Review | Sword Art Online: Fractured Daydream (PS5)

Sword Art Online é sem sombra de dúvidas uma das franquias mais influente dos últimos anos, inspirando a criação de diversos novos mangás e novels baseadas em MMOs. Naturalmente, jogos da franquia começariam a ser desenvolvidos, fazendo sua estreia no PS Vita com Sword Art Online Hollow Fragment, dando início ao que seria conhecido como o ”gameverse” de Sword Art Online.

Após a conclusão da história em Sword Art Online: Alicization Lycoris, dúvidas a respeito de novos jogos da franquia começaram a surgir, já que embora Alicization tivesse finalmente abraçado de vez aspectos multiplayer, a fórmula baseada em um simulador de MMO já começava a sofrer com um certo desgaste. Com a intenção de revitalizar a franquia, Sword Art Online: Fractured Daydream foi anunciado não apenas em um novo universo, mas também em um novo molde, priorizando o multiplayer.

Com isso, uma pergunta não saia da cabeça dos fãs: seria Fractured Daydream o recomeço que a franquia precisava?

Sword Art Online: Fractured Daydream é um recomeço baseado no fanservice

Um mundo novo e distorcido

Desenvolvido pela Dimps e publicado pela Bandai Namco, Sword Art Online: Fractured Daydream tem início em um dia comum na vida de Kirito e seu grupo, que estão reunidos para grindar em ALO. O grupo está testando uma ferramenta revolucionária chamada Galaxia, que permite que os jogadores recriem experiências passadas como chefes e masmorras usando a seed.

Tudo parece normal para o grupo, mas algo definitivamente está errado: Quinella, também conhecida como Administradora, não apenas está viva como também faz parte do grupo de amigos de Kirito. Para aumentar ainda mais o clima de ”o que está acontecendo aqui?” plantado na cabeça do jogador, ninguém parece se lembrar de Quinella, já que Kirito a apresenta como uma nova jogadora e aluna transferida de sua escola.

Kirito desconfia que algo está errado, e ao recuperar suas memórias sobre o que aconteceu no Underworld e confrontar Quinella, ambos são jogados de volta em ALO. Deixando sua rivalidade de lado, ambos decidem explorar o mapa de ALO para encontrar respostas, quando são surpreendidos por dois novos personagens: Fuuka, um play tester responsável por testar Galaxia e Neige, uma IA responsável por auxilia-la.

Fuuka conta que após um erro em Galaxia, ambas foram jogadas para ALO e tiveram seu acesso a funções de play test cortados, e pedem auxílio para Kirito e Quinella para encontrar uma sala de testes. Kirito decide ajudar as duas garotas, dando início a uma nova aventura pelos mundos virtuais idealizados por Kayaba Akihiko, criador do MMO Sword Art Online.

Durante a história, mais coisas estranhas começam a acontecer, como Asuna acreditar que ainda estava presa em SAO, além da presença de personagens que definitivamente não deveriam estar ali, como Heartcliff, Yuuki, Egeo, Alice e até mesmo personagens exclusivos de Sword Art Online: GunGale Online 2. Por muito tempo, o maior questionamento do jogador (e da própria história) é o de: como personagens que morreram no mundo real estavam de volta?

Piorando a situação, o erro em questão também acabou unindo os 3 jogos principais da série, Sword Art Online, Alfheim Online e GunGale Online, em um único grande mundo distorcido, jogando grupos de jogadores formados em GunGale Online em um mapa de ALO, por exemplo. Separados, os amigos e os antigos inimigos de Kirito devem encontrar respostas para todos esses eventos, fazendo o que sabem fazer de melhor: grindando.

Dividida em capítulos, a campanha principal de Sword Art Online: Fractured Daydream é baseada em missões, diferente dos moldes dos jogos anteriores. A história avança através de cutscenes com um nível satisfatório de animação e totalmente dubladas, presentes no começo e ao final de cada missão.

