Kunitsu-Gami: Path of the Goddess causou um certo estranhamento em seu anúncio, não apenas por se tratar de uma nova IP da Capcom, mas também por se tratar de um jogo do gênero tower defense. Apesar de não ser um gênero muito popular entre jogadores de jogos para console, a estética inspirada pelo folclore japonês acabou deixando muitos jogadores curiosos com o título, em especial os fãs de Okami, clássico da Capcom que também bebeu da mesma fonte que o novo título da Capcom.
Incorporando elementos de hack’n slash em seu gameplay, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess tenta trazer uma nova câmada de profundidade para o gênero, mas será que vale a pena? Descubra agora no nosso review completo de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess.
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é grande acerto da Capcom
Proteja a Deusa
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um jogo de ação, que combina o gênero tower defense com elementos de hack’n slash, trazendo uma proposta diferente para os jogos de estilo. Ao invés de apenas controlarmos o posicionamento e habilidades de nossas unidades, como na maioria dos jogos de tower defense, em Kunitsu-Gami: Path of the Goddess nós somos a unidade mais poderosa de nosso esquadrão.
Conheça Soh, um guerreiro espiritual encarregado de guiar e proteger a deusa Yoshiro em sua jornada para purificar uma montanha, tomada por criaturas demoníacas conhecidas como Coléricos. Se tratando de um guerreiro extremamente habilidoso, Soh é capaz de executar belíssimos combos dançando com sua espada, trazendo toda a fluidez já conhecida dos jogos de ação da Capcom para seu gameplay.
No controle de Soh, o jogador tem acesso a combos que envolver golpes fracos e finalizações com golpes fortes, parrys, pulo duplo e esquiva. Embora Soh não seja um canivete suíço, a quantidade de combos possíveis e a adição de estilos de dança desbloqueáveis é o suficiente para manter o gameplay interessante, já que todos os movimentos mantem fluidez e são extremamente responsivos.
Por se tratar de um tower defense, nosso objetivo principal durante as fases é abrir caminho para que Yoshiro chegue até os portões amaldiçoados de dia, e defende-la das horas de Coléricos durante a noite. Durante o dia, podemos explorar os mapas para encontrar recursos, como cristais, provisões de cura e principalmente novas unidades, que nos ajudarão durante as batalhas ferozes que nos aguardam durante a noite
Sistema de unidades e classes
Aqui chamados de Aldeões as unidades encontradas durante o dia podem receber diferentes classes a escolha do jogador. Com cerca de 10 classes disponíveis, que vão sendo liberadas ao decorrer do jogo, todas as classes possuem status e funções diferentes, como Lanceiros que focam em combates corpo-a-corpo, Arcabuzeiros que atiram em inimigos a grande distâncias, Lutador de Sumô que funcionam como tanks e Xamãs que curam todos em uma área.
Cada classe tem um custo em cristal para ser atribuída a uma unidade, fazendo com que o jogador administre bem os recursos encontrados durante o dia para criar a melhor estratégia para sobreviver as batalhas. Conseguimos cristais ao expurgar maculação espalha pelos mapas, destruindo alguns objetos como vasos ou plantas infectadas, recompensas ou ao derrotar Coléricos durante a noite.
Podemos designar posições específicas para cada aldeão, montando nossa estratégia da maneira que quisermos. Apesar do menu da Tela de Comandos pausar o jogo enquanto estiver aberto, todas as mudanças no posicionamento das unidades acontecem assim que a ordem for dada, possibilitando que o jogador mude completamente sua formação de batalha quando quiser.
Alguns aldeões tem vantagem quando colocados em certos terrenos, como por exemplo, Arqueiros e Arcabuzeiros ganham um alcance maior em seus ataques ao serem posicionados em plataformas.
Algumas classes só podem ser atribuídas a unidades com status específicos, fazendo com que o jogador pense bem antes de escolher as classes para suas unidades, avaliando não somente o mapa e os inimigos que podem aparecer, como também os status de cada aldeão antes de tomar suas decisões. Também é possível alterar as classes dos aldeões a qualquer momento, inclusive durante os combates, permitindo que o jogador adapte sua estratégia conforme necessário.
Purificar e reconstruir
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess traz sistema bem simples de seleção de fases, vamos passando por vários vilarejos diferentes montanha abaixo. Cada vilarejo tem suas próprias peculiaridades, como por exemplo, poças de veneno espalhadas por todo o mapa, armadilhas para serem armadas, diferentes animais tomados pela maldição e outros elementos únicos.
