Vampyr – Vale a pena?

Desenvolvido pela Dontnod Entertainment, Vampyr é um RPG de ação e aventura com foco na narrativa, lançado no último dia 05 de junho para PC, Ps4 e Xbox One. Oficialmente anunciado em 2015, Vampyr criou uma aura de expectativa que alimentou uma hype crescente, atingindo seu ápice na E3 de 2017, quando foi revelado um trailer que impressionou a comunidade gamer e voltou todos os holofotes para o jogo. Após alguns atrasos, finalmente Vampyr está entre nós.

“A DESOLAÇÃO DA GUERRA”

Vampyr é ambientado em Londres no último ano da primeira guerra mundial. A cidade está sendo assolada pela letal gripe espanhola. Em meio a um completo estado de desorganização governamental, reforçado pelo medo da população e os momentos finais da Grande Guerra, as ruas de Londres são tomadas por violentas gangues que se aproveitam da situação para prosperar. Com exceção de alguns poucos, os cidadãos não ousam sair de casa temendo a violência nas ruas e a onda desenfreada de mortes causada pelo vírus.

Em meio a esse ambiente hostil e desolador, uma figura atormentada emerge dos mortos. Você é Jonathan E. Reid, um cirurgião militar de alta patente transformado em um vampiro contra a própria vontade, após seu retorno do fronte de guerra na França.

Depois da sua conversão forçada, ele busca desesperadamente respostas, quem o criou e por quê. E em meio a essa busca, se vê envolvido com personagens obscuros de ambições duvidosas, além de pessoas honestas e bem intencionadas, que tentam aliviar o sofrimento do povo, tratando os soldados feridos que retornavam para casa, além de com o auxílio do Dr. Jonathan Reid, solucionar o surto de gripe espanhola que matava indiscriminadamente.

“ENTREVISTA COM UM VAMPIRO”

Um homem lógico e pragmático, Jonathan passa a viver em eterno conflito, ao mesmo tempo em que fez o juramento de salvar vidas, precisa tirá-las para sobreviver em sua nova condição. E esse é um dos pilares que norteiam o jogo, a mecânica relacionada aos cidadãos das quatro comunidades que estão sob o cuidado de Jonathan é complexa, tendo em mente que a única maneira de evoluir e aprimorar os poderes vampíricos, é se alimentando daqueles que você protege.

Cada um desses cidadãos tem uma história bem desenvolvida e verossímil, que o protagonista descobre pouco a pouco, por intermédio de diálogos bem construídos e de pistas capturadas em conversas com outros da mesma comunidade. Cada um dos personagens possui problemas pessoais, além de caráter e pontos de vistas éticos diferentes. De modo que nunca é uma decisão fácil sacrificar alguns deles em busca de poder, mas é inevitável, e você vai ter que fazer essa escolha em vários momentos do jogo, visto que é uma das poucas maneiras de aumentar de nível durante o gameplay.

A mecânica relacionada à manutenção das comunidades é uma das coisas fundamentais durante o gameplay. Cada um dos quatro distritos ocupa posições geograficamente diferentes em Londres, e possuem necessidades e peculiaridades próprias. No papel de médico, caberá a você manter a estabilidade dessas comunidades, administrando medicamento as pessoas que lá vivem, além de realizar as missões secundárias oferecidas por cada um dos cidadãos. Por intermédio disso você manterá a qualidade de vida da comunidade estável, implicando diretamente no preço dos itens vendidos pelos comerciantes locais, além da quantidade de experiência dada ao “abraçar” as vítimas escolhidas.

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Caso a qualidade de vida da comunidade caia a níveis críticos, o preço dos itens vendidos pelos comerciantes vai aumentar consideravelmente, a saúde dos moradores vai cair, o que implica na perda de qualidade do sangue dos mesmos. E no caso mais extremo, se a qualidade de vida cair abaixo de condições críticas, o distrito inteiro vai ser perdido pelo resto do jogo. O que implica na perda permanente das missões secundárias e de todos os habitantes.

A perda de um distrito, ou de todos, não implica em game over, porém, todas as ações relacionadas aos NPCs e ao distrito têm uma consequência direta no jogo, alterando a forma de interação com outros NPCs, podendo implicar diretamente no final do jogo.

O jogo apresenta ainda um sistema de crafting que não varia significativamente de outros RPGs, mas possui algumas peculiaridades. Por meio dos conhecimentos inerentes à sua profissão, o Dr. Jonathan possui a capacidade de confeccionar medicamentos e soros. Os medicamentos são primariamente utilizados para manter os cidadãos dos distritos saudáveis, e os soros são utilizados em combate, e podem regenerar a vida, vigor ou a barra de sangue.

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Em Vampyr nós podemos andar, correr, realizar movimentos de esquiva, nos “teletransportar” entre pontos predeterminados pelo jogo, além de, a depender do tipo de armamentos que usamos, realizar movimentos de ataque rápido e desestabilizar o inimigo. Podemos ainda usar uma espécie de “visão vampírica”, que destaca em vermelho rastros de sangue fresco e é crucial em algumas missões de investigação.

