Robobeat chegou aos computadores no ano passado chamando muito a atenção dos fãs do gênero roguelike, já que apesar do gênero estar beirando a saturação, o título desenvolvido por Simon Fredholm do estúdio Inzanity e publicado pela Kwalee trouxe uma proposta um tanto quanto única para o mercado: um roguelike fps rítmico. A combinação maluca de mecânicas de fps, jogos rítmicos, sistema de progressão de roguelike, uma estética visual única e trilha-sonora saltaram aos meus olhos no trailer de anúncio para os consoles, por mais maluca que a ideia seja.
Apesar da excelente impressão inicial que tive com os trailers, uma dúvida continuava no ar: será que essa combinação megalomaníaca funciona na prática? A resposta pra essa pergunta você encontra agora, no nosso review completo de Robobeat!
Robobeat traz fórmula única (e viciante) para o gênero roguelike
Robobeat coloca o jogador na pele de Ace, um caçador de recompensa que está no rastro de um robô pra lá de excêntrico chamado Frazzer. Ao encontrar o esconderijo de seu alvo, Ace acaba preso no parque de diversões particular psicodélico de Frazzer, precisando dominar a arte de atirar e se mover no ritmo da música se quiser ter uma chance de sobreviver e receber sua recompensa.
Após a rápida introdução, somos jogados no esconderijo de Frazzer sem muitas informações sobre o que realmente está acontecendo, com acesso apenas a uma pistola e um toca-fitas, deixando Ace tão confuso quanto o próprio jogador. Esse mistério faz parte da experiência de Robobeat, já que durante nossas ”runs”, encontraremos documentos e fitas de vídeo que nos dão mais detalhes da história, que vão nos dando várias pistas do que realmente está acontecendo, cabendo ao jogador montar o quebra-cabeça.
Apesar da história definitivamente não ser o foco de Robobeat, o ar de mistério sobre o que realmente está acontecendo, as fitas enigmáticas que parecem não fazer sentido nenhum e os documentos complementam de maneira harmoniosa o gameplay frenético, criando uma atmosfera única regada a MUITA música boa e cenários psicodélicos.
Dentro da proposta de Robobeat, é perfeitamente possível dizer que a história cumpre o seu papel, servindo como um pano de fundo e ajudando a manter o clima de mistério a respeito de Frazzer, deixando que o gameplay seja a principal estrela. Falando em gameplay…
Domine o ritmo e git gud
O gameplay de Robobeat é a estrela da festa, trazendo um gameplay extremamente frenético que promete desafiar até os jogadores mais habilidosos, graças a sacada genial de incorporar elementos de jogos de ritmo em seu gameplay. Para causar dano nos inimigos, precisamos atirar nos inimigos seguindo o ritmo da música que está tocando, porém, a grande sacada é que os inimigos também precisam seguir essa mesma regra, tornando as sessões de gameplay uma grande dança.
A grande sacada é que podemos escolher qual música tocar dentro de uma lista de músicas que vamos desbloqueando durante o gameplay, sendo um fator importantíssimo para ditar a velocidade do jogo. Quer um gameplay ultra-frenético sem pausa pra respirar durante o tiroteio? Basta selecionar a trilha mais com a batida mais frenética em seu toca-fitas! Prefere um gameplay um pouco mais lento e cadenciado? Tente uma trilha mais relax.
Aumentando ainda mais a freneticidade, podemos realizar parrys em ataques inimigos, deslizar por grandes distâncias, realizar dashs até mesmo no ar, pulo duplo, escalar paredes e muitas outras ”manobras” que podem nos dar alguma vantagem durante o combate (ou ganhar alguns pontos de estilo pra gravar aquela gameplay). Apesar de parecerem confusos inicialmente dada a quantidade de movimentos e a velocidade do jogo, os controles são extremamente precisos, sendo muito bem adaptados para os controles.
A importância do áudio não está apenas na trilha-sonora, já que é através de alguns efeitos sonoros que podemos identificar padrões e tipos de ataques, como por exemplo, ataques que necessitam um parry para serem defendidos possuem um efeito muito específico ao serem lançados pelos inimigos, fazendo com que a mecânica seja utilizada de maneira muito mais intuitiva pelo jogador.
Dando liga ao gameplay, o jogador terá a disposição um arsenal de armas que vão desde revolveres, escopetas, armas que disparam laser, lança-granadas e até mesmo uma katana. Podemos carregar até duas armas ao mesmo tempo, permitindo criar combinações para que o jogador expresse seu estilo de jogo da maneira mais estilosa imaginável, podendo inclusive carregar 2 armas iguais em simultâneo.
Também temos a nossa disposição itens especiais chamados de recursos, que funcionam como habilidades especiais que após serem usadas, entram em um tempo de recarga. Os recursos acabam adicionando uma camada extra de dificuldade, já que ter o recurso certo equipado em determinadas situações pode ser a diferença entre derrotar um chefe ou voltar para o início do jogo.
Desbloqueamos novas armas e recursos através de diagramas, que podem ser encontrados espalhados pelas fases de Robobeat. Ao encontrar um diagrama, podemos desbloqueá-lo na oficina com pontos que ganhamos ao avançar durante nossas runs, podendo equipá-lo assim que for desbloqueado e habilitando sua aparição nas salas especiais dali em diante.
Todas as armas possuem níveis diferentes, aumentando seu dano e outros status. Podemos encontrar armas de níveis maiores conforme progredimos pelas fases, tornando a dinâmica de troca de armas um dos principais pontos do loop de gameplay de Robobeat, já que constantemente precisaremos decidir entre continuar com uma arma mais confortável ou trocá-la por uma arma com um nível maior que não temos muito domínio.
