Warhammer 40,000: Space Marine 2 tem chamado a atenção de muitos jogadores desde o seu anúncio, seja pela sua temática espacial ou pela sua violência e gore extremas. O segundo título da franquia spin-off de Warhammer tinha a difícil missão de não apenas atender a todo o hype criado pelos fãs, já que o primeiro Space Marine foi lançado a mais de 1 década, como também trazer novos jogadores para a franquia Warhammer.
Com o hype dos fãs que esperavam uma sequência a 1 década nas alturas, além dos trailers que acabaram chamando a atenção de amantes de outras franquias mais ”hardcore” (incluindo a minha), será que a Saber Interactive conseguiu atender as expectativas? Confira agora nosso review completo de Warhammer 40,000: Space Marine 2.
Pelo Imperador!
Antes de mais nada, eu preciso deixar claro que meu conhecimento prévio sobre a franquia Warhammer era extremamente superficial. Eu conhecia a franquia, sabia sobre o que a maioria de seus jogos se tratavam, mas nunca havia parado para de fato jogar um de seus jogos, então tenham em mente que Space Marine 2 pode ser considerado meu primeiro real contato com esse universo.
Isso era uma das minhas preocupações ao iniciar a campanha, já que Warhammer é conhecido por ter histórias extremamente complexas, repletas de facções diferentes, termos, e outras coisas mais que podem assustar um jogador novato. Apesar de me sentir perdido com nomes e termos jogados durante os diálogos iniciais consegui me divertir e acompanhar a história, com algumas ressalvas.
Em Space Marine 2 o jogador é Titus, um Ultramarine que atualmente está servindo a Deathwatch, após anos preso sob acusações de heresia e corrupção. Após completar uma missão que por pouco não acabou com a sua morte, como ato de bravura, Titus é reintegrado aos Ultramarines e é colocado a cargo a de um esquadrão.
Titus retorna ao esquadrão Ultramarine durante um ponto crítico na guerra entre o Império e as criaturas alienígenas conhecidas como Tyranids. Após os feitos do agora Tenente Titus na primeira missão do jogo, outro planeta dominado pelo Império começa a ser encurralado pelos aliens, obrigando uma retirada estratégica antes que um contra-ataque possa ser devidamente planejado.
Para a defesa desse planeta, Chairon e Gadriel se unem a Titus e partem para a missão. Gadriel era o antigo líder do esquadrão, o que acaba gerando um certo atrito inicial entre os personagens, parte pelo fato de que subitamente Gadriel perdeu o seu posto de liderança, mas também pela desconfiança nas intenções do novo comandante, já que parte dos arquivos de Titus durante seu tempo na Deathwatch foram apagados.
Boa parte da história de Space Marine 2 é contada durante o gameplay, já que apesar de termos uma cutscene ao início e ao final de cada missão, boa parte dos diálogos acontecem entre uma horda e outra. A forma com que os personagens se dirigem uns aos outros, os gritos de guerra e os rápidos diálogos com outros esquadrões de campo deixam o jogador totalmente imerso nesse universo fantástico, onde sua única função e prazer se torna trazer a morte a todos os inimigos do Imperador.
Apesar do foco inicial nos Tyranids, uma segunda facção é introduzida durante a campanha, colocando os Ultramarines em uma guerra de duas frentes, elevando os riscos e tornando os campos de batalha ainda mais sangrentos. Boa parte dos momentos de drama e da evolução dos personagens da trama ocorrem após a introdução dessa nova facção, se tornando o ponto alto do jogo em inúmeros aspectos.
Porém, como nem tudo são flores, Warhammer 40,000 faz um péssimo trabalho quando o assunto é inserir um ”Marine de primeira viagem” ao universo de Warhammer, já que termos, nomes de personagens, facções e eventos anteriores são jogados ao vento, esperando que o jogador já tenha conhecimento prévio sobre aquele universo. Não me entendam mal, eu não estou pedindo dezenas de cenas de flashback e diálogos extremamente expositivos, mas um glossário ou até mesmo ficha técnicas resumindo a lore de alguns personagens e facções importantes já ajudariam nesse aspecto.