 A variedade de armas encontradas durante o jogo é limitada, essencialmente teremos armas brancas de uma mão, machados, porretes, cutelos, facas, armas brancas de duas mãos, como bastões, porretes e foices. As armas de uma mão podem ser usadas em conjunto com uma arma secundária, que pode ser uma pistola, escopeta, faca cirúrgica ou uma estaca, modificando a dinâmica de combate. Algumas das armas possuem atributos específicos, como roubar sangue a cada golpe ou atordoar os inimigos. Essas armas podem ser aprimoradas no balcão de construção dando a elas novos atributos ou reforçando outros.

A mecânica de combate é extremamente satisfatória e divertida. Claramente inspirada em jogos como Bloodborne e Dark Souls, você vai ter que dosar os movimentos de ataque e defesa com especial atenção no seu nível de estamina. Além das armas disponíveis durante o jogo, uma série de poderes intrínsecos a sua condição de vampiro vão servir para incrementar o combate, e o uso deles é crucial. Variam desde se tornar momentaneamente invisível, através do controle das sombras, realizando ataques surpresa ou fugir de grupos de inimigos até jogar lanças de sangue ou explodir o coração de um alvo causando dando de área. Essa árvore de poderes é desbloqueada conforme você vai aumentando em nível, e cada um desses poderes podem ser aprimorados às custas de experiência.

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E no que diz respeito aos inimigos, não teremos uma variação muito grande. São basicamente três grupos, os membros das gangues e fanáticos religiosos que infestam as ruas da cidade, os Skals, vampiros abortados que se tornaram insanos e monstruosos, além de outros vampiros. A quantidades de chefões é interessante, vamos enfrentar desde outros vampiros, lobisomens até variações extremas de Skals. O jogo só possui um nível de dificuldade, e se você passou por Bloodborne ou Dark Souls, provavelmente não terá nenhuma dificuldade aqui, e vai se adaptar com rapidez ao sistema de combate de Vampyr.

“GRÁFICOS E TRILHA SONORA”

Os level design do jogo é um espetáculo à parte. Apesar de não ser um jogo baseado em fatos completamente reais, os desenvolvedores fizeram uma tentativa de reconstruir a Londres de 1918 que passa uma sensação satisfatoriamente realista e imersiva.

A ambientação do jogo nos remete aos cenários de jogos como The Order 1886 e Bloodborne, sendo que no caso de Vampyr temos um mundo semiaberto, com uma área realmente grande de exploração e cenário parcialmente interativo.

A trilha sonora é arrebatadora, e torna a experiência de gameplay única, especialmente nos momentos em que vamos “abraçar” uma vítima, o clima de tensão e clímax criado pela trilha sonora nesses momentos em específico é sensacional e angustiante.

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“CONCLUSÕES”

Vampyr é um RPG de ação e aventura com foco na narrativa, que definitivamente oferece uma das experiencias de gameplay mais satisfatórias do ano. O jogo é impressionantemente imersivo, e consegue mesclar na medida correta os momentos de ação sanguinária e brutal, com os de conversação e interação com os NPCs, estabelecendo a evolução do enredo por  diálogos inteligentes e humanos.

O Dr. Jonathan é um personagem único e complexo, que vive em conflito consigo próprio, e essa angústia é passada pela excelente dublagem e animação do seu rosto. Por falar nisso, a dublagem seguramente é um dos pontos altos do jogo, a voz de todos os NPCs parece ter sido escolhida a dedo.

A mecânica de combate e o sistema de construção e melhora de armas e itens não traz nada de diferente do que estamos habituados, mas é bem polida e tudo funciona a contento.  As missões secundárias são extremamente interessantes, em Vampyr você não vai encontra missões bobas e repetitivas, tudo tem uma boa contextualização. A ambientação na Londres da década de 1918 é espetacular e a exploração dela é impressionante.

Os anos que seguiram ao anúncio de Vampyr foram cercados por uma hype impressionante, e finalmente com o jogo em mãos podemos dizer que sim, o jogo é realmente tudo o que parecia ser. Mas Vampyr não é um jogo indicado para todos os jogadores, é preciso ter em mente que trata-se de um RPG de ação com foco na narrativa, o que implica em um enredo de jogo que se desenvolve através de longas conversações com os personagens principais e NPCs ao longo do gameplay. Se está procurando uma experiência de jogo que te ofereça ação desenfreada o tempo inteiro, definitivamente esse jogo não é para você. Mas se gosta de jogos com história profundas e bem desenvolvidas, com excelentes momentos de ação e exploração, ou mesmo se você é fã da série Souls, definitivamente esse deve ser seu próximo passo.

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Vampyr foi gentilmente cedido à Manual dos Games para análise pela Dontnod Entertainment”

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