Rematch foi anunciado pela Sloclap durante a The Game Awards de 2024 com um objetivo simples e nobre em mente: trazer o futebol de rua raiz de volta para os videogames!
Graças as claras inspirações em jogos de futebol de rua da era do PlayStation 2, o título chamou a atenção de milhares de fãs do maior esporte do mundo, sendo um dos games mais aguardados do ano dentro do nicho de jogos de esportes. Finalmente lançado no último dia 19 de junho, tive a oportunidade de entrar em campo e dar alguns chapéus (e tomar vários), e trago em detalhes tudo o que Rematch tem a oferecer e minha experiência com o game!
Rematch encanta pela diversão, mas ainda há muita bola pra rolar
Colocando o jogador na posição de uma estrela em ascensão do futebol de rua, Rematch é um daqueles games que vai direto ao ponto, nos introduzindo ao seu criador de personagem e tutorial logo nos primeiros momentos de gameplay. Aqui teremos algumas opções para customizar nosso jogadores, como gênero, tipo de corpo, e outras opções.
Após finalizarmos a criação de nosso jogador, damos o nosso primeiro passo rumo ao estrelado, passando pelo tutorial que também serve como um curto prólogo de história, nos dando uma palhinha do que podemos esperar nas partidas online e do universo de Rematch. Aqui aprenderemos os comandos básicos do game como dominar a bola, correr, dar passes, lançamento, chutes e alguns dribles mais simples.
Com tudo pronto, é hora da bola rolar!
O ápice do “Jogo Bonito”!
Rematch traz um esquema de controles que segue a filosofia ”fácil de aprender, difícil de dominar”, permitindo que os jogadores expressem suas habilidades individuais enquanto trabalham em equipe para chegar ao gol. Em modos de jogo que de 3v3, 4v4 ou 5v5, a cooperação entre o time é a chave da vitória, exigindo que cada jogador respeite não apenas os seus pontos fracos e fortes em campo, como também os de seus companheiros.
Com campos em uma espécie de domo, Rematch traz uma versão condensada do futebol que estamos acostumados, sem saídas laterais ou faltas, onde a única coisa que importa é marcar gols com o máximo de estilo possível.
Esqueça conceitos como passes e chutes que vão de maneira ”automática” ao seu alvo e dribles perfeitos com o apertar de um botão, tudo aqui faz uso de uma espécie de mira no centro da tela e exige que o jogador mantenha o domínio da bola de maneira manual, o que abre um enorme leque de possibilidades de jogadas e expande o teto de habilidade do game de maneira geral.
Passes fazendo uso das paredes, chapéus, tabelas usando a parede até chegar ao gol… O que não falta são oportunidades para que o jogador use sua habilidades e, principalmente, sua criatividade para colocar seu time na vantagem.
O mesmo vale para o jogador encarregado de colocar as luvas e exercer a função de goleiro, que precisará pensar duas vezes antes de dar um salto para pegar uma bola ou a melhor maneira de repor a bola em campo.
Nenhum jogador possui posições fixas, sendo livres para caminhar pelo campo e assumirem funções de atacantes, meio-campo, zagueiros ou goleiros, com o último sendo automaticamente delegado ao jogador que estiver dentro da área. Caso mais de um jogador esteja dentro da própria área, as luvas continuarão com o jogador que já estava na função, ou no caso de não haver um goleiro, serão automaticamente atribuídas ao jogador que pisar primeiro dentro das linhas. É importante ressaltar que não é obrigatório a presença de um goleiro, já que ao sair da área, as luvas serão automaticamente removidas e o jogador voltará a atuar como um jogador de linha.
Ao mesmo tempo que isso cria uma dinâmica legal que possibilita uma certa rotação para quem será o goleiro da vez, pode causar problemas em times aleatórios ou mais desorganizados, uma vez que a posição de goleiro pode ser meio monótona principalmente em jogos mais mornos. Rematch até tenta promover essa rotatividade, mudando o jogador a ser atribuido a função de goleiro automaticamente após cada gol, mas nem sempre isso é o suficiente para garantir que um time não terá 5 pessoas no ataque.
Apesar de parecer caótico, principalmente para jogadores que não possuam um grupo de jogadores organizados para jogar, as mecânicas de gameplay de Rematch são extremamente divertidas, cativando até mesmo pessoas que não gostem muito de futebol, priorizando a diversão acima de qualquer outro aspecto. Infelizmente, essa excelente base de gameplay acaba não sendo o suficiente para sustentar o game, que no momento, sofre com alguns problemas que pode acabar murchando a bola dos jogadores em pleno meio-campo.