Apesar da premissa interessante, por muitas vezes a história acaba se perdendo, alongando um pouco mais do que o necessário em prol do fanservice. Interações entre personagens de diferentes eras de SAO acabam sustentado a história, que só volta a pegar ritmo nos momentos finais. Não me leve a mal, isso não foi uma reclamação sobre fanservice, ver Quinella interagindo com Heartcliff por exemplo era algo que eu não esperava e foi uma adição muito bem-vinda, mas a história teria se beneficiado caso fosse um pouco mais curta.

Uma nova forma de jogar Sword Art Online

Como já dito anteriormente, Sword Art Online: Fractured Daydream deixa de lado o semi mundo aberto dos jogos anteriores e da espaço para um gameplay baseado em missões. Passaremos por mapas e locais já conhecidos dos fãs da série, que são baseados em todos os três MMOs principais da franquia, incluindo o Underworld.

Nas missões do modo história, os jogadores podem ver os personagens disponíveis para serem escolhidos, recompensas, nível recomendado e mais informações. É possível montar grupos de até 4 personagens, embora algumas missões específicas restrinjam esse número para 3 ou até mesmo 2.

Algumas missões se passam em mapas mais abertos, permitindo que o jogador tenha um pouco mais de liberdade para explorar a área, enfrente inimigos e chefes opcionais, encontre baús de tesouro e outros coletáveis extras antes de seguir para o objetivo principal. Já outras funcionam como masmorras, em que o jogador precisa passar por várias salas e corredores, desvendando o segredo para abrir as portas e avançar até o chefe final da instância.

Uma grande mudança no gameplay de Sword Art Online: Fractured Daydream é o sistema de progressão de personagens, já que agora os personagens não possuem mais uma árvore de habilidades dedicadas nem um sistema de nível que afeta seu gameplay. No lugar disso, temos o Nível de Jogador, que influência as missões e equipamentos que podemos adquirir e equipar em todos os nossos personagens. Já os personagens, possuem um sistema de nível que serve mais para desbloqueio de itens cosméticos, apesar de ter um uso sim para o gameplay ao chegar no nível máximo (falaremos disso logo).

Separados por classes, todos os personagens possuem 3 habilidades atribuídas aos botões de ação, além de um power-up que pode ser ativado com L1. Por exemplo, Yuuki pode causar mais dano em troca da própria vida ao ativar seu power-up, já Eugeo imbui sua espada com dano mágico de gelo.

Ao invés de um sistema de nível para melhorar os status, derrotar monstros espalhados pelos mapas dropam pequenas esferas que aumentam a vida e dano do grupo, se tornando o maior incentivo para que o jogador explore as áreas antes de seguir para o objetivo principal. Algumas mudanças foram feitas para esse sistema no multiplayer, que falaremos mais abaixo na análise.

A grande novidade no gameplay de Fractured Daydream é o quão único cada personagem é, já que até mesmo o MMO de origem dele afeta drasticamente sua gameplay. Personagens que tiveram sua origem em GGO como Simon e Dead-End, por exemplo, tem um gameplay completamente voltado para tiro em terceiro pessoa, como visto em Sword Art Online: Fatal Bullet, enquanto personagens que começaram no arco de ALO tem a capacidade de voar.

O fato de todos os personagens terem características e habilidades únicas convida o jogador a testar todos, até finalmente encontrar o personagem perfeito para o seu estilo de jogo.

Customização de personagens

Completar missões do modo história ou do multiplayer rende ao jogador várias recompensas, como dinheiro, equipamentos e cosméticos, que permitem o jogador customizar todos os personagens da maneira que quiser.

Cada personagem possui uma arma única, como espadas, adagas, cajados e rapieiras, juntamente com 2 espaços para acessórios e 2 espaços para habilidades passivas. Personagens da mesma classes dividem os mesmos acessórios, permitindo que mais de um personagem equipe o mesmo acessório ao mesmo tempo.

Passivas funcionam da seguinte forma: cada personagem tem 2 passivas únicas, porém ao chegar ao nível 30, sua passiva pode ser equipada por qualquer outro personagem. A possibilidade de compartilhar equipamentos e passivas abre um leque amplo de builds para os mais diferentes personagens, aumentando seus pontos fortes e cobrindo suas fraquezas, tornando cada personagem realmente único.

