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Crítica | Homem-Aranha no Aranhaverso

O Homem-Aranha é um dos personagens mais famosos da Marvel, criado pelos falecidos e respeitáveis Steve Dikto e Stan Lee. O aracnídeo já se apresentou em filmaços nas telonas, diversos quadrinhos e teve variadas versões. O jovem Peter Parker, mordido por uma aranha radioativa, teve sua história contada de inúmeras maneiras, interpretado por diversos atores e dublado várias vezes. O aranha nunca teve descanso, mas quase sempre agradou seu público assíduo. Desde 1967, sempre ganhou coleções e mais coleções de HQs. No cinema, suas versões sempre contaram a mesma história, mas com leves diferenciais na adaptação. No entanto, dessa vez a Marvel e a Sony resolveram apostar alto em uma das produções mais gananciosas e cativantes da história do herói nos quadrinhos: Homem-Aranha no Aranhaverso.

Inserir um novo personagem em uma mídia já graduada na mesma história há anos é difícil e ganancioso, mas a Marvel não poupou esforços. Com o sucesso de Vingadores, o público foi relembrado de que os heróis podem sangrar e morrer, incluindo nossos protagonistas favoritos. Com as ferramentas em mãos, o estúdio garantiu de maneira sagaz que esse não é “só mais um filme do Homem-Aranha“.

No Aranhaverso caiu nas mãos habilidosas dos produtores Phil Lord e Chris Miller, experientes com animação. Nas cadeiras da direção Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman trouxeram confiança numa história que tinha tudo para se complicar e perder a motivação no desenrolar: histórias e mundos diferentes com diversos personagens que são o mesmo herói. Não foi pouco para Phil como roteirista, mas o suficiente para trazer dos quadrinhos o mesmo brilhantismo às telas do cinema.

A criatividade do roteiro traz uma conexão com o novo protagonista, Miles Morales. Pouco importa se ele já é conhecido ou não. Miles é novo em uma escola para mentes brilhantes e, assim como ele, nos sentimos deslocados daquele lugar. Nosso protagonista expressa a realidade de um garoto que está em um lugar almejado por vários, mas prefere a simplicidade e o conforto de outro, no qual viveu por boa parte da sua vida, ao contrário do que seu próprio pai quer.

A história se passa em Nova Iorque, Peter Parker é o Homem-Aranha há anos e Miles é só um garoto brilhante e ingênuo que quer uma vida comum fazendo o que gosta. Contudo, as coisas mudam repentinamente quando o garoto é picado por uma aranha radioativa e presencia o assassinato do seu ídolo pelo Rei do Crime, autor de um plano mirabolante do qual o jovem Morales agora sabe. Com isso, a trama traz a receita de bolo para aumentar ainda mais a relação com o personagem: descobrir seus poderes.

A narrativa é ágil, divertida e de fácil entendimento, apesar da complexidade do universo. O roteiro envolve diversas piadas, algumas trazem informações chave para o entendimento até mesmo de pessoas desatenciosas. Tudo casa perfeitamente com a dinâmica da animação e edição: cortes rápidos, mudanças de ponto de vista, caracterização com balões de quadrinhos e muito mais. A linguagem prende a atenção de todos que estão assistindo, independente da idade. Em momentos, o próprio personagem narra sua história que é ilustrada visualmente, em outros, raciocina “tão alto” que seus pensamentos viram balões.

O novo estilo de animação é inovadoramente incrível, prazeroso  aos olhos e muito criativo. Com um toque 3D, meio 2D, tudo é envolvido com efeitos clássicos de uma grande dose futurista. As cores são estonteantes e muito bem aproveitadas, sem saturar a visão dos espectadores. Engenhosamente, a criação também muda de acordo com o personagem: Peni Parker, por exemplo, tem características anime, com uma pitada sci-fi; Peter Porker, o famoso Porco-Aranha, lembra bastante os Looney Tunes; Aranha-Noir, puxa de volta o charme das HQs dos anos 30, em preto e branco e bem rabiscado.

As batalhas são intrigantes e trazem uma leve vontade de gritar com o personagem e torcer por ele, em conjunto com os efeitos sonoros e as músicas — por sua vez, excelentemente selecionadas. Cada personagem é bem trabalhado e envolvido na animação. Mesmo sendo de outro universo, a mistura de cores, traços e edição fazem com que cada um deles, sem exceção, pertençam ali.

Homem-Aranha no Aranhaverso amadurece com a Marvel, inovando com a apresentação de histórias e universos e tratam heróis com generosidade, respeitando suas origens. O roteiro é dotado de humor e grandes referências, infelizmente não trazendo muito sobre os personagens, mas apresentando todos da melhor forma possível. É divertido, engraçado e envolvente. Assim, prova-se que para ser novo não precisa mudar tudo, mas encarar rotas inexploradas firmemente, apresentando um roteiro sólido e bem estruturadas.

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