relançamento, ainda é um dos grandes jogos da indústria indie, e um verdadeiro marco que, na minha opinião, não envelheceu nenhum pouco, e continua uma obra muito significativa, importante e fora da curva, mesmo anos após ter jogado o game pela primeira vez.
O Review
OFF
OFF é um relançamento que, embora tímido e sem grandes mudanças significativas, ainda representa um jogo surreal, fora da curva, divertido e cheio de significado, revitalizando e chamando um novo público para esse que é um verdadeiro marco para os indies modernos.
PRÓS
- Ambientação excelente e surrealista
- Narrativa com personagens cativantes, e cheia de significado
- Visuais charmosos e que contribuem ativamente para a criação de mundo
- Música fora da curva e cheia de camadas e remixagens, além de reimaginar a trilha original
- Menus e interfaces redesenhados, com mais modernidade e praticidade
- Novas áreas e novos chefes secretos dão o sabor extra para os veteranos
CONTRAS
- Trilha sonora original, de 2008, não está disponível
- Não há localização para o português brasileiro