Já na parte dos cosméticos, podemos mudar a roupa dos personagens, incluindo chapéu, acessórios de cabeça e skins de armas. A quantidade de skins que podem ser desbloqueadas através de grind é satisfatória, apesar de skins mais chamativas estarem disponíveis apenas através de Selo SAO, que são adquiridos completamente o passe de batalha, ou com dinheiro real.

Multiplayer

Os modos multiplayer é onde Sword Art Online: Fractured Daydream brilha, trazendo 3 modos de jogo únicos com suporte para até 20 jogadores, podendo ser completado por bots caso o matchmaking não encontre 20 jogadores na fila para jogar. Todos os 3 modos são formados por 5 grupos de 4 jogadores cada, porém, personagens não podem ser repetidos dentro do mesmo grupo.

A grande diferença no multiplayer é que, ao invés de começar com todas as habilidades desbloqueadas, evoluímos o nosso personagem ao matar inimigos nos mapas, ganhando nível e melhorando nossos status e desbloqueando habilidades ao decorrer da partida, lembrando um pouco o sistema usando em MOBAs.

Os 3 modos de jogos seguem a mesma premissa: derrote monstros, evolua seu personagem, derrota o chefão final. O que os diferencia é a estrutura do mapa e os objetivos das missões.

No modo Mundo Aberto, 20 jogadores são jogados em um grande mapa explorável com vários inimigos espalhados. Cada região do mapa possui baús dos tesouros e inimigos únicos, diferenciados por níveis, como por exemplo, a região inicial do mapa possui inimigos que vão do nível 1 até o nível 18, já a região central possui inimigos que chegam até o nível 100. Vale lembrar que esses níveis são relativos ao seu nível de jogador.

O modo Quest Cooperativa coloca os jogadores em uma grande masmorra repleta de monstros e segredos, com um chefe final os aguardando no ultimo salão. Os objetivos para avançar podem variar entre derrotar ondas de inimigos, ativar alguns computadores, proteger uma certa estrutura ou derrotar um mini-boss.

Já Raide de Chefe coloca os jogadores frente-a-frente a um chefe extremamente poderoso, colocando a prova o trabalho em equipe e habilidade de todos os grupos, que precisam passar por várias transformações e fases durante a batalha, como as já conhecidas de MMOs ”adds phase”, transições para transformações mais poderosas e muito mais.

Além do conteúdo e missões disponíveis no lançamento, a Bandai Namco promete atualizar constantemente o título, trazendo mais missões, equipamentos, roupas e personagens, dando um tratamento similar a um jogo como serviço. A quantidade de missões no modo Quest Cooperativa é o suficiente para fazer com que os jogadores continuem o grind até que mais masmorras cheguem, porém, o mesmo não pode ser dito do modo Raide de Chefe, que conta com apenas 3 missões atualmente.

Áudio e questões técnicas

Sword Art Online: Fractured Daydream segue a tradição da franquia em usar canções para sua abertura e encerramento, dessa vez interpretada pela famosa cantora ReoNa. Embora nenhuma das canções tenham aparições durante o gameplay, sua presença é importante de serem destacadas, já que se trata de uma tradição da franquia.

Já as trilhas in-game cumprem bem o seu papel de empolgar durante os combates, transmitir melancolia durante cenas dramáticas e divertir em cenas de descontração do grupo, embora nenhuma delas seja marcante. O design de áudio também esta dentro do esperado dos jogos da franquia, com efeitos de som já conhecidos do anime de Sword Art Online e dos jogos anteriores, sem muitas surpresas.

Já no quesito performance, o jogo se comportou extremamente bem, sem quedas de frame rate ou bugs que comprometessem a progressão, tornando Sword Art Online: Fractured Daydream um jogo quase ”bug free”.

Essa review de Sword Art Online: Fractured Daydream foi escrita através de uma cópia de review para PS5, gentilmente disponibilizada pela Bandai Namco.