Progressão e sistema ranqueado
Um dos principais problemas do game é o seu sistema de progressão, que faz uso de um sistema de nível para o seu personagem, que receberá experiência ao final de cada partida, e os já conhecidos passes de temporada para o desbloqueio de cosméticos que podem ser usados para customizar seu jogador. Seguindo a fórmula de tiers gratuitos e premium, os itens desbloqueáveis nos passes vão desde estilos de chuteiras, camisetas, calções, comemorações até mesmo a aparência do estádio.
O passe de temporada não é a única maneira de desbloquear novos cosméticos, já que o game também conta com uma loja que oferece itens exclusivos de uma maneira rotativa. A loja conta com duas moedas diferentes: uma moeda azul chamada de Blocks, que faz parte das recompensas ao subir o nível de seu personagem, e a moeda dourada premium chamada de Quants, que pode ser adquirida apenas com dinheiro real através de micro-transações.
Apesar dos cosméticos não alterarem de nenhuma forma o gameplay, o sentimento que fica é de que o game precisava de um sistema de progressão um pouco mais elaborado, que realmente motivasse o jogador a continuar jogando para desbloquear certa recompensa. Talvez a possibilidade de adquirir o pacote premium da loja com Block, como o bundle de Ronaldinho Gaúcho, já ajudaria um pouco as coisas, mas a sensação é que o sistema de progressão é um dos aspectos que precisarão ser imensamente melhorados caso a Sloclap queira manter uma alta retenção de jogadores em Rematch.
O problema da progressão também se arrasta para o modo ranqueado, que coloca o jogador para disputar pontos de ranking e lutas pela posição mais alta da classificação online em partidas 5v5. As partidas ranqueadas geralmente são a grande cereja do bolo na maioria dos jogos competitivos, mas, no momento, esse não parece ser o caso em Rematch.
Ao alcançarem o nível 5, as partidas ranqueadas serão liberadas, permitindo que o jogador dispute 5 partidas preliminares para determinar o ranque inicial da sua escalada.
A grande bola fora aqui é a exclusividade de partidas 5v5 no modo, o que pode desagradas muitos jogadores que prefiram jogar o 3v3 ou o 4v4. Outro agravante é a ausência de recompensas visíveis durante ou ao final da temporada, tornando o ganho de pontos e colocação no ranking a única motivação para que os jogadores entrem nas filas ranqueadas.
A ausência do crossplay e alguns problemas de matchmaking também pode afetar drasticamente a sua experiência, já que com um número menor de jogadores, os tempos de filas em modos de jogos menos populares poder ser enormes. O game também sofre com alguns bugs de dessincronização da bola, que embora raros, ainda acontecem ocasionalmente.
É importante ressaltar que o game está atualmente na Temporada 0, ou seja, pode ser considerado como o ”off-season” de Rematch, o que significa que grandes mudanças e melhorias podem (e irão) acontecer para o início da Temporada 1.
Uma joia bruta entre os jogos de esporte
Como um novo talento descoberto na base, Rematch entrega uma base sólida para que o pode se tornar um grande jogo de futebol e entrar para o hall da fama dos melhores jogos de esporte da última década, mas no estado atual, o game parece estar longe do seu potencial máximo, cavando uma grave falta em seu sistema de progressão e alguns bugs ocasionais que podem prejudicar a experiência.
Não há dúvidas de que a Sloclap está realmente empenhada em lapidar Rematch pelas próximas semanas e meses para que o game finalmente chegue ao patamar que ele merece, mas até lá, o meio-campo pode ser longo demais principalmente para os jogadores que não sejam apaixonados pelo esporte.
Esse review de Rematch foi produzido através de uma cópia de review para PS5, gentilmente cedida pela Kepler.
O Review
Rematch
Rematch entrega um gameplay divertida e com uma grande profundida, mas comete algumas faltas em seus sistemas de progressão, o que acaba impedindo que o título marque um gol de placa em suas primeiras semanas de vida.
PRÓS
- Bonitos gráficos em cell shading
- Jogabilidade refinada e com muita profundidade
CONTRAS
- Sistema de progressão precário
- Partidas ranqueadas não oferecem incentivos ao jogador
- Bugs ocasionais podem atrapalhar sua experiência