Também teremos a nossa disposição algumas vantagens aleatórias, que podem ser adquiridas em uma sala especial exclusiva para a aquisição dessas habilidades. Essas habilidades é o toque do chefe de nossa build, já que é através delas que podemos desbloquear novas mecânicas como atirar com as duas armas ao mesmo tempo, aumentar nosso dano crítico, aumentar nossa velocidade de movimento e muito mais.
Ao encontrar essa sala especial, teremos que escolher uma entre 3 habilidades aleatórias, podendo gastar recursos para dar um ”reroll”, trocando por outras 3 habilidades aleatórias. A aparição dessas salas se tornam mais comuns conforme progredimos para salas mais avançadas, portanto, escolha muito bem a hora certa de usar seus pontos para tentar conseguir alguma habilidade específica, já que a cada rolagem, o custo aumenta gradativamente.
Apesar de não ser muito fã do gênero roguelike, o gameplay único de Robobeat me fisgou muito mais do que eu gostaria de admitir, se tornando o meu novo vício e colocando o jogo na seleta lista de ”jogos de conforto para aliviar o stress”. A forma que a trilha-sonora e os efeitos sonoros se interlaçam com a movimentação e o gunplay beira a perfeição, proporcionando uma experiência de gameplay única.
A dificuldade das salas de Robobeat podem inicialmente assustar alguns jogadores, principalmente aqueles que não estejam acostumados com o gênero, mas por consequência, gera uma sensação de recompensa extremamente satisfatória, já que você realmente sente que está progredindo e melhorando com o passar das runs, e não por ter adquirido mais status ou alguma arma muito forte, mas sim por dominar todas as mecânicas de gameplay e usá-las com maestria.
Experimentar diferentes armas e combinações foi quase como uma terapia, já que apesar da aleatoriedade das armas e recursos que são disponibilizados em cada run, se habituar com cada uma dessas combinações impostas pelo RNG foi um desafio muito prazeroso de superar, graças a trilha-sonora espetacular e o quão responsivo e recompensador é o gameplay.
Em média, a ”primeira zerada” pode levar até 9 horas de gameplay, porém, por se tratar de um roguelike, o tempo de jogo tem capacidade para se expandir para dezenas (ou até centenas) de horas, a depender da habilidade e do quão engajado o jogador está em suas mecânicas e loop de gameplay.
Sistema de progressão
Robobeat segue a receita de bolo clássica do gênero roguelike, baseada em salas aleatórias com 3 ondas de inimigos, que ao serem vencidas, nos dão uma recompensa. Ao iniciar uma run, teremos a nossas disposição duas armas e um recurso aleatório, sendo os nossos equipamentos iniciais para a run.
A grande maioria das salas funciona por hordas, na qual teremos que vencer 3 hordas de inimigos aleatórios para avançar para a próxima sala, com sua dificuldade e quantidade de inimigos aumentando gradativamente a cada uma delas. Algumas dessas salas nos permitem escolher a recompensa da próxima sala ou ir para uma sala especial, que podem variar entre uma sala na qual poderemos escolher uma habilidade, comprar armas ou recursos aleatórios, ou poder escolher entre 1 de 2 armas ou recursos aleatórios sem custo.
Após vencermos uma série de salas, chegaremos a sala do chefe da área, que irá colocar a prova as habilidades do jogador, o obrigado a fazer uso de todas as mecânicas como o parry, pulos duplos e, principalmente, seus recursos. Ao vencer o chefe de uma área e recuperar a chave para a próxima ou morrer (o que vai acontecer com certa frequência), seremos jogados de volta para o hub inicial, reiniciando o ciclo de progressão mantendo os desbloqueios que fizemos durante a run.
A direção de arte dos inimigos e das fases cria uma atmosfera perfeita, trazendo um jogo de cores psicodélicas que te estimulam a não ficar parado por um só segundo, fazendo um casamento perfeito com a freneticidade do gameplay e da trilha-sonora. Apesar de simples, os visuais de Robobeat dão uma charme único para o título, conversando muito bem com a proposta de seu gameplay.
Vale a pena entrar no ritmo?
Fazendo o casamento perfeito entre dois gêneros completamente diferentes, Robobeat é uma excelente pedida para quem busca um gameplay desafiador e uma abordagem diferente ao gênero roguelike, proporcionando um loop de gameplay e mecânicas extremamente viciantes, regada a uma trilha-sonora de dar inveja a muitos jogos grandiosos.
A curva de dificuldade pode acabar afastando alguns jogadores, porém, aqueles que aceitarem os desafios de Frazzer e dominarem as mecânicas de Robobeat serão recompensados com um dos melhores jogos para os consoles no início do ano.
Esse review de Robobeat foi escrito através de uma cópia de review para PS5, gentilmente cedida pela Kwalee.
O Review
Robobeat
Robobeat mistura com maestria o gênero roguelike com jogos de ritmo, casando o gameplay frenético e viciante característico do gênero roguelike com o ritmo de gameplay dos jogos de ritmo, fazendo uso de uma trilha-sonora excepcional para unir os dois, fazendo de Robobeat um dos jogos mais únicos e divertidos dentro do gênero roguelike.
PRÓS
- Loop de gameplay viciante
- Trilha-sonora fenomenal
- Controles precisos e jogabilidade fluída
CONTRAS
- Curva de dificuldade pode desmotivar alguns jogadores