Caso essa seja sua primeira experiência com Warhammer, assim como a minha, ter um celular ao lado com a Wiki de Warhammer aberta será o seu melhor amigo, e evitará muitos momentos de ”tá, mas eu era suposto a saber quem é essa pessoa?”. Eu entendo que o título carrega um 2 em algarismo romano enorme em seu título, mas levando em conta que o primeiro jogo da franquia foi lançado a mais de 10 anos, a Saber poderia ter se empenhado um pouco em recapitular eventos passados.
Apesar disso, apesar de curta (cerca de 8 horas), a campanha de Space Marine 2 mantém um ritmo muito bom, repleta de momentos épicos que vão te deixar de boca aberta e pedindo mais, principalmente no que diz respeito as sessões de hordas de inimigos que parecem não acabar mais.
50 deles para cada um de nós…
O gameplay é onde Warhammer 40,000: Space Marine 2 brilha, e brilha MUITO! O jogador tem a disposição um arsenal de armas de fogo e armas corpo-a-corpo, que vão desde rifles automáticos, snipers e armas a laser até serras, espadas e martelos enormes que emitem ondas de choque ao atingir um inimigo.
A existência de armas corpo-a-corpo trás a existência de uma mecânica que algumas amam, e outros odeiam com todas as forças: parrys. Seguindo o padrão de boa parte dos jogos que utilizam a mecânica, Space Marine 2 joga no seguro e utiliza o já famoso sistema de cores para que o jogador identifique quando um movimento inimigo pode ou não sofrer um parry.
Dominar o parry se torna quase que uma obrigação caso o jogador esteja jogando nos níveis de dificuldade mais altos, como foi o meu caso, já que as batalhas contra chefes fazem muito uso da mecânica, sendo a principal forma de abrir a guarda inimiga.
Além das armas, o jogador tem a disposição algumas habilidades especiais, que tem seu uso bem ampliado para os modos multiplayer. Entre essas habilidades, estão buffs de dano e velocidade de movimento para seu esquadrão, uma mochila propulsora que permite que o jogador salte e caia no meio de uma horda inimiga com um ataque melee poderosíssimo, e muitos outros. Falaramos melhor sobre isso quando abordarmos os modos multiplayer.
Todo esse arsenal não é atoa, já que as hordas de inimigos são realmente HORDAS! Eu não estou falando de 5, nem de 10, nem de 20 inimigos na tela ao mesmo tempo, mas sim de hordas que podem facilmente chegar a casa dos 30 ou até mais Tyranids ao mesmo tempo, vindo de diversas direções. Tamanho é a quantidade de inimigos, que em certa ocasiões, é possível vê-los subindo um nos outros para chegarem até a sua posição, no maior estilo ”World War Z”.
O que realmente me impressionou no gameplay de Space Marine 2 não foi apenas a quantidade de inimigos na tela, mas o quão bom foi o trabalho de otimização da Saber. Apesar da ação desenfreada e da quantidade de inimigos absurda ao mesmo tempo na tela, ao menos no PS5, são raros os momentos no qual a taxa de frame rate sofre alguma queda brusca, se mantendo a 60 quadros pela maior parte do tempo, inclusive em sessões de gameplay cooperativas, o que aumenta o tamanho do feito alcançado pelo estúdio.
Ironicamente, as quedas de frame rate são mais perceptíveis em algumas cutscenes, que em teoria deveriam ser mais estáveis do que as sessões com hordas frenéticas. Não que essas quedas atrapalhem o gameplay, de forma alguma, mas é importante informar a existência desses pequenos problemas, que honestamente são mínimos.
