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Análise | The Thin Silence

Os jogos indies lançados nos últimos anos têm reinterpretado a maneira como os vídeo games são jogados, criando novas mecânicas e elevando as narrativas de jogo. Alguns alcançam o status de verdadeiras obras de arte, com enredos profundos e bem desenvolvidos, que associados a uma narrativa gráfica única, mecânicas de jogo geralmente simples e trilhas sonoras minunciosamente pensadas, tratam temas intimistas, pesados e/ou polêmicos, que muito dificilmente seriam abordados por grandes produtoras.

Os bons jogos indies, como obras de arte, conseguem envolver o jogador e transmitir a sensação a qual se propõe por intermédio desse conjunto de fatores, de modo que cada minuto jogado é único e relevante não só para o jogo, como também para o jogador, levantando questionamentos que vão além do enredo e podem afetar até mesmo nossa maneira de pensar sobre determinados temas.

“The Thin Silence” é um jogo indie de aventura narrativa, desenvolvido pela Two PM Studios e publicado pela Nkidu Games Inc. disponível para PC. Segundo os próprios produtores, inspirado por Limbo e Knytt Stories. E como os grandes jogos indies, consegue oferecer ao jogador mais do que apenas uma experiência de jogo.

O jogo aborda temas pesados e complexos como depressão, suicídio, falta de confiança própria e desafios autoimpostos. Trata-se de uma jornada de autoconhecimento e aceitação, onde o protagonista se debate no escuro à procura de um propósito para a sua vida.

 

CAMINHANDO NO ESCURO

O contexto e a história de Ezra Westmark ocorrem em algum momento de uma violenta guerra civil, contada por intermédio de flash back’s viscerais, além de recortes de jornais, revistas, fotografias e notas espalhadas aleatoriamente durante o jogo.

Review | The Thin SilenceDurante o gameplay poderão ser encontrados 40 documentos, a leitura cuidadosa deles é indispensável para conhecermos melhor o meio em que a protagonista vive e viveu, além de entender com mais profundidade seus problemas pessoais e o motivo de seu desespero.

A campanha de “The Thin Silence” é dividida em quatro partes: “Murmúrios”, “Ecos”, “Dúvida” e “Prova”. Em cada uma dessas partes acompanhamos os momentos conturbados de Ezra Westmark em busca de redenção.

 

A MECÂNICA DO SILÊNCIO

“The Thin Silence” possui uma mecânica simples e uma campanha linear, onde a progressão durante as fases do jogo se dá por intermédio da solução de puzzles pouco desafiadores, porém interessantes. Os puzzles são solucionados através de elementos disponíveis na própria fase, ou de itens específicos.

Os itens encontrados durante o jogo podem ser combinados, possibilitando a construção de ferramentas únicas. Por meio destas ferramentas Ezra pode chutar, escalar, atear fogo, puxar coisas e até mesmo rackear computadores.Review | The Thin Silence

GRÁFICOS E TRILHA SONORA

É aqui que “The Thin Silence” brilha. O protagonista se debate no escuro, em meio a um cenário desolador e hostil, que consegue por intermédio de seu pixel art magnífico transmitir uma atmosfera desoladora, solitária e melancólica.

A narrativa gráfica evolui conforme ele enfrenta seus demônios pessoais e é acompanhada por uma trilha sonora feita sob medida, que a acompanha com perfeição, intensificando a sensação de solidão e melancolia do início da jornada de Ezra, até o final, onde a paleta de cores é avivada e a música passa uma renovadora sensação de esperança.Review | The Thin Silence

CONCLUSÕES

“The Thin Silence” apresenta uma narrativa gráfica impecável. O level design é sempre verticalizado, as subidas e descidas são alusões às superações e recaídas de Ezra ao longo da sua jornada.

O jogo possui um rítmo próprio, lento e cadenciado. Dando tempo para que o jogador absorva cada detalhe do cenário, sinta-se desolado e solitário como o próprio protagonista, e perceba até mesmo o sofrimento que cada passo adiante parece trazer ao longo de sua caminhada.

Apesar de abordar temas pesados como depressão, problemas psicológicos e flertar com o suicídio, “The Thin Silence” é um jogo sobre a esperança. Ezra se vê obrigado a enfrentar seus problemas de frente, passando sofridamente pelas fases de negação, na qual se afunda ainda mais em suas trevas até a fase de aceitação dos problemas, em que aceita a ajuda que lhe é dada, conseguindo vislumbrar os dias melhores que estão por vir.

“The Thin Silence” é indicado para todos os tipos de jogadores. Se você está passando por problemas similares aos de Ezra Westmark, talvez esse jogo sirva como um guia para a luz que seguramente está te esperando no fim do túnel.

edmarThe Thin Silence foi gentilmente cedido à Manual dos Games para análise pela Two PM Studios “

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