Geralmente acompanhada por um fase de chefe, os vilarejos purificados se tornam nossas bases, introduzindo uma nova mecânica para geração de recursos e o principal meio de conseguir alguns materiais de upgrades. Algumas fases levam a capacidade estratégica do jogador ao limite, colocando-o em situações desesperadoras em locais com movimentação extremamente restrita, como embarcações em alto-mar, áreas com veneno para todos os lados e algumas outras surpresinhas. Apesar disso, a curva de dificuldade é bem dosada, cumprindo bem o papel de dizer ao jogador quando é hora de voltar para coletar recursos em outra fase.
Após purificarmos o local e liberar sua base, podemos usar as unidades encontradas no vilarejo durante as batalhas para ajudar em sua reconstrução, nos recompensando com cristais, provisões e itens usados para melhorar Soh e as classes dos aldeões.
O tempo de conserto para finalizar as construções são baseadas em fases passadas, ou seja, para que uma construção que leve 1 fase seja concluída, é necessário que o jogador passe qualquer fase e retorne a vila para coletar sua recompensa. Todas as fases podem ser jogados novamente, trazendo desafios extras que só podem ser completados em uma segunda ou terceira jogada, como derrotar um chefe em 3 minutos, não tomar dano ou usar unidades específicas.
Ao concluir todas as construções de um vilarejo, somos recompensados Talismãs e um aumento do número máximo de cristais que podemos carregar. Ainda dentro das bases, está a barra de Yoshiro, na qual podemos equipar diferentes itens como amuletos, novas habilidades, salvar nosso progresso manualmente e fazer upgrades nas classes dos aldeões e em Soh.
Sistema de melhorias de classes
Todas as classes possuem uma árvore de habilidades única, possibilitando melhorias em status como vida, dano e até mesmo desbloquear novas habilidades. Para fazermos tais melhorias, precisamos de uma moeda chamada Musubi, que pode ser obtida ao completarmos fases, cumprirmos desafios ou encontrada pelos mapas em baús do tesouros escondidos.
Soh também tem sua própria árvore de melhorias, incluindo o desbloqueio de novas stances de luta novos golpes, além de habilidades para suas habilidades, como por exemplo poder chamar todas as unidades para perto com apenas um botão no modo tático.
Apesar de limitada, a quantidade de habilidades e movimentos desbloqueáveis de Soh é o suficiente para a proposta do jogo, não transformando o guerreiro em um canivete suíço muito menos deixando o personagem extremamente poderoso, mantendo uma boa dose de desafio mesmo após o desbloqueio das melhorias.
Um presente para amantes do folclore japonês
Com design e trilha sonora extremamente inspirado pelo folclore japonês, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess tem visuais lindíssimos, transformando muitas das cutscenes do jogo em pinturas interativas. O design das criaturas também é extremamente familiar para aqueles que tem um certo conhecimento do folclore nipônico, com algumas delas lembrando muito os famosos Onis e demais criaturas demoníacas.
Os golpes de Soh que rasgam o vento deixando efeitos extremamente vibrantes, a dança ritualista de Yoshiro e os aldeões durante o ritual de purificação, a trilha sonora.. Tudo é muito bonito e extremamente harmonioso, imergindo o jogador em um conto que parece ter saído diretamente das lendas folclóricas.
É impossível ser um apreciador da cultura nipônica e não encher os olhos com os visuais de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess.
Veredito
O fato de que a Capcom autorizou o desenvolvimento de um jogo menor como Kunitsu-Gami: Path of the Goddess em tempos que os custos de desenvolvimento de jogos estão nas alturas, por si só, já merece aplausos. Trazer uma IP nova de um gênero extremamente nichado como tower defense, é uma aposta que poucas desenvolvedores correriam o risco, mas a Capcom matou no peito e marcou um gol de placa.
Apesar de sim, existirem alguns problemas, como uma certa repetição do loop de gameplay que pode acabar o tornando enjoativo na reta final, ou problemas menores como alguns elementos do cenário que simplesmente somem na sua frente, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um excelente começo para o que pode se tornar uma das grandes franquias da Capcom futuramente, unindo de maneira harmoniosa dois gêneros que pareciam não se conversar muito bem.
É impossível não recomendar Kunitsu-Gami: Path of the Goddess para qualquer ”viúva” de Okami, principalmente pela colaboração entre as duas franquias, que traz roupas e a trilha-sonora da franquia clássica da Capcom para Kunitsu-Gami. Fãs de tower defense ou de jogos de ação também estarão em casa aqui, fazendo de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess uma nova experiênciaúnica para jogadores veteranos dos dois gêneros.
Essa review foi escrita através de uma cópia de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess para PS5, cedida gentilmente pela Capcom.