Multiplayer cooperativo e PvP
Além da campanha principal, que pode ser jogada por completo em cooperativo, Space Marine 2 nos apresenta outros dois modos de jogo focados na experiência multiplayer. Para o modo multiplayer, o jogador tem acesso a diferentes classes, que determinam quais armas o jogador poderá levar para o campo de batalha, além de sua habilidade especial.
O sistema de progressão do multiplayer de Space Marine 2 é individual para cada uma das classes, dando para cada uma delas uma arvore única de melhoria de vantagens, melhorias e cosméticos para suas armas, além de várias peças de armadura que podem ser desbloqueadas durante o jogo. Quase tudo é puramente cosmético, tornando as partidas justas não importando o seu nível.
A progressão é compartilhada entre os modos cooperativos e multiplayer competitivo, agradando os jogadores de ambos os modos. A decisão ao meu ver foi extremamente acertada, já que Space Marine 2 acaba se tornando uma ótima opção para ambos os públicos.
Para os amantes de jogos cooperativos, Space Marine 2 nos apresenta o modo Operações, que consiste em missões que se passam durante os acontecimento da campanha principal. É indicado que o jogador termine a campanha principal antes de se aventurar por essas missões, já que todas elas possuem spoilers pesados dos acontecimentos da jornada de Titus.
As missões cooperativas mantém o mesmo nível de violência e quantidade de inimigos na tela do modo campanha, sendo essencialmente uma extensão do que vimos durante a história principal. Boa parte da história é contada por aqui, possuindo arquivos de áudio para serem encontrados espalhados pelos mapas, além de dezenas de diálogos que nos dão detalhes do que exatamente estava acontecendo durante a campanha.
Já para os jogadores mais competitivos, o modo Guerra Eterna traz a experiência multiplayer tradicional para Space Marine 2, no formato de partidas 6v6. Nele temos o tradicional team deathmatch (Aniquilação), domination (Tomada de Território) e o famoso rei do pedaço (Captura e Controle). A minha única ressalva quanto ao multiplayer, é que alguns mapas são grandes demais para a quantidade de jogadores por partida, fazendo com que, muitas vezes, passamos a maior parte do tempo procurando outros jogadores pelo mapa do que essencialmente batalhando contra eles.
É importante destacar que tanto o modo cooperativo quanto os modos multiplayer PvP possuem crossplay, possibilitando que jogadores de diferente plataformas joguem juntos e guerreiem pelos campos de batalha dos modos PvP. Outro ponto importante de destaque é que, Space Marine 2 possui servidores dedicados no Brasil, tornando uma experiência muito mais suave para nós brasileiros, graças a baixa latência.
Uma batalha gloriosa!
Apesar da campanha poder ser considerada curta por algumas pessoas, a ação desenfreada, mecânicas de gameplay extremamente responsivas, um combate fluido e o gore que pode causar inveja em muitas outras franquias por aí, somados a um cooperativo robusto e um multiplayer PvP divertido, Warhammer 40,000: Space Marine 2 é, na minha opinião, um dos melhores jogos de 2024, e um dos melhores jogos de ação dos últimos anos.
Não me surpreenderia em nada ver Space Marine 2 arrancando indicações para jogo do ano em várias premiações, além de com certeza levar como melhor jogo de ação na maioria delas. Space Marine 2 é o jogo perfeito para quem nunca teve contato com a franquia Warhammer antes, trazendo esse universo riquíssimo para uma nova leva de jogadores.
As únicas pessoas que talvez não gostem tanto assim do título, são aquelas que não são tão chegadas em jogos com violência extrema, já que como dito anteriormente, o gore e o banho de sangue é a principal vitrine para atrair os jogadores para o título, mas ainda assim, a boa história que é contada em Space Marine 2 talvez os convença a ficar.
Essa review de Warhammer 40,000: Space Marine 2 foi escrita através de uma cópia de review gentilmente cedida pela Focus Entertainment para PS5.